Guaratinguetá, a terra natal de Frei Galvão

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/03/2008

O município paulista de Guaratinguetá está situado no vale do Rio Paraíba, em ponto estratégico entre o litoral de São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Emoldurado pelas magníficas serras Quebra-Cangalha e Mantiqueira, o povoado surgiu em 1628, em torno de uma capelinha feita de pau-a-pique e coberta de palha, erguida pelos primeiros homens brancos que por lá passaram a procura de ouro e pedras preciosas nas regiões além da Mantiqueira, que mais tarde seria conhecida por Minas Gerais. Grande quantidade de garças marcava a belíssima paisagem da região às margens do Rio Paraíba, por isso os índios a ela se referiam como Guaratinguetá, que em tupi-guarani significa reunião de garças brancas.

A população guaratinguetaense é muito voltada a intensa religiosidade, explicitada em sua esplêndida Catedral de Santo Antônio (tombada pelo Patrimônio Histórico), suas muitas igrejas (algumas inclusive tombadas como Monumentos Históricos e Arquitetônicos), seminário (recebe alunos de todo o país para formação religiosa), mosteiro (das monjas Concepcionistas que vivem em clausuras) e a conhecida em todo o território nacional Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

Guaratinguetá tem uma grande vocação festeira, oferecendo um calendário repleto de comemorações profanas e religiosas. Nelas são notáveis as heranças européias, miscigenadas pelas tradições africanas e indígenas.

Grupos folclóricos apresentam pela cidade a Catira (Cateretê), Moçambique (bailado guerreiro de origem africana), Folia de Reis, Maculelê (misto de jogo e dança de bastões), Capoeira, Quadrilha, Jongo (Caxambu) e Congada (bailado em que os figurantes representam, entre cantos e danças, a coroação de um rei do Congo).

A festa de São Benedito se apresenta como um dos maiores acontecimentos religiosos, culturais e sociais dentro do calendário de devoção popular brasileira. No início era festa de escravos e após a abolição do cativeiro ganhou maior expressão, atravessando os séculos e envolvendo nos dias atuais toda a comunidade rural e urbana.

Inicía-se no domingo de Páscoa com a saída das Caixas de São Benedito anunciando a festa, seguidas pelas cavalarias de São Gonçalo e São Benedito (são dezenas de milhares de cavaleiros vestidos à carater que desfilam por toda a cidade, com os cavalos enfeitados).

As Cavalarias seguem a procissão do Mastro, Coroa e Bandeira, presidida por um Rei e uma ainda que são seguidas de uma corte composta de Juízes de Vara e Ramalhete, Capitão do Mastro, Tenente da Coroa e Alferes da Bandeira. Durante os dois dias da festa, todas as solenidades são acompanhadas por grupos de Congadas e Moçambiques.

A simplicidade e cordialidade do povo de Guaratinguetá, aliadas a tradição e beleza da festa, emociona os visitantes, principalmente aqueles que vem dos grandes centros urbanos onde a grandeza dos pequenos gestos há muito tempo se perdeu.

Guaratinguetá também é rica em monumentos, marcos de sua memória, responsavelmente preservados e tombados pelo inquestionável valor histórico, arquitetônico e cultural que representam, além de ser a memória viva de seu povo. Caminhar pelas ruas da cidade é como retornar 200 anos na história, sem a preocupação com a violência que assola as grandes cidades, e, ao mesmo tempo valorizar a modernidade, porque em Guaratinguetá estão instaladas empresas detentoras da mais alta tecnologia .


Bairro Pedrinha:


A cordialidade com que o povo acolhe os turistas, a segunrança e tranquilidade de suas ruas, as festas profanas e religiosas, seus monumentos bem preservados e os pontos religiosos onde os visitantes demonstram sua devoção já seriam suficientes para fazer desta uma cidade muito especial. Mais ainda tem mais. Aqueles que tiveram o privilégio de conhecer os cenários campestres que a circundam foram unânimes em afirmar que tiveram grande dificuldade em retornar ao seu local de origem.Em outras palavras, não queriam ir embora, como alias, diz a lenda que quem conhece Guaratinguetá reluta em deixá-la, e sempre volta. Mas é fácil de entender: os que deixam a vida agitada para trás encontram-se com picos, cumes, serras, morros, colinas, rochedos, vales, mangues, rios, lagos, cachoeiras e entram em comunhão absoluta com a Mãe Natureza.

Guaratinguetá , uma cidade onde a natureza foi realmente generosa como toda mãe. O verde escuro da mata nativa só é quebrado pelos carros de boi transportando leite pelos caminhos das fazendas. Nos acessos às cachoeiras de águas geladas e cristalinas, que o povo nativo chama carinhosamente de "roça", o turista encontra desde fazenda de búfalos até flores e pássaros cujas pétalas e plumagens tem cores tão vivas e variadas que às vezes custa a crer que são reais.

O bairro do Gomeral é uma "roça" que merece destaque, pois ali dentro da mata intocada estão encravadas as cachoeiras mais esplêndidas da região, cujas águas rolando sobre as pedras formam delicadas piscinas naturais (12 quilômetros além fica o município de Campos do Jordão).

No bairro do Taquaral situa-se o aqueduto da Fazenda da Esperança, que desenvolve importante obra social em benefício da recuperação de homens e mulheres dependentes de drogas. O aqueduto é tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal e a área é ideal para a prática do alpinismo.

Na barragem dos Mottas, há 10 quilômetros da cidade, no bairro do Machadilho, pode-se apreciar a represa envolvida por um bosque de pinus americano, com altura variando entre 30 e 40 metros. Vivem nessas terras tatus, capivaras, veados, pacas, jacus e juritis. As águas da represa abrigam traíras, carpas, tilápias e bagres.

No bairro da Rocinha, a 1200 metros de altitude, já próximos a Serra do Mar e Estância Climática de Cunha, o visitante é presenteado com a aprazível paisagem serrana. Dali também se avista o vale - de uma beleza indescritível.

A Gruta de Nossa Senhora de Lourder sempre foi um ponto turístico religioso de grande atração e numerosa frequencia de romeiros vindos de Aparecida (situada a apenas 4 quilômetros de Guaratinguetá), que estendem sua devoção à Gruta, cuja água é considerada abençoada e milagrosa. Mas atualmente, em fase de finalização do monumento em honra do primeiro brasileiro nato elevado aos altares em 500 anos de História, a cidade prepara-se para receber os peregrinos com o carinho que é a sua marca registrada, porém com a constante preocupação de adequar-se à demanda que já se avista, buscando não permitir um turismo desordenado.

Com potencial turístico extraordinário, esta terra abençoada por frei Galvão tem cenários exuberantes, clima agradável, localização estratégica (distando 235Km da cidade do Rio de Janeiro, e 167km de São Paulo pela mesma rodovia), e variedade cultural e histórica (tem filhos ilustres como Presidente Rodrigues Alves, Dr. Zerbini, Dilermando Reis etc).

Todas essas maravilhas, que antes eram privilégios da comunidade, agora estão sendo descobertas pelos turistas, talvez influenciados pela canonização de frei Antônio de Sant Anna Galvão. Os "olhos" do Brasil voltam-se para essa simpática cidade, que precisa despertar o quanto antes para a poderosa "indústria sem chaminés" , o turismo com profissionalismo , se estruturando para atender bem os visitantes, inclusive o turista internacional.


Informações sobre hospedagem: (12) 3132 52 11.







Fonte: Vininha F. Carvalho - diretora da Del Valle Editoria