Projeto Arara Azul estima nascimento de 50 filhotes até o fim do ano

Editoria: Vininha F. Carvalho 02/12/2014

Com aproximadamente um mês para o fim de 2014, o Projeto Arara Azul já contabiliza resultados positivos na reprodução da espécie considerada um dos ícones da fauna brasileira.

De 455 ninhos cadastrados no Pantanal sul-mato-grossense, o número saltou para 599.

Nos últimos quatro meses - de agosto a novembro - foram contabilizados 55 ovos de araras-azuis em 94 ninhos monitorados.

Desses, 30 já eclodiram e estão no estágio de filhotes. Entre eles está a pequena arara-azul do ninho apadrinhado pela Anhanguera-Uniderp.

De acordo com a coordenadora do curso de Ciências Biológicas e Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade de Mato Grosso do Sul, Luciana Paes de Andrade, a instituição reforçou mais uma vez a parceria de 20 anos com o Instituto Arara Azul dando suporte às pesquisas que combateram o risco de extinção,evidente na década de 1980.

“Além dos trabalhos no Projeto realizados desde 1994, a universidade adotou um ninho há alguns meses e já foram realizados cinco monitoramentos. Recentemente, recebemos a notícia do nascimento de uma arara-azul e estamos comemoramos os resultados positivos na preservação da espécie", revela.

Geralmente o período reprodutivo da Arara Azul acontece entre julho e janeiro, mas este ano deve se estender até fevereiro ou março de 2015 por conta de um atraso de seis semanas -reflexo das condições climáticas no Pantanal.

A bióloga responsável pelo Instituto Arara Azul,professora e pesquisadora da Anhanguera-Uniderp, Neiva Guedes, explica que“existe a perspectiva de observarmos posturas até o mês de dezembro. Só após esse período poderemos avaliar os resultados em relação aos anos anteriores, mas estamos bastante confiantes e animados. Esperamos o nascimento de mais 20 indivíduos até o fim deste ano”.

Atualmente, o Projeto Arara Azul acompanha cerca de três mil aves, que vivem em 599 ninhos cadastrados por 57 fazendas, situadas nas regiões de Miranda, Aquidauana e Bonito, no Mato Grosso do Sul, e nos arredores de Barão de Melgaço, no Mato Grosso.

Boa parte dos ninhos está localizada em regiões de difícil acesso, por isso o instituto conta com a ajuda da Fundação Toyota do Brasil, que cedeu picapes Hilux para que as equipes de biólogos transportem suprimentos e equipamentos necessários à realização dos trabalhos de campo.

Já são 25 anos de trabalho em estudos de biologia básica, reprodução, comportamento, habitat, manejo e educação ambiental para a conservação da espécie, que no fim da década de 1980 somava apenas 1.500 indivíduos no Pantanal.

Com o Projeto colocado em prática a realidade é outra. Acredita-se que exista mais de cinco mil indivíduos no Pantanal, na área que abrange os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, além da Bolívia.

E, para se manter ativo, o Projeto Arara Azul ainda conta com o patrocínio e apoio da Universidade Anhanguera-Uniderp, Fundação Toyota do Brasil, Toyota, Refúgio Ecológico Caiman, Bradesco Capitalização, entre outros.

Adote um Ninho:

No dia 19 de novembro, o Instituto Arara Azul - situado em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul - iniciou uma nova fase com o lançamento da Campanha "Adote um Ninho", ação que tem o objetivo de fortalecer o projeto em prol da preservação da espécie por meio das pesquisas e do monitoramento de ninhos naturais e artificiais.

O apadrinhamento também proporciona o apoio à manutenção da biodiversidade do Pantanal: tanto as araras-azuis como várias outras espécies que ocupam as mesmas cavidades. A iniciativa comemora 25 anos e, desde 1994, conta com o apoio da Universidade Anhanguera-Uniderp.

A primeira edição do “Adote Um Ninho” funcionou como projeto piloto e, com grande sucesso, reunindo padrinhos famosos como Ziraldo, Carlos Saldanha, Luan Santana, Gabriel Sater, Michel Teló, Chitãozinho e Xororó e vários empresários.

“Estou bastante satisfeita e feliz por ver o quanto as pessoas se importam com nosso trabalho. O reconhecimento pela credibilidade ao projeto dá uma sensação de dever cumprido.

Já colhemos muitos resultados positivos, mas ainda há muito a ser feito e, para isso, precisamos do engajamento da sociedade”, destaca Neiva Guedes, bióloga, coordenadora do Projeto Arara Azul e professora doutora do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera-Uniderp.

Para adotar um ninho, o interessado deve ler o regulamento, preencher a ficha de inscrição e assinar o contrato de doação, bem como o termo de compromisso e responsabilidade.

O padrinho, ou madrinha, também passará por um Curso de Preparação para Adoção onde aprenderá sobre o monitoramento dos ninhos e como serão enviadas as informações, além de explicar a importância deste trabalho e qual a diferença entre ninhos naturais e artificiais.

O padrinho também poderá batizar o filhote com um nome. A ave será acompanhada até o momento de seu vôo e receberá uma anilha com numeração exclusiva e um microchip. Todas as informações serão encaminhadas ao adotante, em seu relatório final,junto com um Certificado de Adoção.

Curiosidades da arara-azul:

- As araras pertencem à mesma família dos papagaios, periquitos e maracanãs, chamados Psitacídeos;

- A arara-azul é uma ave monogâmica, ou seja, formam um par/casal constante até a morte de um dos indivíduos;

- A espécie não tem dimorfismo sexual externo. Ou seja, só é possível diferir o gênero a partir da análise de uma amostra de sangue ou laparoscopia;

- No Pantanal, as araras-azuis alimentam-se da castanha de duas palmeiras, o Acuri e a Bocaiúva;

- 95% dos ninhos da espécie são encontrados em uma única espécie arbórea, o Manduvi;

- Após o nascimento, o filhote permanece sob os cuidados dos pais por mais de 100 dias até que ele esteja pronto para voar;

- A arara azul tem baixa taxa reprodutiva. A cada dois anos nasce um filhote;

- As principais ameaças da espécie na década de 1990: descaracterização do habitat, tráfico ilegal e caça para uso em artesanatos e adornos indígenas.

Fonte: Cidiana Pellegrin