MG e Unesco querem tornar Paraopeba referência mundial em uso da água

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/03/2014

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o governo de Minas Gerais querem tornar o rio Paraopeba referência mundial em gestão de recursos hídricos.

Após firmarem um acordo com a entidade internacional para diagnosticar a situação atual da bacia e construir soluções em revitalização e manuseio sustentável da água, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar) vão agora pleitear a inclusão do vale no programa Help – Hydrology for Environment, Life and Policy, da Unesco.

O pedido será protocolado no fim de abril em Montevidéu, no Uruguai, na sede regional do órgão da ONU.

O programa cria uma estrutura para que pesquisadores, gestores de recursos hídricos e sociedade trabalhem juntos para aprimorar estudos em hidrologia, utilizando a bacia como espaço territorial de análises e criando técnicas que permitam o desenvolvimento da região estudada.

“Com a chancela da Unesco, é muito mais fácil captar recursos internacionais e promover ações”, explica Marília Melo, diretora-geral do Igam. Atualmente, apenas duas bacias brasileiras, a do Pipiripau (DF) e a do São Francisco Verdadeiro (PR), integram o programa.

Os preparativos para o acesso ao Help começaram com a assinatura de um acordo para troca de tecnologia entre as partes, em 31 de janeiro, durante o 2º Fórum de Prefeitos da Bacia do Rio Paraopeba, realizado no Instituto Inhotim, em Brumadinho.

Segundo a consultora da Unesco, Adriana Balducci, o desafio é construir um modelo de coopera­ção e internacionalização da bacia do rio mineiro que possa se tornar referência para outros conti­nentes.

“Um bom modelo ba­seia-se, sobretudo, no respeito às experiências locais. O que iremos propor é, sim, uma nova experiên­cia em gestão, mas em sintonia com o que já existe. Vamos trazer o mundo para Paraopeba e levar o Paraopeba para o mundo”, declarou a signatária do acordo.

Outra ação do Cibapar para capacitar o rio para participar do programa Help foi o lançamento, em janeiro deste ano, de um amplo programa de monitoramento do Paraopeba por meio da instalação de 48 câmeras ao longo do curso d’água.

“Essas imagens em alta resolução permitem uma tomada de decisão rápida em relação à fiscalização de atividades irregulares”, explica o presidente do Cibapar, Breno Carone.

Um dos mais importantes afluentes do rio São Francisco, o Paraopeba abrange uma área de 13.640 km² e passa por 48 municípios mineiros, onde moram cerca de 2,5 milhões de pessoas.

A bacia é responsável pelo abastecimento de água a aproximadamente 53% da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A região abriga um dos mais importantes centros econômicos de Minas Gerais, localizado entre Contagem (indústria de transformação, especialmente, metalúrgica e química) e Betim, município onde está a fábrica da Fiat, uma refinaria da Petrobras e várias indústrias-satélites, formando o segundo pólo industrial automobilístico do país. Juntos, esses dois municípios detêm 12,5% do PIB do Estado.



Fonte: Diogo Franco / Lucas Francoio