Aplicativo para iPhone incentiva o consumo consciente

Editoria: Vininha F. Carvalho 24/03/2012

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, celebrado na quinta-feira (22/3), o Instituto Akatu e a Leo Burnett Tailor Made lançam o Fake Shower, um aplicativo para iPhone que informa a quantidade de litros de água que podem ser desperdiçados quando se abre o chuveiro ou a torneira sem necessidade.

Basta lembrar que, se todos os moradores do Brasil fecharem a torneira ao escovar os dentes, a água economizada durante um mês equivalerá a um dia e meio do volume de água nas Cataratas do Iguaçu! Ou se apenas duas pessoas em cada casa da Grande São Paulo reduzir em apenas cinco minutos o tempo de água corrente no banho, 13,4 bilhões de litros de água serão economizados por mês. Água suficiente para abastecer, no mesmo período, uma população de 2,9 milhões de habitantes - mais do que toda Salvador.

A ONU recomenda um consumo de 110 litros de água por pessoa por dia em casa como adequado para as necessidades de consumo e higiene, mas a Sabesp (concessionária de água em São Paulo) alerta que muitos brasileiros gastam mais de 200 litros por dia.

Esse desperdício, de uma única pessoa ao longo da vida, encheria uma piscina olímpica. Veja abaixo dados mais atualizados sobre consumo e desperdício de água hoje no Brasil e no mundo.

O Fake Shower é uma ferramenta de conscientização que, de forma muito bem humorada e moderna, permite manter a privacidade entre casais evitando o desperdício de água.

Por quê? Porque muita gente liga o chuveiro ou a torneira somente para evitar que o outro não ouça os “sons da natureza” no banheiro. Haja água desperdiçada – água limpa, tratada, cara e escassa.

Pronto, com o Fake Shower a intimidade dos casais está salva e a água também, porque o aplicativo simula no iPhone o barulho do chuveiro aberto ou da torneira. E a pessoa ainda pode escolher o nível de vazão de um chuveiro ou de uma torneira. Ao “fechar” o Fake Shower, o aplicativo informa quantos litros de água foram poupados naquela operação.

E já traduz para o consumidor a dimensão daquele volume economizado comparando a objetos e referências do cotidiano, como um galão d’água, uma banheira, uma piscina, um caminhão-pipa até a Lagoa Rodrigo de Freitas.

O Fake Shower serve também para o consumidor monitorar seu consumo de água e se motivar a economizar. É possível comparar a água gasta, por exemplo, enquanto se faz a barba com a torneira fechada e o Fake Shower ligado. Ou quando se fecha o chuveiro para se ensaboar, e o Fake Shower permanece ligado. Ou simplesmente ligar o Fake Shower simultaneamente e nas mesmas condições de vazão do chuveiro para ver o gasto de água no final do banho.

A quantidade de água virtual poupada vira um score pessoal, que pode ser compartilhado com todos os usuários do aplicativo. Assim o consumidor consegue ver sua economia pessoal e o impacto agregado da economia de todos. Quanto mais pessoas usarem o Fake Shower, maior será o volume de água poupado.

DADOS DA ÁGUA HOJE:

- É lugar comum dizer que a Terra é o planeta água, no entanto, 97,5% da água do planeta é salgada. Se toda a água da Terra coubesse em um balde de 10 litros, a água doce disponível chegaria a apenas 13 gotas. Cerca de 2,5% da água do planeta é água doce, mas a maior parte está aprisionada em aquíferos subterrâneos e geleiras. Só 0,26% da água doce da Terra está disponível em lagos, reservatórios e bacias hidrográficas, mais acessíveis ao homem e a atividades econômicas. Isso significa dizer que apenas 0,0065% da água na Terra é água doce disponível. (Fonte: Unesco)



- Menos de 1% da água doce do planeta está acessível para consumo, ainda assim, é mais que suficiente para abastecer o planeta, desde que o padrão de uso seja baseado no consumo consciente. Porque a poluição da água hoje é a principal causa da redução dos volumes de água adequada para o consumo, com sérios impactos na vida de cada um, na saúde e nos custos públicos e no meio ambiente. Poluição geralmente causada por descarte inadequado de resíduos industriais, agrícolas e lixo urbano. (Fonte: ONU)


- Entre os anos de 1900 e 2000, o uso total da água no planeta aumentou dez vezes (de 500 km3/ano para aproximadamente 5.000 km3/ano), enquanto a população aumentou pouco mais de 3,5 vezes, de 1,65 bilhão para 6 bilhões de pessoas em 2000. (Fontes: Unicamp e ONU)


- Um terço dos alimentos perecíveis que o brasileiro compra vai direto para o lixo levando junto toda a água usada desde a plantação e na cadeia produtiva de transformação e distribuição. (Fonte: Akatu)


- Se os países conseguirem reduzir à metade as perdas de alimentos – no processo de produção e jogados no lixo após o consumo –, pode-se economizar aproximadamente 1.350 km3 de água. Esse volume equivale, em média, a quatro anos de chuva em toda a Espanha. (Fonte: ONU)


- No Brasil, a agropecuária aparece disparada como o maior consumidor de água: 81% da água ficam na irrigação e no abastecimento animal; 7%, na indústria e 12%, no abastecimento humano – no campo e nas cidades. Vale destacar que apenas o consumo dos rebanhos animais empata com o consumo dos 190 milhões de brasileiros. (Fonte: Agência Nacional das Águas)


- No Brasil, 37% da água tratada – limpa, cara e escassa – não chega a casa dos consumidores, fica pelo caminho nas chamadas perdas da rede. O modelo mundial é o Japão, que reduziu suas perdas a 3% da água. Na Sabesp, em São Paulo, as perdas chegam a 25,6%. A concessionária paulista fornece água para 27,1 milhões de pessoas. Não fossem as perdas, poderiam ser abastecidos mais 13,55 milhões de consumidores. A água perdida poderia abastecer toda a Bahia ou quase toda a região Centro-Oeste ou os Estado do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte juntos. (Fontes: Sabesp e Censo 2010)


- Já somos 7 bilhões de habitantes no planeta, e a expectativa é de chegarmos a 9 bilhões em 2050. Em média, cada pessoa bebe de 2 a 4 litros de água diariamente, mas a maior parte da água que “bebemos” está embutida nos alimentos que comemos. Um quilo de bife, por exemplo, consome 15 mil litros de água do campo à mesa; um de trigo, 1.500 litros. (Fonte: ONU)


- Se mantivermos nossos padrões atuais de consumo, em 2025, 1,8 bilhão de pessoas (nove Brasis) estarão vivendo em países com escassez de água e dois terços da população mundial poderão estar áreas de absoluto estresse hídrico. (Fonte: ONU)



O que fazer?

Entre outras medidas, consumo consciente. Afinal o consumo de cada um, mesmo individualmente, provoca impactos importantes na vida do próprio consumidor, na sociedade, na economia e no meio ambiente. Nosso desafio é adotar um novo padrão de consumo e de produção que aponte para um futuro mais sustentável. Consulte o portal do Instituto Akatu (www.akatu.org.br) ou seus técnicos sobre o que fazer no dia-a-dia para o consumo consciente de água.





Fonte: Victor Peixoto

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