UNICEF lança cartilha indígena em Fórum de Secretários

Editoria: Vininha F. Carvalho 18/02/2009

Hoje, dia 18, o UNICEF lança a primeira cartilha bilingue da etnia Tembé, durante a realização do Fórum de Secretários Municipais de Educação, organizado pela Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc).

A Cartilha é voltada para a educação indígena do Ensino Fundamental. Seu lançamento acontece ainda junto com o anúncio da Seduc de construir, ainda este ano, 17 escolas indígenas de Ensino Médio. Três delas serão na Terra Indígena Turé Mariquita, em Tome-Açu, nas aldeias Tembés de Caramiri, Cuxiumiri e Aldeia Nova, que vão atender 88 alunos.

Ténêtéhar (índio) Porangaty (líder mais velho dos Tembés) – Educação Escolar Indígena, Tembé Ténêtéhar é o nome da cartilha. Em pouco mais de 140 páginas, são contadas histórias, é descrito o alfabeto fonético, com base na língua Tupi e o alfabeto tendo como referência o Tupi Guarani. A Cartilha também propõe atividades pedagógicas para o desenvolvimento da escrita em português e no Tupi.

A publicação é resultado de um trabalho de mais de seis meses. Ao longo deste período foram realizadas cerca de 10 reuniões e encontros, entre a equipe liderada por uma especialista em educação indígena do Projeto EducAmazônia, com o apoio da Prefeitura de Tomé-Açu, e professores, lideranças, mulheres, crianças e adolescentes indígenas para planejar, elaborar e produzir a cartilha.

A realização dos inúmeros encontros foram recheados de conversas, troca de informações, produção de desenhos e histórias contadas e registradas. Todas estas atividades foram desenvolvidas com crianças, mulheres, lideranças e educadores. Os desenhos, as fotos e todo o conteúdo foi sendo estruturado com a participação direta dos Tembés.

Ao longo desta construção, crianças e adolescentes retomaram contato com sua própria história. Mas um fato muito especial aconteceu: a língua dos Tembés praticamente perdida para muitos, foi resgatada junto aos poucos membros da etnia que ainda a falam.


Sobre os Tembés:

Os Tembé constituem o ramo ocidental dos Tenetehara. O grupo oriental é conhecido por Guajajara. Sua autodenominação é Tenetehara, que significa gente, índios em geral ou, mais especificamente, Tembé e Guajajara.

Sua população está distribuída entre os estados do Pará e Maranhão. No Pará são 485 pessoas, distribuídas nas terras indígenas de Tembé, Turé Mariquita e Alto Rio Guamá, nos municípios de Tomé-Açu, Paragominas, Santa Luzia do Pará e Nova Esperança do Piriá.

É uma população que vive sob permanente ameaças de violência e invasão de suas terras. Nas duas últimas décadas, a principal luta dos Tembé tem sido pela integridade de seu território, invadido por centenas de famílias de posseiros e pela presença de madeireiros, fazendeiros, mineradoras e outras empresas.

Fonte: UNICEF Brazil