Reduzir energia para gerar economia

Editoria: Vininha F. Carvalho 26/03/2009

Produtores lean usam muitas ferramentas de melhoria de processos para obter e manter eficiência, flexibilidade e lucratividade. Tais ferramentas permitem substituir depósitos de estoque ociosos por redes velozes de informações, transformar restrições de capacidade em produção de resposta rápida e padronizar processos para obter qualidade consistente em escala global.

Como essas empresas gerenciam custos de energia em espiral, dependem continuamente da melhoria do processo lean para reduzir desperdícios e proteger lucros. Certamente, há uma demanda social por economia de energia a fim de preservar o meio-ambiente, contudo, os empresários sabem que a redução de energia também é crucial para a sobrevivência a longo prazo das empresas.

A energia é essencial para a produção. No entanto, quando comparada superficialmente com outras matérias-primas amplamente consumidas, se tornou uma das mais caras e voláteis. Assim, estabilizar os processos de consumo de energia e remover o máximo de desperdício possível tornaram-se obrigação para quem quer continuar competitivo no mundo.

Todos os tipos de negócios pagam mais pela energia, e os indicadores mostram que esta tendência continuará. Os aumentos atingem fortemente os industriais, pois eles consomem uma grande quantidade de energia em seus processos de produção, precisam de energia para transportar as mercadorias até os clientes e, freqüentemente, usam fontes de energia como gás natural e petróleo como matérias-prima.

De acordo com a Administração das Informações sobre Energia dos EUA, o custo do gás natural, que é a fonte de energia mais comum nas indústrias, aumentou 9,3 % de 2007 a 2008 e espera-se um acréscimo de, pelo menos, 1,9 % de 2008 a 2009. Felizmente, os produtores têm amplas oportunidades de reduzir o consumo de energia por meio do uso comum de ferramentas e técnicas.

Benefícios da redução de energia pela melhoria do processo lean -Tradicionalmente, as atividades lean não destacavam o uso de energia, mas nós sabíamos que os fabricantes que as aplicavam na produção obtinham uma significativa vantagem competitiva.

Pela aplicação das atividades lean no uso de energia, uma instalação média pode reduzir seu consumo em até 20%, dos quais 30% podem ser obtidos por mudanças de procedimentos e comportamentos. Empresários dos setores de agronegócios, alimentos e bebidas, papel e embalagens, além de outras indústrias de processo contínuo, têm o potencial de duplicar essas reduções, pois os processos operam sem interrupção e tendem a ser grandes consumidores de energia. Um empresário desses setores empenhado em cortar o consumo de energia conseguiu uma redução mínima de 10% em cada mudança processual.

A aplicação da mentalidade lean ao consumo de energia requer o mesmo conhecimento de criação de valores e redução de desperdício que das aplicações lean tradicionais. As práticas lean visam tornar as empresas mais competitivas e lucrativas, aumentando atividades que agregam valor e diminuindo ao máximo as que não agregam.

A maioria das empresas tem a grande oportunidade de reduzir atividades que não agregam valor porque, normalmente, 95% de qualquer processo é desperdício de tempo ou atividade. Podemos acrescentar um oitavo item à lista padrão de sete desperdícios: o desperdício de energia.

Além disso, precisamos compreender duas verdades sobre a melhoria do processo lean antes de usar ferramentas para reduzir o consumo de energia. Primeiro, a melhoria do processo lean é uma parte do gerenciamento lean, que requer um amplo compromisso de mudar a cultura dos líderes de uma empresa. O gerenciamento lean não é um conjunto de ferramentas ou um meio para reduzir desperdício em si próprio e por si próprio.

Um dos benefícios de colocar freqüentemente em prática o gerenciamento lean é a redução nos desperdícios e o aumento subseqüente do fluxo de caixa. Isso, no entanto, é apenas parte da meta final deste gerenciamento: gerar sustentabilidade de longo prazo por meio da melhoria contínua e desenfreada dos processos, o que alimenta a criação exponencial de valor para o cliente ao menor custo possível.

A gestão lean de energia deve ser parte de uma infra-estrutura de administração de energia que inclua gestão de ativos, desenvolvimento de fornecedor, seleção de locais estratégicos e outros fatores relevantes.


Capturando a Energia Desperdiçada:

A chave é prevenir perdas. As fábricas consomem mais de 80 de energia enquanto transformam matérias-primas em bens acabados. Este é um bom lugar para começar a identificar o desperdício, pois eliminá-lo significaria um impacto substancial e imediato. Dois modos pelos quais empresas podem começar a capturar a energia perdida imediatamente: encontrar e consertar vazamentos e administrar o desperdício de equipamentos e processos.

Aplicando o Kaizen à Redução de Energia - Propagar e manter os aprimoramentos dos kaizens de energia requer a mesma infra-estrutura de procedimentos disciplinados dos outros esforços de melhoria contínua.

Entre eles estão:

· Trabalho padrão: procedimentos precisos estabelecidos para cada tarefa do operador com base na taxa de desempenho;

· 5S: com freqüência, é a primeira etapa para remover o desperdício em uma área ou processo;

· Ciclo PDCA (Planejar-Desempenhar-Conferir-Agir): um ciclo de melhoria introduzido por W. Edwards Deming que propõe uma mudança em um processo (planejar), implementa a alteração (desempenhar), avalia os resultados (conferir) e requer ajustes (agir) com base nos resultados;

· Gerenciamento visual: expor todas as ferramentas de desempenho de um processo ou sistema de modo que todos os envolvidos possam compreender imediatamente o status do processo ou sistema.

A melhoria contínua do Lean sempre enfatizou a redução do desperdício. Isso faz tanto as ferramentas lean quanto as kaizen ideais para procurar e remover o desperdício de energia. Visivelmente, os benefícios da redução de tal consumo incluem uma projeção da responsabilidade para funcionários, clientes, comunidades, reguladores e legisladores. Internamente, os industriais tiram proveito da economia imediata e freqüente dos custos, de processos mais estáveis e de um avanço para programas de certificação como a ISO 14001.

Enquanto as preocupações com as mudanças climáticas e a proteção dos recursos demandam a atenção dos negócios que são grandes consumidores de energia, a obrigação competitiva de aumentar o valor para o cliente, controlando os custos, fica em evidência. Felizmente, as ferramentas de melhoria de processo lean, comuns e comprovadas, podem ajudar as empresas a enfrentarem ambos os desafios.



Autoria: Anand Sharma - fundador e CEO da TBM Consulting Group, Inc. e autor dos livros “A Máquina Perfeita” e “O Antídoto”.

Fonte: Planin