Rota do Café alia história, cultura, educação ambiental e gastronomia

Editoria: Vininha F. Carvalho 07/10/2010

Rota do Café, iniciativa do Sebrae/PR e parceiros, alia história, cultura, educação ambiental, gastronomia, técnicas de produção, classificação, comercialização e degustação do café.
Contato direto com a natureza; visão ampliada sobre a vida no campo; conhecimento sobre a complexidade do processo de produção, beneficiamento e comercialização do café; compreensão sobre a influência da cafeicultura na organização política, econômica e social do Paraná; variedade de atrativos, interação com empreendedores; acolhida calorosa; e a degustação de cafés de qualidade e de uma culinária típica. Esses são alguns motivos que justificam conhecer a Rota do Café, projeto turístico que envolve mais de 30 atrativos, localizados em 18 municípios da região norte do Paraná.

Integram a Rota do Café fazendas produtivas, propriedades históricas, estâncias ecológicas, cafeterias, corretora de café, restaurantes, vinícolas, casas de artesanato, pousadas, museus, teatro, agroindústrias familiares, cachaçaria, torrefadoras, entre outros.

O grande número de atrativos reunidos na Rota do Café possibilita desenhar diferentes roteiros para atender a públicos variados. Diretamente, a Rota do Café beneficia mais de 200 pessoas, entre empresários, produtores rurais e familiares, artesões, dançarinos e produtores culturais.

Grande parte dos empreendedores envolvidos enxerga no turismo uma possibilidade de adicionar mais renda aos seus negócios. Outra importante contribuição da iniciativa é permitir que o turista desfaça alguns mitos sobre a realidade do campo.

A Rota do Café resulta do Projeto Turismo Norte Paranaense, iniciado em 2007 pelo Sebrae/PR, e atende aos objetivos do macroprograma de regionalização do turismo, uma proposta do Ministério do Turismo. O consultor do Sebrae/PR em Londrina e gestor do Projeto, Sérgio Garcia Ozório, destaca que a proposta da entidade é “estimular o aumento do fluxo de turistas na região norte do Estado, promover a melhoria da competitividade e da sustentabilidade dos empreendimentos, contribuir para o desenvolvimento regional e incentivar o empreendedorismo”, afirma.

A Rota do Café foi lançada em Londrina, no mês de novembro de 2009, após intenso trabalho de diagnóstico das potencialidades da região, mapeamento, visitação, sensibilização dos empreendedores e parceiros, definição de produtos turísticos, realização de roteiro experimental, qualificação dos serviços turísticos e precificação.

O consultor Sérgio Ozório explica que após todo o trabalho já realizado de assessoria aos empreendimentos, consultorias, treinamentos, articulação de parcerias, as próximas ações do Projeto estão focadas em questões mercadológicas e de gestão empresarial.

“No momento, estamos trabalhando o processo de sinalização dos atrativos da Rota do Café e nossa proposta é estimular ainda mais a capacitação, a gestão profissional, a promoção e a comercialização dos roteiros que podem ter duração de um dia ou uma semana”, detalha o consultor.

É possível fazer os passeios voluntariamente ou adquirir um pacote de viagem comercializado pelas seguintes agências de viagens sediadas em Londrina: Bella Vista Turismo, Companhia de Viagens, Redon do Brasil, Terra Nova Turismo e TNT Agricultural Tours.

Os visitantes que desejarem conhecer as propriedades credenciadas à Rota do Café por conta própria devem agendar os passeios com antecedência. Em média, o valor para se passar um período de três a quatro horas nessas fazendas é de R$ 15,00 por pessoa. Em alguns casos, é possível saborear um café colonial e passear a cavalo.

Destaques:

O norte do Paraná foi formado por indígenas, negros, caboclos, colonos, fazendeiros, comerciantes e outros, porém foi a produção cafeeira que acelerou a colonização da região. Por volta dos anos de 1900, companhias colonizadoras passaram a atuar na região com a venda de pequenas e médias propriedades, atraindo pessoas de outros estados e imigrantes de mais de 30 etnias. Por volta da década de 1970, fatores climáticos contribuíram para a substituição do café por lavouras temporárias. Iniciou-se então a mecanização da agricultura, o êxodo rural e o crescimento urbano.

Em Londrina, o Museu Histórico Padre Carlos Weiss oferece acervo com coleções variadas de objetos e materiais representativos do cotidiano dos cidadãos londrinenses e da região, desde os primeiros colonizadores.

Além disso, estão disponíveis documentos textuais, mapas, plantas, microfilmes, depoimentos e arquivos de imagem de José Juliani, fotógrafo oficial da Companhia de Terras Norte do Paraná e de George Craig Smith, que chegou a Londrina em 1929 e era integrante da Primeira Caravana. Há também a coleção de filmes 16 mm do pioneiro Hikoma Udihara que documentou Londrina nas décadas 1940, 1950 e 1960.

