Círio de Nazaré faz de Belém a capital da fé

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/10/2009

Belém, capital do Pará, já aguarda milhares de turistas e romeiros que deverão chegar à cidade nos próximos dias para as festas e homenagens que compõem o 217º Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira dos paraenses.

O Círio começa na próxima sexta-feira (9/10) e vai até domingo (11/10), quando é realizada a procissão que leva a imagem da Nossa Senhora de Nazaré da Catedral da Sé até a Basílica de Nazaré.

A procissão deve atrair entre dois e três milhões de pessoas às ruas de Belém, tornando o Círio a manifestação religiosa brasileira que reúne mais fiéis em um único dia.

São moradores da cidade e peregrinos que se misturam para pagar e fazer promessas à Virgem ou simplesmente conhecer essa demonstração de fé e cultura popular. De acordo com a Companhia de Turismo do Pará, o número de turistas aumenta ano após ano.

Nos últimos seis anos, o número dos que participam do Círio aumentou em 10%, chegando a quase 70 mil fieis ano passado. Um dos momentos mais aguardados por essa multidão é o da romaria fluvial, quando cerca de 700 barcos atravessam 10 milhas da Baía de Guajará seguindo a imagem da santa.


Outro símbolo marcante é a corda que puxa a berlinda com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré no cortejo de domingo. Em 1885, as enchentes que atingiram o mercado Ver-o-Peso, situado às margens da Baía do Guajará fizeram com que romeiros utilizassem uma corda para puxar a berlinda que conduzia a imagem.

Daí em diante, a corda incorporou-se de tal forma ao Círio e poder segurá-la passou a ser uma das coisas mais desejadas pelos romeiros na procissão.

Considerado o Natal dos paraenses pela relevância religiosa, cultural e econômica para o estado, acompanhe abaixo os principais aspectos do Círio:

Cultura:

O Círio agrega o sagrado e o profano, o erudito e o popular. Em 2004, foi oficializado como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Além da festa religiosa, existem diversas manifestações que ocorrem dentro do período nazareno como o Arrastão do Grupo Arraial do Pavulagem, que percorre as ruas do centro levando uma multidão na levada do boi, a Festa GLS Chiquita e o Auto do Círio. Este ano, o Círio também conta com a reinauguração da Catedral Metropolitana de Belém (Catedral da Sé), que ocorreu no dia primeiro de outubro, depois de mais de três anos de obras de restauro.

Culinária:

Outro atrativo oferecido aos turistas é a culinária. Durante o Círio, não faltam maniçoba, pato no tucupi e arroz paraense (feito com camarão, jambu e tucupi), pratos típicos do estado. O vatapá também é outra opção. E as sobremesas variam desde o tradicional açaí até as feitas com frutas regionais, como os sorvetes de cupuaçu e de açaí, tortas de cupuaçu, bacuri e taperebá. O famoso tacacá é outra opção para o lanche da tarde e da noite

Economia:

Uma pesquisa do Dieese (PA) mostra que o Círio movimenta cerca de R$ 700 milhões na economia paraense e recebe cerca de 70 mil turistas, que se somam aos quase três milhões de paraenses que acompanham a procissão de domingo, além de gerar milhares de empregos diretos e indiretos. É com certeza, o período onde o turismo cultural e religioso se mostra mais intenso.

O Círio de Nazaré é a segunda data comemorativa em vendas no Pará, só perde para o Natal. Quase 80 % dos paraenses têm nele sua maior festa. O número de empregos informais aumenta em 30% durante o período que antecede a festa.

Turistas:

A maior parte dos turistas que vêm para o Círio é de brasileiros. Uma pesquisa feita em 2008 mostrou que a maioria vem do Maranhão (17,9%), seguido por São Paulo (15,3%), Ceará (15,3%), Rio de Janeiro (14,9%) e Amazonas (12,8%). Mas os estrangeiros também representam um número significativo. Em 2006, a presença de estrangeiros foi estimada em quase 4.500.

Exposições:

“Joias de Nazaré 2009 – Basílica Tesouro da Fé” está aberta no Espaço São José Liberto, antigo presídio inaugurado em 2002, que abriga o Museu de Gemas do Pará, o Polo Joalheiro e a Casa do Artesão. O acervo do museu reúne quatro mil peças, entre cerâmica arqueológica (marajoara e tapajônica), gemas minerais e orgânicas, formações minerais raras e jóias de coleção.

Museu do Círio:

Funciona no subsolo da Basílica de Nazaré. O acervo de mais de 1.600 peças foi formado de doações feitas por instituições ligadas à Igreja Católica, por católicos e, principalmente, por promesseiros.

Os visitantes do museu podem apreciar desde o achado da imagem até os pedaços da corda que puxam a berlinda. As imagens peregrinas e as “originais”, mantos e fotografias, são algumas peças do importante acervo do museu.



Fonte: Célia Moreno / Fernanda Mira