Fibras alternativas ao amianto são recicláveis e seguras à saúde

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/06/2013

Segundo Internacional Green Building Council, o Brasil já ocupa a quarta posição no ranking mundial de construções sustentáveis, atrás dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes. É hora de avançar.

Na Semana do Meio Ambiente, a Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento (Abifibro) reforça a importância do Brasil adotar definitivamente a produção e a comercialização de artefatos de fibrocimento feitos com insumos e tecnologia seguros á saúde e amigáveis ao meio ambiente.

O fibrocimento, o cimento reforçado, é encontrado em telhas, painéis, caixas d’água e outros produtos. Inicialmente esses produtos eram feitos com amianto, mineral reconhecido internacionalmente como cancerígeno.

Hoje, o Brasil já conta com alternativas sintéticas – fibrocimento composto com fios de PVA (Poli Álcool Vinílico) e PP (Polipropileno) – fibras reconhecidas pelo Ministério da Saúde como seguras à saúde.

Desde 2005 a tecnologia para o uso das fibras alternativas é conhecida e normatizada no Brasil pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 15.210). Normas internacionais no mesmo sentido já existem há mais de uma década. Além de sua eficiência na aplicação, as fibras alternativas são reconhecidas como seguras à saúde.

Mais do que isso, o PVC e o PP são 100% recicláveis, o que facilita e barateia o descarte dos produtos de fibrocimento, o que não acontece com produtos que levam amianto. O fibrocimento feito com amianto entra na categoria D dos resíduos perigosos e seu descarte requer um processo diferenciado e custos altos.

E o Brasil ainda não adotou definitivamente as fibras alternativas - Apesar de todos os avanços que o Brasil tem alcançado em relação ao seu desenvolvimento, ainda vive grandes desafios a serem superados em termos de sustentabilidade e a questão do amianto é um deles.

Hoje são cerca de 60 países que baniram o uso de todos os tipos de amianto, entre eles o crisotila ou amianto branco, mineral comprovadamente cancerígeno e o Brasil ainda não figura entre eles.

O Brasil, apesar de já ter sucedâneos comprovadamente saudáveis, ainda utiliza produtos com amianto, mesmo após ter assinado acordo na Convenção OIT 162, se comprometendo a substituir o amianto, inclusive o crisotila, por outros materiais ou tecnologias não nocivos à saúde humana assim que esses fossem desenvolvidos.

Por enquanto, apesar da Lei Federal (9055/95) que restringe e controla o uso do amianto, cinco estados contam com leis que proíbem o uso do mineral: São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Essas leis estão suspensas para a verificação quanto à sua constitucionalidade.

Foi aprovado, no último dia 7 de novembro, o Projeto de Lei que proíbe o uso de materiais que tenham em sua composição amianto, asbesto ou produtos derivados em Curitiba (PR).

A proposta, de autoria da vereadora Noemia Rocha (PMDB), recebeu emenda de diversos parlamentares, também aprovada em plenário, estendendo por três anos após a sanção da lei o prazo de adaptação das empresas.

A viabilidade econômica, a importância ambiental e para a saúde - Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o primeiro realizado por uma universidade sobre o uso de fibras alternativas na indústria do fibrocimento, atesta que não haverá impacto significativo na economia brasileira com o banimento do amianto na construção civil do país.

O estudo verificou que as atividades da cadeia produtiva não sofrerão descontinuidade e não haverá impacto sobre emprego, renda e arrecadação de impostos.

Além disso, os custos são compatíveis e tendem a se tornarem ainda mais competitivos quando houver demanda maior por esses produtos.

Hoje, até mesmo as grandes fabricantes de produtos com amianto já dominam a tecnologia das fibras sintéticas e, muitas vezes até oferecem esse tipo de material como “linhas premium”. Ou seja, a transição é simples.

Segundo o presidente da Abifibro, João Carlos Duarte Paes, o Brasil vive um momento de crescimento, investimentos em melhorias e em tecnologia que o torna cada vez mais competitivo.

“A substituição do amianto por fibras alternativas nos produtos de fibrocimento significariam um grande passo do país em termos de sustentabilidade, ou seja, na geração de benefícios econômicos, sociais e ambientais”, afirma Paes.





Fonte: Paulo Tonon / Roberta Provatti