Norma ISO 20.121: a importância dos eventos verdes

Editoria: Vininha F. Carvalho 06/05/2013

A sustentabilidade está na moda, e, consequentemente, é um assunto discutido tanto na imprensa quanto por empresas que estão adotando projetos sustentáveis em seus negócios.

Em especial, vemos que o setor de eventos é responsável por uma boa parcela da emissão de gases geradores do efeito estufa, e por isso estão divulgando ações sustentáveis ou verdes em prol do meio ambiente.

A norma ISO 20.121 (já traduzida pela ABNT em 2012) é uma das formas para apresentar ações sustentáveis, pois é uma metodologia que visa a adoção de um sistema para o gerenciamento da sustentabilidade especificamente em eventos.

Ela visa a avaliação dos impactos e a garantia da distribuição equitativa dos mesmos entre todos os envolvidos na atividade, os chamados stakeholders.

O Brasil está entre os dez países do mundo que mais sediam eventos internacionais, com uma média de 90 mil por ano. Devido às diferentes características desses eventos, os impactos decorrentes podem ocorrer antes, durante ou depois de sua realização.

Há também o legado deixado por estas atividades, que podem ser avaliados do ponto de vista de infraestrutura e empregos, principalmente.

Quando se trata da sustentabilidade, deve-se lembrar que ela abrange os setores econômico, social e ambiental, por isso os impactos relacionados aos eventos devem ser avaliados nestas três esferas.

A crescente expansão da adoção de medidas sustentáveis pode ser entendida pelas vantagens que a participação e organização dos eventos corporativos e de negócios trazem.

Podemos citar, por exemplo, a exposição na mídia, contato com o público e com demais stakeholders, apresentação de inovações na empresa e de ações de responsabilidade socioambiental.

Mas estas características de marketing podem sair às avessas quando não são percebidos atributos de práticas sustentáveis, podendo ser interpretado como um discurso que não sai do papel.

A ISO 20.121 ressalta a necessidade de engajamento dos stakeholders como estratégia de garantia da sustentabilidade. Dessa forma devem-se ouvir as partes interessadas para determinação das necessidades e expectativas implícitas ou obrigatórias e delineamento dos impactos sobre cada uma delas, de forma a conquistar uma distribuição equitativa de impactos positivos e negativos.

Ela foi desenvolvida com base no gerenciamento da sustentabilidade das Olimpíadas de Londres 2012 - um exemplo de gestão sustentável para a elaboração de megaeventos - mas pode ser aplicada em todos os tipos de eventos, não importando seu porte, já que todas são causadoras de impactos ambientais e podem ter sua gestão melhorada de acordo com a norma.

Mesmo que não se elabore o sistema de gestão proposto pela ISO 20.121, que envolve também uma parte documental comprobatória, é possível o desenvolvimento de ações com objetivo de incorporar responsabilidade socioambiental em eventos, visando o aprimoramento rumo à sustentabilidade.

Para assegurar que um evento apresente resultados efetivamente mais sustentáveis, ou mais verdes, é necessário que esta concepção esteja presente desde a fase de planejamento.

Dessa forma será possível vislumbrar todas as frentes de ação e selecionar aquelas que se encaixam no evento, estrutural e financeiramente (já que grandes investimentos podem deixar de ser sustentáveis do ponto de vista econômico) e que fazem sentido do ponto de vista dos stakeholders.

O importante é que, dentro dos limites da organização, os eventos possam apresentar resultados positivos na redução dos impactos ambientais, no fortalecimento da economia local e na ampliação dos impactos positivos sobre a cultura e a sociedade.

É importante também que estas ações sejam comunicadas e que os resultados sejam apresentados aos públicos de interesse. O engajamento socioambiental é uma atitude necessária na conjuntura atual; ultrapassa, e muito, a questão comercial do “marketing verde” refletindo a adaptação da sociedade para um novo modelo de economia em que a sustentabilidade não será mais um diferencial e sim a linha de base de qualquer ação a ser realizada.

Neste contexto, tornar um evento mais verde hoje é a demonstração da responsabilidade compartilhada sobre o desenvolvimento da sociedade, do meio ambiente e sobre o crescimento econômico.

É uma ação pontual, mas que incentiva a evolução da consciência global em prol da sustentabilidade, devendo ser adotada visando sempre a evolução dos resultados obtidos.



Fonte: Marina Dall’Anese, gestora ambiental pela USP