Estaria equivocado o conceito de felicidade nos dias atuais?

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/08/2010

De todas as questões que a humanidade considera relevante, a busca pela felicidade se encaixa perfeitamente entre elas. Por muitos considerada como algo impossível de ser conquistada, esse sentimento acaba se afastando cada vez mais dos padrões sociais de hoje, e principalmente em virtude disso a sociedade vem sofrendo transformações e mudando o jeito de agir e de principalmente ser feliz sem levar em conta a maneira correta de se alcançar a mesma.

INTRODUÇÃO

Na década de 1980, surge nos Estados Unidos uma nova abordagem psicológica sob a tutela do psicólogo Martin Seligman chamada de Psicologia Positiva ou vulgarmente apelidada de “Psicologia da Felicidade”, que visava o estudo e a investigação dos pensamentos e emoções que envolvessem experiências positivas e o que se pode fazer para conseguir uma vida saudável e principalmente mais feliz. A partir de então surge uma nova ideia de “felicidade” o que faz com que esse conceito seja repensado por alguns estudiosos.

Muitos são os valores materiais presentes na sociedade hodierna e a ideia de felicidade está associada a posses, status social e poder. Aprende-se desde cedo a disputar com parceiros pelo melhor lugar e altas colocações, num jogo em que o vencedor é dito como o mais “forte” ou mais inteligente; Quando não se consegue tais desejos os indivíduos se veem imersos em tristeza, angústia e insatisfação.

Outro aspecto relevante é a crença momentânea na tecnologia e na ciência de que as duas juntas poderão controlar o corpo, as doenças e o envelhecimento fazendo com que a vida possa ser estendida por tempo indeterminado e o “mito” da felicidade possa continuar, mesmo que até nesse exato momento esse sentimento ainda não tenha surgido na vida de tais pessoas.

DESENVOLVIMENTO:

O “segredo da felicidade” é uma das maiores buscas feitas pelo ser humano, mais este desejo está inserido em coisas simples onde muitas pessoas nem imaginam que ali possam estar presente.

De acordo com um conceito formulado por Jung denominado de Metanóia o processo de felicidade ocorre por volta dos 35 anos também entendido como “crise de meia idade” que se baseia na noção de que a partir dessa idade os indivíduos vivenciam um processo psicológico que seria o “ápice” do desenvolvimento humano, é quando se faz uma “auto avaliação” de tudo o que foi vivenciado até o momento e a partir de então vem a tona o questionamento se “tudo aquilo valeu a pena”.

A felicidade é muitas vezes confundida com alegria e as pessoas acabam distorcendo esses dois conceitos com as sensações que eles produzem. A felicidade é um estado no qual o indivíduo se sente bem consigo mesmo e realizado mesmo com o pouco que ele possa ter aceitando os possíveis problemas e interpretando eles como algo que possa vir a ser superado enquanto que a alegria é um estado afetivo-emocional de uma satisfação momentânea como a conquista de um objetivo ou a aquisição de um novo bem e é exatamente nesse ponto que o mundo capitalista age na vida das pessoas.

Por vivermos em uma sociedade capitalista, há a fantasia de que o consumo traz felicidade e é comum associar felicidade a padrões sócios econômicos e riqueza. Esse sistema econômico transformam bens supérfluos em necessidades e as pessoas ao alcançarem certo patamar de consumo começam a ambicionar por mais, gerando com isso mais angústia do que felicidade.

Muitos são os estudos sobre os índices de felicidade nas sociedades sem e com o capitalismo e de acordo com os resultados nunca existiram faixas tão baixas desse sentimento, justamente pelo stress causado pela correria do dia a dia, o que impede momentos que poderiam ser compartilhados pelos indivíduos numa forma de “extravasar” seus maus momentos e num espaço que poderia ser preenchido por uma “auto análise” de suas vidas o que ajudaria bastante na aceitação e conquista da felicidade.

Logo, observa-se que a felicidade não está presente em bens materiais e nem na busca deles e sim naqueles momentos em que são bem aproveitados algo simples da vida, que dão a sensação de que tudo pode ser leve, suportável, mesmo naqueles momentos difíceis. A felicidade está na sensação de se estar acolhido, protegido e que tudo o que nos rodeia está “sob controle”, o materialismo só proporciona uma errônea ilusão de que ao se adquirir um bem melhor será a vida de uma pessoa o que se contradiz pelos altos índices de depressão e infelicidade em pessoas de classes altas.

A felicidade só será alcançada quando as pessoas aprenderem a mudar o seu mundo e principalmente mudar a si mesmos ou simplesmente deixar-se mudar por coisas mais simples e singelas. Quanto mais os indivíduos “tomam as rédeas” de suas vidas e passam a controlar a mesma, mais felizes eles serão, acreditando que a felicidade será resultado de seu próprio esforço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Não existe a chave para a felicidade e a sua busca depende das atitudes provenientes de cada pessoa e de suas atitudes. A ideia de que a aquisição material aumentará a forma de cada um ser feliz é errada pois ela só fará com que cada indivíduo busque cada vez mais um sentido vazio para sua vida e assim se torne angustiado e vazio o que poderá comprometer não agora mais o restante de sua existência.

A felicidade começa a existir a partir do momento em que o ser humano decide ser feliz não por fatores externos, mas pela satisfação presente em si mesmos pois se assim for todos estarão fadados a decepção. Para muitas pessoas a felicidade pode ser representada por um dia de sol, para outras por um simples cantar de um pássaro ou o voo de uma borboleta, não importa, ser feliz é estar feliz consigo e com tudo aquilo que o rodeia, é quando tudo é maravilhoso sem ter um motivo para se pensar assim, desde o amanhecer até o anoitecer do dia. A felicidade está nas atitudes e coisas simples da vida e simplicidade não tem absolutamente nada a ver com complicação, aquela do dia a dia, da correria e das angústias produzidas por momentos mal resolvidos na existência de todos.

REFERÊNCIAS:

BORCSIK, Luiz; SANTOS, Ademir Dos. Psicologia Positiva. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2010.

LAÍS, Mônica. Em Busca da Felicidade. Disponível em: . Acesso em: 30 maio 2010.

SCARDUA, Angelita. Ninguém é responsável por sua felicidade. Disponível em: . Acesso em: 30 maio 2010.

YAMAMOTO, Natalia Yumi. Consumismo: Felicidade Maquiada. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2010.








Fonte: Lígia Carolina Borges Faria - Acadêmica do II Semestre de Psicologia,Universidade Federal de Uberlândia (UFU).