A Mulher como empreendedora social

Editoria: Vininha F. Carvalho 06/03/2014

Não vou dizer que é fácil em tempos modernos ser uma empreendedora social. Também não vou dizer que é a coisa mais difícil do mundo. Claro que é preciso ter um dom, mas para mim, as mulheres nascem com ele.

Afinal são elas que precisam conciliar carreira, casa, filhos, família, amigos e sem espírito empreendedor isso não seria possível. São movimentos que por vezes passam despercebidos, mas trazem uma boa dose de ações, desafios, riscos, experimentações, liderança.

Primeiro é preciso começar com uma pergunta: o que eu faria se pudesse mudar o que mais me incomoda? Não precisa ir muito longe, pode ser em sua casa, em uma escola, em seu bairro, em sua comunidade, em sua cidade, em seu país.

Comigo não foi diferente, e o que me moveu a fundar uma organização social foi a vontade incrível de promover algo que mobilizasse atores sociais para reforçar o incentivo ao hábito de leitura.

Costumo dizer que o Brasil tem focos de miséria porque não lê. Outro impacto foi na humanização junto aos pacientes na área da saúde, e o que mais me incomoda até hoje: a valorização da sabedoria dos idosos.

Tive que buscar cursos na área, ler muito, inclusive livros de mulheres empreendedoras, como a Anita Roddick (Meu Jeito de Fazer Negócios), um dos que me mais me inspiraram, e, sobretudo, conciliar filhos e trabalho social, o que é árduo e mobiliza grande parte do nosso tempo.

Como Robert Mckee diz em seu livro Story, quando a vida de um personagem sai do lugar comum e promove tamanho desequilíbrio, é aí que acontece uma grande história.

Em cinema esses acontecimentos são chamados de incidentes incitantes, levam o personagem principal a uma série de reações e movimentos que o impulsionam a mudar.

Mas não foi de imediato que abri os olhos e resolvi mudar. Foi aos poucos. A vida que eu levava não cabia mais em minha nova vida. Eu queria fazer algo mais, sonhava em criar algo que mobilizasse centenas de pessoas. Terminei por mudar de cidade, fundar uma ONG que hoje atende cerca de 14 mil pessoas por ano, e sinceramente, estou bem mais feliz.

Não precisa ir muito longe para empreender. Acreditar em seus sonhos factíveis é fundamental. E o amor incondicional é uma das forças que mais contribui para manter o espírito empreendedor social vivo a cada novo dia apesar de todos os desafios.

Nesse dia internacional da Mulher, quero parabenizar a todas as mulheres que em seu dia a dia promovem grandes ou pequenas transformações.



Fonte: Roseli Bassi - fundadora do Instituto História Viva