Recuperação energética de resíduos é viável e traz benefícios ambientais de longo prazo

Editoria: Vininha F. Carvalho 26/09/2014

Um dos destaques do Congresso Mundial de Resíduos Sólidos ISWA 2014, realizado em São Paulo, foi a sessão especial sobre Energia do Lixo, da qual participaram especialistas de diversos países.

Entre eles é unânime a opinião de que as soluções para tratamento térmico dos resíduos são o melhor investimento no longo prazo, ou seja, de 10 a 50 anos, garantindo não só o retorno do capital, mas principalmente benefícios ambientais.

Segundo Ljupka Arsova, da GBB Consultants, os Estados Unidos, onde 54% dos resíduos ainda seguem para aterros sanitários, contam atualmente com 80 plantas de waste-to-energy (WTE) em operação, que juntas produzem 2.554 MW de energia.

“Por meio das várias tecnologias de recuperação energética dos resíduos, como a gaseificação, a pirólise e a digestão anaeróbica, é possível não só gerar eletricidade, mas também obter químicos e biocombustíveis a partir dos resíduos”, acrescentou a consultora.

Efstratios Kalogirou, do Global WTERT Council, afirmou que, com as tecnologias disponíveis hoje, é possível recuperar, em cada tonelada de resíduo, cerca de 0,5 MWh de energia – o suficiente para abastecer 500 casas -, bem como reduzir em 0,5 a 1 tonelada a emissão de carbono na atmosfera.

“Apesar do custo de operação de uma planta de WTE ser o dobro do custo de um aterro, os benefícios ambientais de longo prazo mais do que justificam o investimento”, enfatizou o especialista.

Atualmente, os países desenvolvidos usam as tecnologias de WTE como a principal solução para tratamento dos resíduos pós-reciclagem mecânica.

“Diferentemente do que se pensa, são justamente os países com maiores índices de reciclagem que apresentam os maiores índices de recuperação energética dos resíduos”, destacou Christopher Cord Homme, da CNIM, ao explicar que cerca de 40% dos resíduos separados no processo de coleta seletiva são efetivamente recicláveis.

“O restante é rejeito, para o qual a solução é a recuperação energética”. O especialista defende a construção de plantas mistas, que contemplem reciclagem mecânica, tratamento térmico e compostagem.

Principal evento técnico em âmbito global para discutir práticas, tendências, soluções e desafios do setor de gestão de resíduos sólidos, o Congresso ISWA 2014 reuniu cerca de 1.000 participantes de 68 países.

Organizado pela ISWA International Solid Waste Association, em parceria com a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, esta é a primeira vez em que o evento foi promovido no Brasil.

Além das sessões técnicas, que abrangem cerca de 200 apresentações, o evento propiciou aos participantes a chance de visitar algumas das principais plantas de gestão de resíduos do País, como a recém-inaugurada Central de Separação Automática de resíduos da cidade de São Paulo, unidades de tratamento de resíduos perigosos e um dos maiores aterros sanitários do mundo.

Como parte da programação do Congresso ISWA 2014, aconteceu o Fórum Global da IPLA - Programa das Nações Unidas para Gestão de Resíduos junto a Autoridades Locais, encontro realizado pela UNCRD – Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional.

Lançada em 2009, a IPLA tem como missão promover o aperfeiçoamento da gestão de resíduos junto aos municípios.

O Fórum Global aconteceu como uma Sessão Especial do Congresso ISWA 2014 com o objetivo de discutir os temas mais atuais e promissores para o estabelecimento de uma gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos nas cidades.


- Sobre a ABRELPE:

Criada em 1976, a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empresas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Sua atuação está pautada dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável e seu objetivo principal é promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de resíduos sólidos no Brasil.

Comprometida para o equacionamento das demandas decorrentes da gestão de resíduos, a ABRELPE desenvolve parcerias com poder público, iniciativa privada e instituições acadêmicas e, por meio de campanhas, eventos e premiações, busca conscientizar a sociedade para a correta gestão dos resíduos.

No contexto internacional, a ABRELPE é a representante no Brasil da ISWA - International Solid Waste Association e sede da Secretaria Regional para a América do Sul da IPLA (Parceria Internacional para desenvolvimento dos serviços de gestão de resíduos junto a autoridades locais), um programa reconhecido e mantido pela ONU através da UNCRD - Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional.





Fonte: Daniela Ceneviva