Memórias da velha guarda de Paraty são tema de exposição

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/12/2014

Habituados a dar a palavra a visitantes de todas as partes do Brasil e do mundo, os paratienses são os narradores em primeira pessoa de uma história ainda desconhecida por muitos, mas que será reconstituída durante três meses, no Centro Histórico de Parati.

Concebida a partir da memória oral de paratienses da velha guarda, selecionados em pesquisa de campo junto à comunidade, a exposição audiovisual Histórias e Ofícios do Território, primeira ação pública do Museu do Território de Parati, pretende rememorar a vida na cidade antes dos anos 1970, quando foi inaugurada a rodovia Rio-Santos (BR-101). Com ela, veio o progresso, mas também começou a acabar um modo de vida.

Histórias e Ofícios do Território é parte do processo de implementação do Museu do Território de Parati, com patrocínio do BNDES, uma iniciativa da Casa Azul, que realiza a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Jornada de debates:

Uma pequena jornada de debates, de 4 a 6 de dezembro, abrirá a mostra, que permanecerá em cartaz até 8 de março de 2015, espalhada por dois espaços expositivos e por 15 pontos do Centro Histórico.

Na jornada, o tema principal são os ofícios tradicionais de Parati. Cada mesa de debate reunirá um convidado de fora e um local, especializados, cada um à sua maneira, na mesma área.

Professores de artes plásticas, biologia marinha, patrimônio histórico, antropologia e sociologia da alimentação vão conversar informalmente com seus correspondentes locais sobre pintura, o mar, os peixes, a cidade, as comidas, as festas.

Exposição

Na exposição, a história oral dos paratienses é o principal conteúdo. Após a seleção, por indicação da comunidade, dos representantes da geração mais antiga, depositária das lembranças mais profundas da cidade, estabeleceu-se um foco: os ofícios tradicionais, em vias de desaparecimento ou de sofrer transformação radical, como a arte de construir canoas, o comércio de secos e molhados, a pesca, a comida, a arte popular, o ensino nas escolas do passado.

Trechos desses depoimentos foram transcritos em 15 placas comemorativas espalhadas pela cidade e em dois espaços expositivos: o Espaço Experimental de Cultura – Cinema da Praça e a Casa da Cultura de Paraty (sala Samuel Costa). Na Casa da Cultura ainda será realizada uma oficina sobre memória e fotografia, com o fotógrafo Walter Craveiro.

Placas comemorativas:

A tradicional linguagem da sinalização de monumentos históricos é subvertida para dar relevo a testemunhos de pessoas comuns, gravados em 15 placas comemorativas.

As placas serão fixadas em muros erguidos durante o processo de tombamento da cidade, concluído em 1974, para fechar lotes vagos.

Oficina de fotografia e memória:

A Sala Samuel Costa, na Casa da Cultura de Paraty, abriga a oficina pedagógica Redescobrindo Paraty: fotografia, história e memória. Ministrada pelo fotógrafo Walter Craveiro, a oficina busca construir um mapa afetivo de Parati por meio do resgate da memória de seus participantes.

Tendo como público alvo moradores de Parati, com mais de 17 anos, ou menores de 17, desde que cursando o ensino médio, a oficina será realizada em dois momentos: entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2014 (módulo 1) e 27 e 28 de fevereiro de 2015 (módulo 2).

Informações:

Espaço Experimental de Cultura Cinema da Praça: depoimentos em vídeo de antigos moradores paratienses e painéis expositivos (de 4 de dezembro de 2014 a 8 de março de 2015)

Pela cidade: placas comemorativas com testemunhos de moradores

Casa da Cultura de Paraty

Sala Samuel Costa: oficina Redescobrindo Paraty: fotografia, história e memória com Walter Craveiro (de 3 a 5 de dezembro de 2014 e de 27 a 28 de fevereiro de 2015) e exposição (de 4 de dezembro a 1 de março de 2015)

Auditório: jornada de debates (de 4 a 6 de dezembro de 2014)

Fonte: Bruno Palma