A preocupação com o terrorismo na Copa do Mundo

Editoria: Vininha F. Carvalho 31/05/2010

A poucas semanas do início da Copa do Mundo na África do Sul, a insegurança com ameaças de ataques terroristas é grande. A Holanda, por exemplo, manifestou publicamente a preocupação com seus torcedores depois que um integrante da Al Qaeda disse planejar ataques contra holandeses ou dinamarqueses.

A Interpol, por sua vez, vai enviar cerca de 200 especialistas no assunto para ajudar a polícia local durante a competição, além dos 31 países que também enviarão profissionais para trabalharem em conjunto com seguranças sul-africanas.

Para o advogado criminalista, especializado em ataques terroristas, Antonio Gonçalves*, mesmo com toda a preocupação e a garantia de proteção das autoridades, o país ainda pode correr riscos de ataques, "afinal a oportunidade para disseminar o medo é a mola propulsora do terrorismo e um evento de massa com repercussão mundial é uma oportunidade de assustar o mundo como no caso recente de Kabinda e a seleção do Togo e os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos".

O principal enfoque dos grupos terroristas é a produção do terror e uma nova forma de espalhar a insegurança coletiva surgiu. “O atentado à delegação de futebol do Togo, por exemplo, foi promovido por um inimigo oculto, isto é, o terrorismo demonstra que o medo pode emergir em qualquer momento, seja no trabalho, no descanso ou até mesmo no lazer. E a insegurança em não se conhecer o próximo passo é que fomenta o terror, tanto que Togo se retirou da Copa Africana de Nações, por temer pela segurança e pela integridade de seus atletas”.

Gonçalves afirma que não há como negar que o terrorismo chegou ao esporte e a melhor maneira de combater é investir em um trabalho conjunto das autoridades como Interpol e Scotland Yard, como forma de prevenção e de segurança para a população. Algumas seleções reforçaram seu esquema de segurança com forma de preservar os atletas e propiciar equilibrio e tranquilidade a todos. O importante é não ignorar os sinais que as células terroristas sempre enviam, para evitar que um colapso global ocorra.

“O poder corrompe as pessoas e as nações e o terrorismo é a mostra cabal de que a cobiça não possui limites. O pano de fundo que cobre e envolve o terrorismo engloba questões como religião e etnia e enquanto não encontrarmos uma forma eficiente de combate, ou melhor, de proteção, o terror segue na porta ao lado e até mesmo o esporte perdeu sua aura imaculada”, finaliza.



AUTORIA: Antonio Gonçalves é advogado criminalista, especialista em Criminologia Internacional: ênfase em Novas armas contra o terrorismo pelo Istituto Superiore Internazionale di Scienze Criminali, Siracusa (Itália); em Direito Penal Empresarial Europeu pela Universidade de Coimbra (Portugal); membro da Association Internationale de Droit Pénal - AIDP. Pós-graduado em Direito Penal - Teoria dos Delitos (Universidade de Salamanca - Espanha). Mestre em Filosofia do Direito e Doutorando pela PUC-SP. Fundador da banca Antonio Gonçalves Advogados Associados, é autor, co-autor e coordenador de diversas obras.