Libertação de Cesare Battisti e o reflexo no setor de turismo

Editoria: Vininha F. Carvalho 28/06/2011

Em um extenso julgamento, o Supremo Tribunal Federal rejeitou o pedido de extradição de Cesare Battisti e, por seis votos a três, decidiu por sua libertação, que indubitavelmente gerou imediata reação das autoridades e sociedade italianas.

O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, o primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, e os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores repudiaram a decisão da Suprema Corte do Brasil. Nesse passo, segundo as autoridades italianas, houve desrespeito ao tratado de extradição existente entre os dois países e às premissas do direito internacional.

Diante de toda essa situação apresentada, os Ministérios das Relações Exteriores e da Justiça da Itália informaram que pretendem recorrer à Corte de Haia para efetiva revisão da referida decisão do Supremo. Para o governo italiano, a decisão do STF contraria os acordos bilaterais existentes.

Se isso não bastasse, a própria sociedade italiana cobra de seu governo uma retaliação ao Brasil. Nesse cenário diplomático o setor econômico que mais deverá sentir o peso da decisão do Supremo é o turismo. Exemplo negativo disso são os constantes pedidos – por parte da população italiana - para a não participação de sua seleção na Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Diante de todo esse contexto trazido à baila, e apesar das autoridades brasileiras apresentarem tranquilidade diante do imbróglio existente, é certo que as portas das relações exteriores entre os países serão inevitavelmente afetadas.

É sabido que os italianos correspondem a um dos maiores grupos de turistas que frequentam o Brasil. Sem contar que, paralelamente, a Itália é um dos principais destinos dos brasileiros nas viagens ao exterior.

Diante desse diapasão, podemos ter grandes reflexos negativos no setor de turismo que envolve os países. Caso a sociedade italiana abrace, junto ao governo, eventual boicote econômico, com a finalidade de repúdio ao turismo no Brasil, sem dúvida alguma o país sofrerá sérios prejuízos financeiros.

Nesse compasso, levando em consideração a força econômica da Itália, o Brasil infelizmente só tem a perder com todo possível atrito diplomático estabelecido. Um país em constante crescimento pode estar prestes a encontrar barreiras econômicas com um de seus principais parceiros da área turística.

Para melhor exemplificar, entradas e saídas de brasileiros na Itália podem, a partir de agora, ser rigorosamente controladas e por eventual barradas. Sem contar a grande possibilidade de a população italiana incorporar um sentimento de injustiça e evitar o Brasil nos destinos finais nas viagens à América.

Nesse sentido, para concluir, sabemos que os italianos, desde os tempos mais primórdios, possuem um sentimento claro de nacionalismo - oriundo do Império Romano - o que pode acarretar em retaliações e consequências negativas às finanças do setor turístico.



Fonte: Gabriel Henrique Pisciotta - advogado do escritório Fernando Quércia Advogados Associados