Destinação de lixo eletrônico deve ser planejada pelas empresas

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/06/2009

O aumento na quantidade de lixo eletrônico e seus impactos ao meio ambiente são os temas principais que foram discutidos no evento “Empresas Cyberverdes – Desenvolvimento Tecnológico e Sustentabilidade”, que a Fecomercio realizado no dia 3 de junho, das 9h às 12h. O seminário foi presidido por Renato Opice Blum, presidente do Conselho Superior de Tecnologia da Informação da entidade.

Segundo Opice Blum, com o avanço da tecnologia, surgiram novos dispositivos eletrônicos que estão sendo descartados sem nenhum monitoramento. “Devido a esse avanço, há um problema de descarte de lixo eletrônico, e por falta de planejamento por parte das empresas o lixo tecnológico acaba poluindo o meio ambiente”, afirma.

Para o presidente do conselho, já existem companhias preocupadas com a destinação desse lixo, como as empresas verdes. “Essas estão adquirindo a cultura de planejar medidas sustentáveis para equipamentos eletrônicos e deve ser acompanhada por todos os setores, ganhando cada vez mais adeptos.”

Segundo Opice Blum, não existem leis claras sobre o Direito Eletrônico, pois a tecnologia está muito à frente da justiça. “Ainda não temos um time de especialistas focado neste segmento e esse problema é mundial”, ressalta.

Segundo José Antonio Milagre, advogado especializado em Direito Eletrônico e IT Environmental Compliance, as legislações estaduais e até mesmo municipais suprem a deficiência federal e implementam sistemas de coletas designadas de produtos de TI. “Hoje temos empresas que já atendem normas internacionais, com auditoria e autodeclarações de sustentabilidade e menores impacto ao meio ambiente.”

Para o advogado, essas empresas verdes fazem parte de um novo cenário das relações entre consumidores e fornecedores, impulsionadas por um sinal do planeta percebido pelo mundo.

“Ser verde está longe de ser estratégia de marketing de nítido superficialismo. O consumidor está aprendendo a distinguir marketing verde de empresas verdes”, avalia. Milagre salienta que o perfil do consumidor mudou e que, depois do preço, busca produtos sustentáveis, fazendo toda a diferença nas decisões estratégicas de uma empresa.

Para Milagre, hoje, é crescente o conceito de "compras públicas verdes", onde ser "empresa verde" será critério fundamental para participação de concorrências públicas e, em alguns casos, poderá ensejar até a dispensa ou inexigibilidade de licitação. “Isso é bom para quem já estrutura internamente uma Política de Tecnologia Verde (PTV).”

Segundo o advogado, a tendência é que a empresa verde seja clássica obrigação legal e para estimular a prática sustentável é preciso do maior amparo legal na legislação que tutela boa parte das relações eletrônicas.

“O Brasil caminha para a regulamentação das relações eletrônicas, de negócios a crimes, passando pelo comércio eletrônico, mas lamentavelmente a lei não alcança os crimes ambientais eletrônicos, ou seja, decorrentes do mau uso da tecnologia da informação”, comenta Milagre. O advogado acrescenta que esta matéria ficará a cargo de leis gerais e da autorregulamentação das empresas, em face da consciência ecológica.

Exemplo sustentável:

A Nokia, líder mundial em mobilidade, com mais de 1 bilhão de usuários de aparelho celular de sua marca no mundo, também está disposta a ser a líder em medidas sustentáveis. Segundo Jô Elias, diretora de comunicação da Nokia do Brasil, o principal trabalho da empresa para contribuir com o meio ambiente é a reciclagem de celulares, tema do case que será apresentado no evento. “Para a Nokia, a preocupação com a sustentabilidade permeia todas as etapas de vida dos produtos”, afirma.

O evento também contou com a participação do presidente da Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de São Paulo (Sucesu-SP), José Jairo Santos Martins, que vai debater sobre medidas de sustentabilidade como estratégia para melhoria de desempenho das empresas, além de um case da Dell, apresentado por Gleverton Munno sobre Lixo Eletrônico

Fonte: Adriana Peres Dorante / Fecomercio