Estudar no exterior, uma experiência ímpar

Editoria: Vininha F. Carvalho 25/11/2011

Sempre sonhei em morar e estudar fora do Brasil, mas, por vários impedimentos, só consegui fazê-lo aos 26 anos, idade-limite para ser au-pair (modalidade de intercâmbio em que o jovem mora em uma casa de família, cuida das crianças enquanto os pais trabalham e estuda o idioma local) por 13 meses nos Estados Unidos.

Foi uma experiência mágica, pois além de melhorar muito a minha fluência no idioma, convivi com uma família maravilhosa, viajei bastante, conheci muitos lugares e pessoas interessantes, aprendi muito sobre a cultura norte-americana e também de cidadãos de várias outras partes do mundo com quem tive contato.

Fiz amizades sólidas com muitas pessoas, com as quais mantenho contato constante até hoje e, por meio delas, já visitei muitos outros países.

Cresci muito, pessoal e profissionalmente. Certamente voltei para o Brasil uma professora bem melhor do que quando fui. E, desde então, tenho incentivado os meus alunos a fazer intercâmbios culturais.

Hoje, as opções são muitas, para todos os tipos de gostos e bolsos. E muitas vezes ficamos confusos sobre o melhor programa de intercâmbio. O ideal, antes de tomar qualquer decisão, é fazer muita pesquisa e obter o máximo possível de informações. Indicações de pessoas conhecidas que já foram ao lugar aonde pensamos ir podem ajudar muito.

É essencial ler muito sobre a cidade/país no qual temos interesse para já sairmos daqui com mais certeza do sucesso de nossa empreitada. Vale lembrar que, assim como toda viagem, o divertimento e a empolgação com o intercâmbio têm que começar antes, enquanto pesquisamos e saboreamos todos os detalhes sobre o que pretendemos vivenciar quando estivermos lá.

O planejamento com antecedência é necessário não somente por causa dos custos do programa, mas também para que haja tempo hábil para todas as providências necessárias antes da viagem. Quanto maior a organização aqui, maior a satisfação lá fora.

Após a definição do país de destino, é importante que o intercambiário e sua família respondam com certeza a algumas perguntas básicas, como: que tipo de curso fazer, quanto tempo ficar e qual é a moradia ideal (casa de família ou residência estudantil, por exemplo).

As respostas são as mais variadas possíveis. Não acho que haja idade certa para um intercâmbio cultural, depende muito da maturidade pessoal. E a duração da viagem também varia de acordo com as possibilidades de cada um.

Há, por exemplo, opções de cursos entre um e três meses, para os períodos de férias escolares daqui. Embora a duração seja curta, eles podem ser experiências muito enriquecedoras e até mesmo servirem como preparatórios para um intercâmbio mais longo depois.

Se pensarmos de forma mais generalizada, uma possibilidade muito difundida é a de que os pais enviem filhos adolescentes entre 15 e 17 anos para ficar de seis meses a um ano no exterior, frequentando uma escola local de ensino médio. Se for possível que ele vá enquanto estiver cursando o 1º ou o 2º anos do ensino médio aqui, é melhor, para não “cortar ao meio” o 3º ano, já que este antecede o vestibular e, no geral, é um ano de maior tensão para os jovens.

Em termos de escolha da moradia, também depende muito da opção pessoal, pois na casa de família tem-se a oportunidade de maior contato e vivência da cultura local, mas há a necessidade de adaptação às regras e costumes da casa, que geralmente diferem dos nossos. Essa é a melhor opção para as estadas mais longas.

Já na residência estudantil, o contato com outras culturas é maior e é necessário que o intercambiário seja bastante responsável e focado no seu objetivo, para não formar um grupo com outros brasileiros e praticar pouco o idioma local. Essa experiência é mais indicada para os cursos de menor duração.

A escolha dos cursos deve ser feita levando-se em conta os interesses pessoais. Porém, se for possível aproveitar a oportunidade e se engajar em atividades diferentes das que são oferecidas aqui, isso pode ser bastante motivador e interessante.

É muito importante que o estudante seja inserido em cursos adequados ao seu nível de domínio do idioma para que não sinta dificuldade excessiva e fique desmotivado. A prática de esportes locais pode ser muito divertida, assim como é divertido ensinar os estrangeiros a dançar nossos ritmos, por exemplo.

Cada um vai determinar se a estada fora do país será produtiva ou não. O estudante precisa ter em mente que ele é quem terá de se inserir e se adaptar a outra cultura e a um modo de vida diferente, pois, se sair do nosso país esperando levar o mesmo tipo de vida, pode se decepcionar. Tudo o que for vivido lá será aprendizado, não só o que for visto em sala de aula.

Geralmente, os jovens que participam de intercâmbios aprendem a tomar decisões com mais independência. É uma experiência ímpar de troca que, além de proporcionar aprendizagem, traz amadurecimento e realização pessoal. Seja para realizar um sonho ou para investir no seu futuro, não deixe de fazer um intercâmbio se tiver a oportunidade. Vale muito a pena, sempre!



Fonte: Cíntia Maria Falaschi é suporte pedagógico de língua inglesa do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva