Lixo não é problema , é solução !

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/08/2008

Dar uma destinação ambientalmente adequada e economicamente viável ao lixo produzido hoje no Brasil é um desafio para o qual os Governos parecem não encontrar solução. Estima-se que apenas o Estado de São Paulo gere de 28 a 30 mil toneladas de lixo urbano por dia e, apesar dos programas privados de reciclagem e co-processamento, as medidas tomadas pelos órgãos competentes estão aquém das necessidades.

Mas já se identifica uma tendência a redução do consumo de certos materiais não orgânicos, como plástico, por exemplo, e iniciativas que prometem reaproveitar totalmente tanto o lixo orgânico, como o não orgânico. Nos dois casos, as oportunidades de negócios e geração de empregos são animadoras.

Embora uma pesquisa do Ibope, no fim do ano passado, tenha revelado que 70% da população ainda considera as sacolinhas plásticas ideais para o transporte de compras, há uma crescente tendência mundial pelo consumo de sacolas permanentes, feitas de pano. Lá fora, muitas companhias aderiram ao “movimento”. Por aqui, nota-se que a demanda crescente por esse tipo de produto já começa a gerar reflexos para pequenos e médios fabricantes.

Um exemplo disto é a Coopercostura, uma Cooperativa de costureiras situada no bairro de Vila Verde, periferia de Curitiba. Formada em 2006 por 19 senhoras da comunidade, a cooperativa começou com uma encomenda para 500 bolsas ecológicas e ao fim do primeiro ano de funcionamento contabilizou 20 mil peças produzidas.

Atualmente, eles trabalham a todo vapor para atender um de seus clientes, a Fiesp, que organiza a II Mostra Fiesp de Responsabilidade Socioambiental. O CORES – Comitê de Responsabilidade Social da Fiesp – fez um pedido de 12 mil eco bags para o evento que ocorre este mês, em São Paulo.

Além da redução do consumo de materiais não orgânicos, como o plástico, existem iniciativas para o reaproveitamento total do lixo. Os arquitetos Márcia Macul e Sérgio Prado encontraram na construção sustentável um método capaz de reutilizar garrafas pet, entulhos, embalagens longa vida e outros resíduos na construção civil. Eles criaram o Projeto Lixo Zero, Arquitetura Sustentável e Energia Renovável.

O Projeto aproveita totalmente o lixo urbano num processo de reciclagem que produz energia e material para a área de Construção Civil, sendo uma alternativa melhor para o homem e para o meio ambiente, ao contrário da incineração utilizada atualmente. Esses sub-produtos vão servir a um nicho de mercado que cresce paulatinamente, o das construções verdes, ou Green Buildings.

A cidade de São Paulo produz 15.000 toneladas lixo por dia, com uma proporção média de 60/70% orgânicos, 20/25% plásticos e 10/20% papéis e minerais. Esse volume é atualmente compactado em caminhões, com 12/14 toneladas e levados aos dois aterros existentes – São João ou Bandeirantes.

“Para esse transporte e despejo, a Prefeitura paga cerca de 30 milhões por mês, praticamente sem nenhum reaproveitamento, ou seja, sem gerar nenhum emprego e de forma perigosa, uma vez que ambos aterros sanitários já estão lotados - com 150 metros de altura de entulhos, contaminando todo lençol freático subterrâneo”, explica o arquiteto Sérgio Prado.

O lixo cresce 8% ao ano, garantindo assim que sua parte orgânica seja misturada aos esgotos da Sabesp, gerando mais lodo e CH4. O Lixo Zero pretende reaproveitar esse material, transformando-o em energia renovável.

Nas pequenas usinas, propostas no Projeto Lixo Zero, esses resíduos seriam processados, o que permitira secar o lodo e o restante do lixo orgânico e triturá-los devidamente junto com os resíduos plásticos e minerais, criando completo ciclo de sistema construtivo limpo, desde os pisos até as coberturas verdes. Além de evitar a incineração e reciclar todo o lixo, seriam gerados inúmeros empregos.

“Esta é uma inovação mundial uma vez que gera um ciclo inesgotável socioambientalmente correto, capaz de corrigir os maiores problemas contemporâneos”, comenta o arquiteto Sérgio Prado.

O projeto dos arquitetos se transformou em Projeto de Lei o Projeto de Lei “Lixo Zero, Arquitetura Sustentável e Energia Renovável” (PL1269/07), já protocolado na Assembléia Legislativa, que aborda o envolvimento das Secretarias no reaproveitamento dos co-produtos em construções sustentáveis para todo o Estado de São Paulo. Na íntegra, ele será apresentado durante a II Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental que ocorre de 13 a 15 de agosto, na Bienal do Ibirapuera em São Paulo

















Fonte: Adriana Ferreira / ECCO