Monte Verde encanta pela natureza e pelo romantismo

Editoria: Vininha F. Carvalho 19/06/2013

Uma combinação de Suíça e Nova Zelândia com tempero mineiro. Assim é Monte Verde, um dos mais simpáticos destinos turísticos do Brasil. A apenas 167 km de São Paulo, Monte Verde é um paraíso ecológico encravado entre alguns dos picos mais altos da Serra da Mantiqueira e com atrações para todas as idades e todos os gostos, dos fondues e chalés com lareiras aconchegantes ao estilo suíço aos esportes de aventura que são a paixão dos neozelandeses.
Para começar bem sua estadia, a primeira coisa que o viajante deve fazer é... respirar fundo.

Distrito do município de Camanducaia (MG), Monte Verde fica a 1.600 metros de altitude e ocupa uma área de 650 hectares, onde é possível encontrar um musgo que só cresce onde o ar é 98% puro. A altitude traz outro benefício: o clima seco e frio, típico das montanhas.

As estações são bem definidas e a temperatura é amena o ano todo. No verão, a média é 26º C de dia e 14º C à noite. Já no inverno, o termômetro chega a ultrapassar os 20º C durante o dia, mas, com o cair do sol, a temperatura declina rapidamente, chegando a 5º C ou 6º C graus à noite.

O clima agradável e a natureza exuberante encantaram o letão Verner Grinberg nos anos de 1930. Falecido recentemente (13.08) foi ele que trouxe os primeiros moradores para a região, dando início à vila. Todos eram de origem européia – alemães, italianos e suíços, além de compatriotas da Letônia. Até hoje, a influência européia está presente em Monte Verde, principalmente na arquitetura e na gastronomia.

Fondues, chocolates e vinhos convivem pacificamente com pães de queijo, compotas de fruta e outras delícias da culinária mineira. A boa comida é uma marca registrada da vila, mas é possível neutralizar o efeito das inevitáveis calorias a mais: aproveitar a vida ao ar livre, fazendo trekking, escaladas, rafting, arborismo ou rappel, por exemplo. E ninguém precisa ser especialista em esportes radicais para se aventurar pelas montanhas e pelos rios de Monte Verde. Há opções para iniciantes e para crianças.

À noite, a atmosfera se transforma. Enquanto as famílias se recolhem nos cerca de 150 hotéis e pousadas da vila, os casais curtem o romantismo dos jantares à luz de vela e das caminhadas pelas ruas tranqüilas, iluminadas pela lua. Já os grupos de amigos reúnem-se nos bares, muitos deles com música ao vivo. Depois da noitada, quem consegue acordar cedo pode ser premiado com o espetáculo natural da neblina nas matas da Mantiqueira.
Monte Verde tem tudo isso e muito mais, confira nas próximas páginas.


Dos Bálcãs para as Gerais:

A história de Monte Verde confunde-se com a trajetória pessoal de Verner Grinberg (1910-2006). Em meados de 1913, sua família emigrou da Letônia para o Brasil e fixou-se em Paraguaçu Paulista (MG). Poucos anos depois, eles mudaram-se para a Colônia Varpa, criada por compatriotas dos Grinberg em 1922, no município de Tupã (SP). Varpa, que significa espiga em letão, transformou-se no maior núcleo de imigrantes da Letônia no Brasil e chegou a abrigar a maior Igreja Batista do país. Economicamente bem-sucedida, a colônia atraiu novas levas de imigrantes, incluindo a família de Emília Leismer, que viria a se tornar esposa de Grinberg.

Foi a partir do casamento com Emília, em 1934, que Grinberg começou seu “namoro” com a Serra da Mantiqueira. Eles passaram a lua-de-mel em Campos de Jordão (SP), onde ouviram falar pela primeira vez dos então chamados Campos do Jaguary. A descrição encantou Grinberg: cortada pelo rio de mesmo nome, a região era praticamente intocada e as montanhas e o clima eram semelhantes aos da sua terra natal.

Em 1938, Grinberg e seu pai resolveram conhecer o paraíso. A viagem de dois dias foi difícil e os últimos trechos foram vencidos em cima do lombo de burros e a pé. O esforço valeu a pena: a região era realmente maravilhosa e Grinberg adquiriu uma grande gleba, decidido a implantar uma fazenda.

O entusiasmo de Grinberg contagiou parentes e amigos, em sua maioria imigrantes de origem européia que eram membros da Igreja Batista como ele. Para essas pessoas, Grinberg passou a ceder terrenos para que construíssem suas casas.

A partir de 1950, ele começou a lotear suas terras e a investir na infra-estrutura da vila, que recebeu o nome de Monte Verde em homenagem a seu fundador – “grin” quer dizer verde e “berg”, monte.

Os primeiros moradores desenvolveram um estilo de vida que os aproximava da auto-suficiência e não faziam questão de “modernidades”. A luz elétrica, por exemplo, só chegou em 1969. Ninguém usava relógios e, todas as manhãs, Emília Grinberg tocava um sino para anunciar a hora de acordar.

Os tempos mudaram e a comunidade cresceu muito: hoje, a vila possui cinco mil habitantes e está preparada para receber os turistas. Há agências de turismo, locadoras de motos e quadriciclos, bancos (agência do Bradesco e caixa eletrônico do Banco do Brasil) e até “lan house”. E ninguém precisa se preocupar com emergências: há consultório dentário, pronto-socorro 24 horas e um hospital.

Fonte: Gustavo Arrais - secretário de Turismo de Monte Verde – Camanducaia e diretor da AHPMV – Associação de Hotéis e Pousadas de Monte Verde/Rosa Arrais Assessoria