Invasão de bichos silvestres cresce nas cidades e preocupa biólogos

Editoria: Vininha F. Carvalho 14/04/2015

Uma família formada por 11 marrecos (9 deles eram filhotes) foi flagrada no início deste ano passeando por movimentadas avenidas de Cuiabá, no Mato Grosso.

Na cidade de São Paulo, já há muitos anos, quem passa pelas Marginais Pinheiros e Tietê também já se acostumou a ver várias capivaras à margem dos dois rios que levam o mesmo nome das duas vias. São dois exemplos de espécies animais vivendo completamente fora do ambiente natural. Infelizmente, casos como esses estão se tornado cada vez mais comum nas grandes metrópoles do país.

“A principal causa da invasão de bichos silvestres em centros urbanos é a diminuição das florestas naturais. Em busca de alimentos, muitos acabam indo para além de seu habitat natural, chegam às áreas urbanas e acabam se perdendo, sem conseguir voltar. Outro problema frequente são as queimadas, que acabam afugentando muitos bichos das matas.

Por instinto de sobrevivência, fogem para onde podem”, diz Luiz Eloy Pereira, presidente do CRBio-01 – Conselho Regional de Biologia de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Mas há diversos casos também de intervenção direta do homem para essa invasão, como explica o biólogo. “Muitos bichos são tirados do seu habitat natural de maneira totalmente irresponsável. Seja para criação doméstica ou até mesmo para fins comerciais.

No entanto, dependendo da espécie, não é raro perder seu controle de reprodução e, consequentemente, de ocupação. Depois de um tempo, muitos acabam sendo despejados em lugares completamente inadequados para sua segurança e sobrevivência”, afirma o presidente do CRBio-01.

Aliás, a presença desses bichos nos centros urbanos acaba gerando também medo entre a população local. Mas o biólogo explica que boa parte deles não oferece risco.

“O bicho normalmente ataca o homem quando se sente ameaçado por ele. Para evitar, recomenda-se evitar o contato, manter uma certa distância”, instrui Pereira.

O biólogo sugere que, ao perceber a presença de um animal silvestre, se acione o corpo de bombeiros da cidade para fazer o resgate. “Assim, garante tanto a integridade do bicho quanto à das pessoas”, completa.

Sobre possível transmissão de doenças, o presidente do CRBio-01 conta que também não é comum. “O bicho raramente é o transmissor. Porém, ele pode abrigar alguns parasitas e estes é que podem transmitir alguma doença”, conclui.

Em São Paulo, a Secretaria Municipal do Verde e de Meio Ambiente tem uma divisão para atender exclusivamente às diversas espécies de animais silvestres que vivem na cidade.

Muitos dos animais encaminhados a essa divisão precisam de atendimento veterinário por terem sido vítimas de acidentes como atropelamento, choques elétricos, corte por linha de pipa, entre outros. Macacos, gambás, garças, corujas, lagartos e serpentes estão entre as espécies mais comuns.

Fonte: Marco Polo