Musical Coração do Café:

O musical Coração do Café foi elaborado a partir das raízes históricas e culturais do café na região norte do Paraná. O espetáculo é uma produção da Secretaria de Cultura e Turismo de Ibiporã e da Fundação Cultural de Ibiporã que envolve o trabalho de professores, atores e alunos da própria Fundação. O musical conta o romance de um jovem casal de imigrantes italianos que decide recomeçar a vida no Brasil.

A produção envolve 30 artistas, entre atores e dançarinos, e uma equipe técnica que reúne 15 profissionais. O espetáculo, que é contado, dançado e encenado, foi escrito e é dirigido por Paz Adunate. A produção artística, cenografia e o figurino são criações de Júlio Dutra. O musical é exibido periodicamente no Teatro Padre José Zanelli em Ibiporã.

“O turismo para a comunidade de Ibiporã é algo novo ainda, mas a Fundação Cultural vem se esforçando para motivar a população e estimular que ela divulgue e contribua com essa ideia”, assinala Júlio Dutra, diretor-presidente da Fundação Cultural de Ibiporã.

Vinícola Casa Mueller:

A Vinícola Casa Mueller localiza-se no distrito da Warta, em Londrina. No sítio com área de cinco alqueires, os turistas são recepcionados pelo casal, Eloy e Cleide Mueller, donos da propriedade, que mostram as técnicas de cultivo das plantações de frutas, como uva, framboesa, maracujá, ameixa e morango e explicam como são produzidos os vinhos e licores fabricados no local.

O terreno que hoje abriga espécies frutíferas, no passado foi ocupado pela monocultura do café. Essa reminiscência contribui para o aroma e sabor único dos vinhos produzidos na propriedade que possuem terroir de café. Terroir (terroar) é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação entre o solo e um microclima particular, gerador do tipo de uva que expressa qualidade, tipicidade e identidade única de determinado vinho.

Os vinhos são fabricados a partir de uvas cabernet souvignon, rubia, izabel, niágara, moscatel e ibéria. A variedade de uva concord, cultivada na propriedade, é utilizada para a fabricação de sucos. Anualmente, a Vinícola Casa Mueller produz oito mil garrafas de vinho e também licores artesanais. O valor de cada garrafa varia entre R$ 15,00 e R$ 25,00.

Além da possibilidade de conhecer o plantio e processo de fabricação dos vinhos, os visitantes têm a opção de participar de um curso para aprender a degustar ou fabricar a bebida, reunir amigos para uma roda de viola e apreciar o cartaxo, prato típico do sítio. Trata-se de um cozido de carne, preparado com frutas cultivadas na propriedade.

Para as escolas, o atrativo é a educação ambiental e a colheita manual do morango produzido sem uso de agrotóxicos. A propriedade abriga árvores exóticas e uma reserva ambiental com cerca de 7.500 espécies que pode ser explorada por estudantes de biologia e geografia, praticantes de meditação e demais interessados.

A. Rural Corretora:

A A. Rural é uma empresa especializada em corretagem de café e composição de ligas que acumula mais de 20 anos de experiência no mercado. Carlos Amaral, proprietário do atrativo, esclarece aos visitantes da Rota do Café que a determinação da qualidade do café brasileiro compreende duas fases distintas: a classificação por tipos ou defeitos e a classificação pelo tipo de bebida.

São considerados defeitos os grãos imperfeitos do tipo: grãos pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados e brocados. As impurezas são cascas, paus, pedras, cafés em coco ou marinheiros encontrados na amostra. Cada grão imperfeito ou impureza corresponde a uma medida de equivalência de defeitos, que rege a classificação por tipo.

Para proceder a classificação, amostras de 300 gramas de café são recolhidas e acondicionadas em latas apropriadas. Processo que o turista pode acompanhar de perto, durante a visita. A seguir, em uma mesa provida de boa iluminação, a amostra é espalhada sobre uma folha de cartolina preta. Os defeitos são separados e contados segundo a Tabela de Equivalência de Grãos Imperfeitos e Impurezas.

A base para se estabelecer a equivalência dos defeitos é o grão preto, que é considerado o padrão dos defeitos ou defeito capital. Para conhecer sua qualidade, realiza-se a prova da xícara, na qual o provador avalia as características de gosto e aroma do café. A classificação da bebida tem dois objetivos fundamentais: conhecer a qualidade do café a ser comercializado e definir as ligas ou blends que valorizem determinados lotes de café.

Pousada Marabu:

A Pousada Marabu fica no município de Rolândia e é permeada pela cultura suíça. O empreendimento oferece chalés rústicos para hospedagem, pomar, mata nativa, trilhas e alimentação natural e vegetariana. No local, são fabricados e vendidos oito tipos de geleias artesanais.

Engenho Terra Vermelha

O Engenho Terra Vermelha é um ponto de apoio da Rota do Café localizado em Assaí. O empreendimento é certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e produz diariamente cerca de mil litros de cachaça artesanal. Nesse atrativo, os turistas podem acompanhar todo o processo e as curiosidades do processo de produção do destilado.

