Itaipu e parceiros vão construir o primeiro condomínio cooperativo de energias renováveis do Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 12/08/2009

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Walter Bianchini, o diretor-presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Rubens Ghilardi, e o prefeito de Marechal Cândido Rondon, Moacir Froehlich, assinam hoje, dia 12, às 9h, no Centro de Exposição de Marechal Cândido Rondon, o termo de lançamento do projeto do primeiro condomínio cooperativo de energias renováveis do Brasil.

O projeto, que também tem como parceiros o Centro Nacional de Pesquisas de Aves e Suínos da Embrapa, o Iapar, a Emater-PR, a Fundação Parque Tecnológico Itaipu e o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai), abrange propriedades rurais de agricultura familiar da bacia do Rio Ajuricaba, localizada no município de Marechal Cândido Rondon, que irão gerar energia a partir de dejetos da agropecuária.

Com assistência técnica da Itaipu e da Emater/PR, as propriedades, na maioria dedicadas à criação de suínos e de bovinos de leite, farão o tratamento dos dejetos desse animais, gerando biogás, que por sua vez funciona como combustível para motogeradores, produzindo energia elétrica.

O biogás será transportado por meio de um gasoduto que interligará biodigestores instalados nas propriedades a uma microcentral termelétrica, a ser operada pelos produtores, em regime de condomínio.

Além de evitar a poluição dos rios e do ar, o processo tem como subproduto o biofertilizante, que será utilizado nas pastagens e lavouras, aumentando a produtividade. As propriedades beneficiadas ficam na Bacia do Rio Ajuricaba, localizada em Rondon.

A energia elétrica gerada será vendida à Copel, a exemplo do que ocorre em outras instalações na região, como a Granja Colombari, em São Miguel do Iguaçu, a Granja Starmilk, em Vera Cruz do Oeste, a Unidade Produtora de Leitões da Cooperativa Lar, em Itaipulândia, a Estação de Tratamento Ouro Verde, da Sanepar em Foz do Iguaçu e, a partir de 15 de agosto, o Frigorífico de Aves da Cooperativa Lar, de Matelândia.

Todas essas unidades fazem parte da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, iniciativa que visa promover o aproveitamento de fontes renováveis para a geração energética no meio rural, como a biomassa, a eólica, a solar e a hidrelétrica de pequeno porte.

Aos ganhos que os produtores terão com a venda de eletricidade, será somada a receita com o comércio de créditos de carbono, pelo chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kioto. Isto porque o tratamento ambiental dos resíduos e dejetos evita emissões de gás metano, que é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico.

Benefício para a agropecuária familiar:

O projeto do condomínio nasceu de entendimento do secretário Valter Bianchini e do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, de atender a agropecuária de caráter familiar, que representa mais de 70% das propriedades rurais do Oeste do Paraná. Entre as unidades que já integram a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, a menor é a Granja Colombari, com 3 mil suínos, o que representa um porte industrial médio. Portanto, o projeto do Ajuricaba inaugura uma nova fase, voltada aos pequenos produtores.

"Esse é um aspecto muito importante do projeto do Ajuricaba, porque ele demonstra que as energias renováveis são viáveis mesmo para as pequenas propriedades. Com isso, o agricultor familiar tem novas perspectivas de renda, produzindo segundo critérios ambientalmente corretos. É uma experiência pioneira que acreditamos que pode ser levada para várias outras localidades do País", afirma o diretor-geral brasileiro da usina binacional.

Além das instalações para a geração de energia (dutos para canalização de dejetos e do biogás e construção de biodigestores), as 41 propriedades contempladas pelo projeto passarão por uma série de melhorias para atender a critérios de produção sustentável como, por exemplo, a readequação de estábulos e de outras instalações que, eventualmente, se encontrarem dentro da área prevista para a reserva legal (junto à margem dos rios).

Pelo convênio, a Itaipu se responsabilizará pela elaboração do projeto e, juntamente com a prefeitura e o governo do Estado, cederá materiais e maquinário para as obras. À comunidade, caberá a mão-de-obra. Para a construção da microcentral termelétrica, será realizada uma licitação.

A organização em forma de condomínio cooperativo (que funcionará de forma semelhante a um condomínio residencial), foi proposta pela Emater e aceita pelos parceiros por sua flexibilidade e facilidade de gestão por parte dos agricultores. Antes de elaborar o projeto, a Itaipu e demais parceiros foram buscar referências na Áustria, país onde esse tipo de energia está mais desenvolvido. Lá, os proprietários rurais estão aplicando a energia da biomassa residual das atividades agropecuárias no transporte.

A partir de um kit de purificação do gás, é possível obter um combustível que pode ser utilizado em qualquer veículo adaptado ao GNV (gás natural veicular).

"É possível que, futuramente, os agricultores do Ajuricaba possam também utilizar o biogás que produzem para a movimentação de safra e no maquinário agrícola", prevê o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley.

"Mas, somente pelo fato de ser possível a pequenos agricultores vender energia para a Copel, significa dizer que está nascendo na região Oeste do Paraná uma nova economia rural, com a bioeletricidade como vetor de desenvolvimento sustentável", acrescenta.

O projeto também tem como princípio estimular o aproveitamento de tecnologias desenvolvidas na região. Por isso, serão utilizadas as soluções criadas e aprimoradas pelo agricultor Pedro Köhler, que adaptou caixas dágua de fibra para serem utilizadas como biodigestores. A partir de várias experiências, Köhler chegou a um modelo de biodigestor vertical que é praticamente autolimpante. Logo ao chegar à propriedade dele, localizada próxima de Toledo, já é possível perceber duas importantes vantagens do tratamento dos dejetos: a ausência de moscas e de mau cheiro.

Como se trata de uma iniciativa inédita no País, a Itaipu pretende fazer do condomínio uma referência, com infraestrutura para receber visitas técnicas, de instituições de ensino e pesquisa, e órgãos de governo interessados em promover o aproveitamento de fontes renováveis de energia. A perspectiva é concluir as obras e iniciar a geração de energia até janeiro de 2010.









Fonte: Itaipu Binacional