Apenas 10% dos computadores no mundo são reciclados

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/06/2009

O aumento da quantidade de lixo eletrônico, cerca de 50 milhões de toneladas geradas mundialmente, preocupa grandes empresas do setor de tecnologia da informação. Dados divulgados no evento da Fecomercio realizado no dia 3 de junho, apontam que apenas 10% dos computadores são reciclados no mundo.

“A maior preocupação é sobre os riscos ao meio ambiente causados pelos descartes de equipamentos eletrônicos já superados”, comenta Renato Opice Blum, presidente do Conselho Superior de Tecnologia da Informação da Fecomercio.

“O avanço da tecnologia traz curiosidades e novidades sobre as novas formas de utilização dos dispositivos, temos de saber aproveitá-los. Medidas simples, como desligar o carregador de celular da tomada após o carregamento e o computador após o uso, podem contribuir para o consumo de energia”, afirma.

Segundo Antonio Milagre, advogado especializado em Direito Eletrônico e IT Environmental Compliance, hoje há empresas que já atendem normas internacionais, com auditoria e autodeclarações de sustentabilidade e menores impacto ao meio ambiente. Para o advogado, essas empresas verdes fazem parte de um novo cenário das relações entre consumidores e fornecedores, impulsionadas por um sinal do planeta percebido pelo mundo.

“Ser verde está longe de ser estratégia de marketing de nítido superficialismo. O consumidor está aprendendo a distinguir marketing verde de empresas verdes”, avalia. Para ele, o custo de investimento para tecnologias verdes varia de U$ 40 mil a U$ 200 mil e o retorno é de 10 a 15 vezes mais.

Segundo Milagre, o novo conceito de compras sustentáveis para reduzir emissão de poluentes e o uso de matéria-prima já são adotados pelos Estados Unidos (EUA), Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, Reino Unido e Japão. Ainda há muitas restrições e poucos incentivos para a produção de tecnologias verdes. “O governo dá incentivo para produção de plástico, mas isso deveria ser estendido à tecnologia da informação.”

Para José Jairo Santos Martins, presidente da Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de São Paulo (Sucesu – SP), as vantagens das empresas adotarem políticas focadas no desenvolvimento sustentável, além da economia, é o aumento do valor da marca e da reputação. Segunda Martins, em 2002, as empresas listadas no Índice Dow Jones Sustentável estavam mais valorizadas.

Para Martins, um monitor em plena atividade consome 73 W, enquanto em modo sleep 3 W. As dicas para economizar energia são utilizar aparelhos multifuncionais que sirvam para impressão, xerox e outros aplicativos, reduzir as viagens a negócio e estimular teleconferências.

De acordo com Gleverton Munno, diretor de assuntos corporativos da Dell, a tecnologia da informação representa 2% de todo o consumo de energia dos EUA em 2007, o equivalente ao setor de aviação. Segundo Munno, estima-se um aumento de 76% neste consumo em 2010. Com essa preocupação, a Dell oferece aos clientes reciclagem gratuita de aparelhos eletrônicos e utiliza o mínimo exigido de materiais pesados e substâncias nocivas nos produtos.

“Em 2010, pretendemos economizar 25% de energia nos computadores”, afirma. Em 2008, a Dell lançou a neutralidade de carbono, em parceria com o carbon found, em que uma árvore é plantada para cada emissão de CO2, e passou a exigir de seus fornecedores relatórios de controle para prepará-los a ser tornar verdes.

Segundo Munno, o Brasil enfrenta problema de harmonização das regulações em relação à responsabilidade compartilhada. “Ao invés de punir, o governo deveria incentivar as práticas sustentáveis de forma holística.”

Para Jô Elias, diretora de Comunicação da Nokia do Brasil, ser sustentável é questão de sobrevivência do negócio. Em 2006, a Nokia retirou substâncias nocivas dos aparelhos celulares como o Poli (Cloreto de Vinila) - PVC, o bromado e o cromado. Em 2007, foi a primeira fabricante a incluir um aviso para retirar o carregador de celular da tomada após o uso.

“Se todos tirassem o carregador da tomada haveria uma economia de 240 mil toneladas de CO2, o que corresponde a retirada de 4 milhões de carros das ruas. A indústria de TI é tão grande que pequenas medidas fazem diferença”, explica.

Segundo Jô, a empresa está elaborando um carregador que não gaste energia e está aumentando os postos de coleta de reciclagem para celulares. Jô ressalta que 80% dos aparelhos Nokia podem ser reciclados. Além disso, a companhia reduziu o tamanho das embalagens, o que gerou uma economia de U$ 47 milhões e a redução de 12 mil caminhões de entregas nas ruas. “Em momento de crise, no qual o lucro da empresa deve reduzir 10% em 2009, essas práticas sustentáveis ajudam a economizar custos.”




Fonte: Adriana Peres Dorante / Fecomercio