Fazenda Palmeira:

Em Santa Mariana, os turistas conhecem um pouco do jeito suíço de produzir café. A proprietária da Fazenda Palmeira, Cornélia Margot Gamerschlag, conta a história da propriedade e destaca aos visitantes os desafios da cafeicultura. No meio do cafezal, Cornélia, que também é pedagoga, dá uma aula prática sobre a colheita do café, explicando sobre as floradas e os estágios de maturação dos grãos. Familiares, funcionárias e mulheres da comunidade ao redor da Fazenda Palmeira estão desenvolvendo artesanato em fibra de bananeira. As peças são vendidas na própria propriedade.

Estância Ecológica Guaicurus

A Estância Ecológica Guaicurus, também localizada no município de Santa Mariana, disponibiliza aos visitantes diversas atividades, além de hospedagem e alimentação. Nessa propriedade localiza-se o maior labirinto de café do mundo, que ocupa a área de um alqueire e é composto por 12 mil pés de café. A Estância também disponibiliza aulas de cavalgada, passeios em barco e em charrete, piscinas e trilhas por mata nativa. Jacarés, macacos e uma infinidade de espécies de pássaros complementam os atrativos da propriedade.

Sítio Ecológico Scandolo:

Empreendimento com área aproximada de 14 hectares, localizado na cidade de Cambará, especializado em educação ambiental e lazer. No local, os visitantes são acolhidos por João Scandolo, que apresenta a propriedade e convida cada visitante a plantar uma árvore. Scandolo reflorestou toda a área devastada do sítio. Ele planta uma árvore todos dos dias e desafia os turistas a plantarem uma árvore ao ano.

Sítio Vale das Palmeiras:

As características únicas de altitude e geografia do Sítio Vale das Palmeiras possibilitam o cultivo do café da variedade bourbon e a existência de pés de cafés produtivos com mais de 50 anos de idade, quando a idade média da planta é de aproximadamente 15 anos. O café produzido nesse sítio já foi premiado como o segundo melhor café do Brasil e venceu o concurso qualidade do café do Paraná nos anos de 2006 e 2008.

Restaurante Michela Serv:

A beleza cênica do empreendimento é tão agradável quanto o cuidado com a preparação dos pratos caseiros que levam um toque da culinária mineira. Localizado em Ribeirão Claro, o local serve ainda cerca de 30 tipos de crepes salgados e 18 opções de crepes com recheios doces, além de contar com espaço para exposição e compra de artesanato local.

Fazenda Flora:

Na cidade de Cambará é possível visitar a Fazenda Flora, que não mais cultiva café, mas mantém os resquícios do auge da cafeicultura: um terreirão para secagem dos grãos bem conservado e 24 tulhas secadoras. Em breve, estará em funcionamento o museu da propriedade, que vai funcionar na antiga escola rural. De acordo com especialistas que acompanham o Projeto Turismo Norte Paranaense, a raridade do conjunto de tulhas da Fazenda Flora distingue a propriedade no país.

Cafeteria O Armazém:

Cristina Rodrigues Maulaz, barista e proprietária da cafeteria O Armazém, conta que decidiu fazer parte da Rota do Café por considerar necessária a valorização do resgate histórico e cultural do produto que marcou a história do Estado e da região. A empreendedora comercializa cafés de todas as partes do mundo e destaca a alta qualidade do café produzido no norte paranaense.

A Cafeteria comercializa o café Terrara, produzido pelo sistema biodinâmico na Fazenda Terra Nova, situada em São Jerônimo da Serra, e o café da Fazenda Palmeira, localizada no município de Santa Mariana. O objetivo do empreendimento é servir cafés com excelência. Cada xícara da bebida varia de R$ 3,50 a R$ 10,00. Também são diversos acompanhamentos. A cafeteria O Armazém fica na Rua Goiás, 1.520, loja 12, no centro de Londrina.

Cafeteria Empório Café da Casa:

O Empório Café da Casa é uma cafeteria especializada em cafés especiais do norte pioneiro do Paraná localizada no município de Jacarezinho. Os cafés servidos no local destacam os atributos únicos da bebida cultivada na região. Para acompanhar o café, servido quente ou frio, há uma variedade de salgados, bolos e biscoitos artesanais. No espaço, é possível adquirir cosméticos a base de café. O Empório Café da Casa efetua seleção, classificação e torra artesanal, além de comercializar locar e prestar assistência técnica para máquinas profissionais para preparar café.
Parcerias

A Rota do Café tem, além do Sebrae/PR, o apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Agência de Desenvolvimento Turístico do Norte do Paraná (Adetunorp), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Serviço Social do Comércio (Sesc/PR), Londrina Convention & Visitors Bureau, Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Prefeituras, Secretaria de Estado do Turismo, Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e Sociedade Rural do Paraná.

Fotos:Wilson Vieira Videographic

Fonte: Sebrae/PR