Onde esta a tarifa balcão?

Editoria: Vininha F. Carvalho 01/06/2004

Na gaveta, para não ser utilizada como a maioria dos itens que lá estão! Talvez até na famosa gaveta do tempo, que é aquela que nós colocamos tudo aquilo que não vamos utilizar ou que não podemos resolver, porque cabe ao tempo faze-lo.

Sempre houve o famoso desconto. Quando, ao longo da história hoteleira, passávamos por crises, o desconto era a bala na agulha para equilibrar a oferta entre iguais e desiguais. Era comum hospedarmos e ficarem felizes com 20% ou 30% de desconto, 50% de desconto era prêmio de colega para colega, quem recebia empunhava a orgulhosa bandeira de amigo do peito com muito prestígio junto a um determinado hotel.

Era tão difícil o desconto de 50% que o mercado, entre colegas, conforme a mportância e o interesse, começou a estabelecer parâmetros de 20% no máximo 30% de desconto. Se não se sabia quem era, só 10%.

Bons tempos onde o hoteleiro tinha controle da situação, diária média sequer era preocupação. Importante era estufar o peito e decretar: minha diária é x dólares.

O tempo foi passando, foram chegando novas operadoras e administradoras de hotéis, precedidas por um enxame de flats que sempre funcionaram como Hotel.

Este fenômeno previsível, mas não previsto, levou o mercado a nominar os famosos descontos como tarifas corporativas. Iniciaram com uma tarifa média que representava 20% de desconto que foi se estendendo de acordo com a cara do cliente. A época já convivíamos com as “tarifas de operadoras”, as especiais de Cias Aéreas e tantas outras. Interessante constatar que em todas etapas as tarifas sempre partiam da famosa tarifa balcão de cima para baixo.

O tempo não nos permitiu mudar o status da tarifa balcão e aos poucos fomos os distanciando destas. Com o fenômeno de novos flats travestidos de hotéis, resultado de investimentos individuais da classe média e empresarial brasileira,passamos a conviver com uma tarifa nominada de “tarifa determinada” que é pura e simplesmente aquela que é desejada pelo cliente.

Hoje é comum receber uma carta circular de multinacional pedindo preços e determinando: o máximo que queremos pagar é x real. E isto só tem ocorrido porque esquecemos de abrir a gaveta do tempo para de lá tirar a tarifa balcão e faze-la caminhar pelos ávidos

olhares de nossos colegas que ficaram adormecidos no tempo, tal a força do etapa levado da concorrência entre aspas internacional.

A impressão que passamos à sociedade é a de que o hoteleiro não faz contas ou tem outros negócios, pois para alguém que puxa do lápis com um bloco quadriculado de papel e aplica os “noves fora” jamais conseguira zerar as contas.

Quem pagar “full taxes” de todos os impostos no dia e hora, definitivamente não conseguirá a rentabilidade do seu patrimônio.

Para tirar da gaveta do tempo é preciso estabelecer um elo de união, aquele que ó existe nas catástrofes e na dor do bolso. É necessário coragem individual para estabelecer a coletiva. Como cidadãos, recebemos todo dia, comunicados de aumento de tarifas de água, luz, escola dos filhos e do celular que usamos.

Como hoteleiros, os comunicados além de serem rigorosamente iguais se agravam pelo fato de que somos uma espécie de fiéis depositários de centenas de milhares de funcionários. É, portanto chegada a hora de tentarmos nos aproximar das nossas famosas tarifas balcão, tirando-as definitivamente da gaveta.

Fonte: Eraldo Alves Cruz-Vice-presidente da ABIH Nacional

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