Da Índia para China em duas rodas

Editoria: Vininha F. Carvalho 14/06/2010

Subidas... subidas e mais subidas... uma hora, duas, três, quatro, cinco horas... tudo isso para pedalar por apenas 30 quilômetros pelas altas montanhas do sul da China. Brincando, o mireiro Danilo Perrotti Machado afirma que isso é “coisa pra louco”!

Encarando a 4ª etapa do Projeto Homem Livre, em uma viagem ao redor do mundo, histórias e muitas experiências vêm de sobra na bagagem. Da Índia para China, passando por Nepal, Bangladesh, Sri Lanka, Tailândia e Laos, o ciclista encontra mais que desafios geográficos, e fala sobre um choque de culturas divergentes.

Nem mesmo a pequena bandeira do Tibet - adiquirida em Mc Leod Ganj no exílio Home do Dalai Lama (Índia) - que estava presa em uma de suas bolsas foi permitida passar pela fronteira para entrar na China.

“A China é hoje uma potência econômica, você percebe isso nas grandes e belas estradas, na construção de prédios enormes, na alta produção industrial, a maioria das cidades são novas. Um contraste quando se sai de Laos, onde as casas são todas de sapê, um povo com a vida muito simples”, conta Danilo. Com o olhar desconfiado para estrangeiros, os chineses também se mostraram um povo menos cordial.

“Os Chineses não estão acostumados com a presença de estrangeiros em seu país, e ainda por cima eles não entendem as letras ocidentais, somente as letras chinesas, e era difícil encontrar alguém que falasse inglês”, revela.

Com 11.141,08 km pedalados apenas nessa 4ª Etapa, a Ásia compõe a maior fase do projeto. Da China, Danilo partiu para Hong Kong, Macau e chegou ao Vietnã em maio de 2010. Saindo do frio das montanhas, da modernidade de Hong Kong e excesso de cassinos em Macau, o ciclista encontra um país quente e úmido, que ficou fechado pela guerra que durou quase 20 anos, sendo divido entre Norte e Sul.

“No Norte do Vietnã as pessoas são mais agressivas e hostis aos estrangeiros por causa do trauma causado pela guerra contra os Estados Unidos, onde milhares de bombas foram despejadas. Por outro lado, você tem a oportunidade de conhecer lugares maravilhosos, como o arquipélago de Ha Long Bay, um dos pontos turísticos do país. Nessa viagem fui convidado para um chá numa casa flutuante”, lembra Danilo.

O próximo destino, que deverá ser percorrido entre maio e julho de 2010, será o Cambodia, passando novamente pela Tailândia, Malásia, Singapura e Indonésia, finalizando a 4ª etapa.


Projeto Homem Livre:

Danilo criou o projeto Homem Livre quando fazia o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, de bicicleta. Após pedalar 4,3 mil quilômetros em cinco paises, o ciclista resolveu iria até Marrocos na África, e foi lá que teve uma grande surpresa. “Foi quando cheguei à Marrocos que percebi que tinha condições de realizar a volta ao mundo. Voltei ao Brasil com planos para essa viagem”, explica.

O projeto Homem Livre, dividido em 8ª etapas, teve início em Belo Horizonte, no dia 8 de agosto de 2008, quando Danilo seguiu a Estrada Real até a cidade do Rio de Janeiro.

De lá, embarcou em vôo para a Europa, iniciando a 2ª etapa, passando por países como Inglaterra, Holanda e Noruega, cruzando a Europa até chegar à Grécia. A 3ª etapa, no Oriente Médio e África, teve início na Turquia e finalizou nos Emirados Árabes.

A Ásia, 4ª etapa da viagem, que está em andamento, começou no Irã e terminará na Indonésia. Na próxima fase dois países serão percorridos: Austrália e Nova Zelândia. Canadá e Estados Unidos da América são os próximos, representando a 6ª etapa.

Dos Estados Unidos, Danilo chega ao México, iniciando a 7ª etapa, que percorre países como Honduras e Nicarágua, chegando ao Panamá. A 8ª e última etapa – na América do Sul - tem início na Colômbia, passa pela floresta amazônica e chega a Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde a viagem começou.



Fonte: Luana Oliveira