Prédio verde da Forluz é o primeiro com certificado Leed em Minas Gerais

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/10/2010

Construções ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente aceitas. Noções básicas de sustentabilidade já começam a tomar formas concretas em Belo Horizonte. Trata-se do prédio verde da Fundação Forluminas de Seguridade Social (Forluz), cujo projeto é pioneiro ao buscar, junto ao Green Building Council Brasil (GBC Brasil), a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), o mais importante certificado concedido aos edifícios engajados com o meio ambiente.

Projetado por arquitetos do escritório Gustavo Penna Arquiteto & Associados, em conjunto com o escritório Trínia, o prédio, localizado na avenida Barbacena, 1219, no bairro Santo Agostinho, será inaugurado em outubro de 2012.

Algumas peculiaridades tornam os prédios verdes verdadeiros projetos vivos, racionais, e não apenas um modismo. A percepção dos efeitos que a ação humana causa ao planeta, como o desmatamento e a poluição que levam ao aquecimento global, vem elevando a consciência ambiental de grande parte da sociedade. E uma das formas encontradas para amenizar os impactos da humanidade no meio ambiente é justamente a construção dos chamados prédios verdes.

Dados da GBC Brasil – responsável por viabilizar a certificação Leed aos empreendimentos – colocam o País na quinta posição mundial, com mais de 100 empreendimentos certificados pelo órgão, atrás somente de Estados Unidos, Emirados Árabes, Canadá e China.

O processo de certificação é um importante instrumento de aperfeiçoamento de um projeto de edificação sustentável, de um prédio inteligente, que ao longo do tempo se mostrará um edifício racional e econômico, quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista ambiental.


Projeto verde:

A maior parte do terreno foi ocupada não pela edificação, mas por uma grande praça aberta para a cidade, o que contribui muito para redução do impacto da construção no entorno. Com 24 pavimentos e 5 subsolos, a implantação foi definida de forma a proporcionar a melhor insolação para o edifício.

As fachadas de grandes dimensões, norte e sul, receberam vidro. Na fachada norte o vidro é associado a brises, que garantem proteção solar. As fachadas leste e oeste, que são atingidas por grande incidência solar, são cegas. As fachadas envidraçadas e o tipo de layout proposto (com grandes espaços abertos), permitem que o edifício tenha iluminação natural em 75% de suas áreas, sendo que 90% delas terão acesso visual às paisagens externas.

O vidro especificado, laminado duplo com câmara interna, protege o interior do edifício do excesso de calor, o que permite uma redução considerável na demanda do sistema de condicionamento de ar. Há, ainda, um sistema de rolôs que, dotados de sensores de luminosidade, são acionados automaticamente quando houver excesso de sol, proporcionando ao usuário conforto térmico e controle dos níveis de iluminamento e de ofuscamento. A intensidade de luz interna também é regulada de acordo com a intensidade de luz externa.

Outra característica da construção é o grande cuidado com a especificação de materiais, sendo adotados os que apresentam alto índice de conteúdo reciclado, como o cimento; e outros que apresentam baixo índice de compostos orgânicos voláteis. A utilização de moldes pré-fabricados reutilizáveis de polipropileno, em vez de formas de madeira, também é outra vantagem.

Grande parte dos materiais especificados é produzida em regiões próximas à da edificação que será erguida, minimizando os impactos ambientais do seu transporte. Os resíduos produzidos na operação serão armazenados e destinados à reciclagem.

O sistema hidráulico reutilizará a água dos lavatórios e chuveiros para abastecer a descarga dos vasos sanitários. Reservatórios receberão as águas pluviais e também a água proveniente dos drenos do sistema de ar-condicionado para abastecer o sistema de irrigação e também a própria torre de ar. O mecanismo, aliado à especificação de sistemas de baixo consumo de água, permitirá uma redução do consumo acima de 40%.

Economia de energia elétrica será proporcionada pela adoção de equipamentos elétricos eficientes e lâmpadas de baixo consumo. Serão utilizadas fontes de energia renováveis – aquecimento solar de água e sistema fotovoltaico de geração de energia. Um sistema de medidores de energia individuais, por pavimento, permitirá um monitoramento efetivo do consumo.


Automação:

Cérebro do edifício, o projeto de automação é parte indispensável de qualquer projeto sustentável, pois monitora e integra todos os sistemas que o constitui, como controle de tráfego de elevadores, sistemas de irrigação, medição de temperaturas externas e internas, persianas, fechaduras, condicionamento de ar, entre outros, resultando em grande eficiência no consumo de energia e água.

Estudos da GBC Brasil mostram que, no País, os custos com a construção sustentável são de 5% a 10% mais caros em edifícios comerciais e de 2% a 4% a mais nos residenciais. De acordo com a arquiteta Laura Penna, uma das responsáveis pelo projeto, a construção de um prédio verde é mais cara que a das obras convencionais, mas, por outro lado, oferece muitas vantagens.

“É uma construção que gera muitos benefícios. O dinheiro investido no empreendimento é revertido nas economias que o prédio proporciona depois de pronto”, salienta.

Segundo a arquiteta, edifícios de alto desempenho ambiental, como o prédio verde da Forluz, trazem inúmeros benefícios ao meio ambiente.

“Além do uso racional de água e energia, esses prédios aumentam a qualidade real do ambiente construído, melhorando a própria saúde e a produtividade dos futuros usuários”, garante.

Fonte: Leila Castro / Partnersnet