Lavanderia pernambucana enfoca uso racional da água

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/06/2009

Diferencial no produto e uso consciente dos recursos ambientais. Há 20 anos, a Lavanderia Mamute trabalha na cidade pernambucana de Toritama com essas referências. Localizada em meio ao agreste, a empresa atua com a reciclagem da água, em uma área carente de recursos hídricos.

Edilson Tavares de Lima, diretor industrial da Mamute, diz que um dos motivos pelo qual a lavanderia se destaca no mercado é a qualidade do produto. A empresa lava, tinge e ainda customiza produtos para confecções do município. Fabricantes de roupas, antes de vender, entregam as peças à Mamute para que ela dê um formato ao produto, como o do jeans com aspecto de amassado, que, segundo Edilson, “está na moda”.

Toritama constitui um dos pólos de confecção de Pernambuco. Na cidade existem cerca de duas mil empresas do segmento, o que dá gás aos serviços da Mamute. A empresa lava cerca de três mil peças por dia.

Reaproveitamento:

Um dos aspectos cruciais da lavanderia de Edilson se refere à questão ambiental. “Quando montamos nosso negócio, identificamos que a falta de água na região era um grande problema para o nosso empreendimento”, conta.

Em 1999, veio a solução por meio de uma parceria da Mamute com o Sebrae, Sindicato do Vestuário do Estado de Pernambuco (Sindivest) e com a BFZ, uma instituição alemã que desenvolve soluções ambientais. O projeto recebeu apoio do Programa Sebrae de Consultoria Tecnológica (Sebraetec).

Edilson conta que quando anunciou que sua empresa trabalharia com reciclagem isso gerou desconfiança na cidade. “As pessoas vinham me questionar sobre como eu usaria água suja para lavar roupa”, lembra.

Tavares recorda que com a ajuda dos técnicos alemães se deu conta de que não necessitaria utilizar água potável em todas as etapas da lavagem. “O custo para tornar a água potável é muito elevado”, observa o diretor industrial.

Por meio da tecnologia alemã, conseguiu o reaproveitamento de 60% da água usada pela empresa. O processo consiste em três etapas. Primeiro são separados o líquido dos resíduos sólidos. Em um segundo momento, ocorre a homogeneização da água com diversos teores de sujeira. Finalmente, é aplicado tamino na água, produto com função de limpar.

“O pulo do gato foi dividir nosso trabalho em fases que exigem ou não o uso da água potável e em que momento se consegue reaproveitar o líquido”, conta Tavares.

Além de evitar que água suja seja atirada no rio Capibaribe e polua o meio ambiente, a Lavanderia Mamute conseguiu economizar, com o suporte dado pelos alemães. Antes, gastava 120 litros para lavar cada peça. Atualmente, são 70.

Edilson Tavares comemora o fato. Para ele, que deu um depoimento no programa de rádio do Sebrae, inovar tem a ver necessariamente com sobrevivência. “Em um mercado como o de moda e roupas, em constante mudança, você tem que se re-inventar a cada estação”, constata.

Fonte: Sebrae