Resolver a poluição dos rios depende do cuidado com a poluição difusa

Editoria: Vininha F. Carvalho 24/10/2013

Águas da chuva nos grandes centros urbanos também contribuem para a poluição das bacias hidrográficas que estão nas regiões metropolitanas do País.

Despoluição de rios urbanos, além de garantir a preservação de recursos hídricos, pode trazer qualidade de vida para a população

Quem não se emociona ao ver as imagens de São Paulo no início do século XX, época em que rios como o Pinheiros e Tietê eram limpos e serviam para o lazer da população?

Os tempos são outros e, hoje, dois dos principais rios da bacia hidrográfica da maior cidade do país são motivo de vergonha para sua população.

A despoluição dos rios das regiões metropolitanas poderia garantir melhor qualidade de vida para milhares de pessoas que vivem nas grandes cidades brasileiras.

O investimento feito em coleta e tratamento de esgotos é essencial para a recuperação, mas não é suficiente.

A pesquisadora Mônica Porto, da Universidade de São Paulo, tem avaliado a qualidade das águas na região da grande de São Paulo e verificou que não basta impedir que os esgotos deixem de ser despejados nos mananciais.

"A poluição gerada pela chuva e que escoa para o rio é um dos grandes agravantes da situação de nossos rios. É o que chamamos de poluição difusa", explica a professora que já foi presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos.

A poluição difusa deteriora a qualidade da água e pode prejudicar os mananciais próximos aos centros urbanos, dificultando o tratamento da água para o abastecimento das populações.

Entre as principais fontes da chamada poluição difusa estão asfalto, restos de cimento e areia, combustível, óleo lubrificante, tinta e ferrugem, além de lixo não coletado e aqueles que são atirados nas ruas da cidade. Esses resíduos chegam aos rios urbanos trazidos pela chuva. Com a proximidade do verão, época marcada pelas tempestades e chuvas, esse tipo de poluição aumenta.

Diversas medidas podem ser adotadas para minimizar o impacto desses poluentes e todas se relacionam com a gestão da bacia hidrográfica. Minimizar a área impermeável promovendo a infiltração no solo, é uma das medidas mais eficazes.

Além dela, é importante tratar a água proveniente das chamadas "primeiras chuvas", que corresponde à lavagem da cidade que ocorre no início da chuva. Reduzindo-se o volume escoado, reduz-se a carga poluidora.

Para Porto é responsabilidade do poder público criar políticas para o controle da poluição difusa e a população também pode contribuir muito com a manutenção dos lotes e a diminuição do lixo.


Assunto será discutido em Simpósio:


A poluição difusa é um dos assuntos mais pertinentes quando se fala em preservação dos recursos hídricos e será um dos temas mais debatidos durante o XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos que acontece de 17 a 22 de novembro, na cidade de Bento Gonçalves (RS).

O evento vai reunir os mais importantes pesquisadores e profissionais para discutir os desafios brasileiros em relação às águas. O evento inclui programação para a comunidade local.

O tema central do evento tem um forte apelo educativo: "Água - Desenvolvimento Econômico e Socioambiental", escolhido pela comissão organizadora por remeter ao complexo momento que atravessa a economia mundial e suas implicações na agenda de recursos hídricos, em particular no Brasil.

Com 35 anos de atuação, a ABRH congrega pessoas físicas e jurídicas em torno da gestão desses recursos. O SBRH é realizado a cada dois anos e é o principal fórum nacional de intercâmbio técnico-científico na área de recursos hídricos.


SERVIÇO

O quê: XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos

Quando: de 17 a 22 de novembro de 2013

Onde: FUNDAPARQUE - Alameda Fenavinho, 481 - Bento Gonçalves (RS)

Fonte: Marcelo de Troi