Já passou da hora de adquirirmos consciência coletiva

Editoria: Vininha F. Carvalho 01/09/2014

Diariamente, somos bombardeados por informações acerca do nível dos reservatórios que nos abastecem de água, nosso recurso mineral mais precioso.

No primeiro semestre de 2014, o Sistema Cantareira, responsável por metade do abastecimento da Região Metropolitana, bateu recordes negativos dia após dia.

Até o volume morto (ou reserva técnica) foi utilizado pela primeira vez na história. Trata-se de um reservatório de 400 milhões de metros cúbicos de água, situado abaixo das comportas das represas que abrangem o Sistema Cantareira.

Tal medida se fez necessária, mas ainda assim, a solução paliativa aumentou o nível do mesmo a apenas 18%, o que seria suficiente apenas até novembro, de acordo com a Agência Nacional de Águas. Atualmente, o nível não passa de 13%, de acordo com o portal da Sabesp.

O cenário descrito se dá, acima de tudo, pela falta de chuva. Pode-se discutir a ausência de planos preventivos e emergenciais por conta do poder executivo, mas o que não se discute é que estamos vivendo um terrível período de seca.

O mês de janeiro teve a pior média de chuva em 84 anos: apenas 87,8 milímetros, sendo que a média histórica do período é de 260 milímetros. Isso significa que, de uma vez por todas, precisamos adquirir consciência coletiva. Chega de pensar apenas no momento. É necessário visualizar o futuro. Como será o planeta que deixaremos para nossos filhos e netos?

A sociedade brasileira precisa se adaptar. Na Califórnia, os habitantes se orgulham de andar de carro sujo. Enquanto isso, os brasileiros gastam litros de água semanalmente para deixar seus veículos brilhando, quando poderiam utilizar um simples aspirador de pó no interior dos mesmos.

Para tentar educar a população, o Governo determinou que a partir do mês de maio os consumidores que ultrapassarem a média do consumo apurado nos últimos meses deverão pagar uma multa equivalente a 30%.

Entretanto, a medida não é eficaz em todos os casos. Alguns condomínios, principalmente os antigos, têm conta de água compartilhada.

Ou seja, os moradores recebem uma fatura que engloba todos os apartamentos, assim como as áreas comuns. Isso faz com que algumas pessoas não se esforcem pela economia, já que acabará pagando a mesma conta que o vizinho que gasta de maneira abundante.

É como o sujeito que vai a uma confraternização com os colegas de trabalho e pede prato e bebida mais caros, sabendo que a conta será dividida com todos da mesa.

No caso dos novos empreendimentos, as construtoras já são obrigadas a entregá-los com individualização de hidrômetros, o que deixa cada um responsável por seus gastos.

Podemos tomar uma série de providências em nossas casas, que contribuem com a coletividade. Em fevereiro deste ano, a Habitacional, administradora imobiliária da qual sou presidente, iniciou uma grande campanha de conscientização. Desde então, houve uma economia média de 12,32% no consumo de água.

Essa redução ocorreu em todas as regiões de São Paulo, não apenas naquelas que são abastecidas pelo Sistema Cantareira. Isso prova que pequenas atitudes como as listadas abaixo, podem ser cruciais para alcançarmos grandes resultados coletivos:


- No banheiro:


· Manter a torneira fechada enquanto se escova os dentes gera economia de até 11,5 litros de água;

· O mesmo procedimento ao fazer a barba, pode poupar até 9 litros;

· Não utilizar o vaso sanitário como lixeira. A cada acionamento de 6 segundos, gasta-se de 10 a 14 litros de água.

· Tomar banhos mais curtos, mantendo o registro desligado para ensaboar-se. A economia varia de 90 a 162 litros;


- Na Lavanderia:

· Manter o registro fechado ao ensaboar e esfregar as roupas. A cada 15 minutos de água averta, 270 litros de água são liberados (o dobro de um ciclo completo de lavagem em uma máquina de 5 kg).

· Acumular roupas e lavá-las de uma vez quando utilizar a máquina;


- No quintal ou no jardim:

· Lavar o carro com balde, ao invés de mangueira, gera economia de até 176 litros;

· Regar plantas com regador ou mangueiras com ‘esguicho revólver’ pela manhã ou pela noite (para evitar evaporação), gera economia de até 96 litros;

· Substituir a mangueira pela vassoura na hora de limpar a calçada evita desperdício de 279 litros a cada 15 minutos;


- Na cozinha:

· Fechar bem a torneira, pois 40 litros de água por dia estarão sendo desperdiçados com um simples gotejamento;

· Limpar bem os restos de comida de pratos e panelas antes de lavá-los, para que a sujeira não venha a entupir os ralos;

· Manter a torneira fechada ao ensaboar a louça economiza de 97 a 223 litros.

· Utilizar a máquina "lava-louças" apenas com capacidade total;

A criatividade é sempre bem vinda nesse caso. Conheço pessoas que deixam um balde embaixo do chuveiro e reaproveitam aquela água fria que seria desperdiçada para lavar roupas. O bom senso no consumo da água beneficia a todos, sem exceção.




















Fonte: Fernando Fornícola é presidente da Habitacional e diretor de Marketing da Associação de Adm. de Bens, Imóveis e Condomínios de São Paulo