Dia da Superação Ambiental Global

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/08/2013

Hoje, 20 de agosto de 2013, representa o dia em que o consumo acumulado no ano dos recursos naturais esgota a capacidade do planeta de se reciclar.

Isso quer dizer que tudo que consumimos até o dia 20 de agosto (ou seja, em 231 dias do ano) precisam de 365 dias para ser reciclados pelos ciclos naturais da Terra. A pergunta é, e daqui pra frente, o que acontece?

O planeta tem uma capacidade de renovar os recursos naturais (biocapacidade) que é dada pelas áreas disponíveis e capazes de reciclar, principalmente o ar e a água.

À medida que aumentamos o consumo, a quantidade de consumidores e a capacidade de depredarmos as áreas capazes de gerar biocapacidade, reduzimos drasticamente nossa poupança ambiental.

Qualquer dona de casa sabe que quando se gasta mais do que se ganha o caminho não é bom e antes do que se espera, a poupança pode acabar. Só que no caso do planeta não há crédito facilitado nem um parente abastado próximo que possa nos ajudar.

O que mais chama a atenção é que no ano passado, o Dia da Superação Ambiental foi no dia 22 de agosto e em 2011 foi em 27 de setembro. É assustador como ano a ano reduzimos a capacidade do nosso planeta de gerar vida e em última instância, arriscamos a nós mesmos.

Se fosse fácil resolver esse problema, provavelmente eu nem estaria escrevendo sobre o tema. Mas é preciso envidar esforços mais contundentes nesse sentido. Atribuir as responsabilidades adequadas aos agentes responsáveis.

O Brasil é superavitário em biocapacidade. Isso quer dizer que acumulamos mais do que gastamos, muito diferente de outros países, principalmente os mais desenvolvidos, que há alguns anos tem déficit ambiental. Mas o fato é que a nossa biocapacidade também tem caído ano após ano.

Como fazer para premiar os países como o Brasil, que prestam um serviço de biocapacidade ao resto do mundo? Por que não criar um mercado de alocações que sirvam para financiar a manutenção das áreas geradoras de biocapacidade à luz do que foi feito no mercado de certificados de carbono? Quem sabe o Brasil não passe a ser remunerado por atividades que já faz, como exportar ar puro e água limpa.

Um excelente caminho é o Brasil assumir a liderança de um debate global para valorar esses serviços de biocapacidade. Alinhar-se com os países “produtores” e mostrar disposição em priorizar essa agenda, já que o benefício desses serviços é global.

Definir objetivos de preservação com base em contrapartidas junto às Nações Unidas e quem sabe monetizar a preservação de forma sustentável, onde uma árvore de pé tenha verdadeiramente mais valor que a mesma árvore cortada.



Fonte: Felipe Bottini é economista pela USP com especialização em Sustentabilidade por Harvard e Consultor especial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD.