Novo método de reciclagem de entulho estará na Mostra de Tecnologia Sustentáveis

Editoria: Vininha F. Carvalho 30/05/2008

Um novo método de reciclagem dos resíduos da construção civil e demolição (RCD), que é 50% mais barato e tem consumo de energia 80% menor, será apresentado na Mostra de Tecnologias Sustentáveis, evento que ocorre em paralelo à Conferência Internacional Ethos, entre 27 a 30 de maio, no Palácio de Convenções do Parque Anhembi, em São Paulo.

Desenvolvida por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) e da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a tecnologia deverá ajudar a ampliar o mercado de reciclagem de RCD.

“O método dispensa a britagem do material a ser reciclado, o que barateia o processo e torna viável a instalação de pequenas usinas de reciclagem”, afirma a engenheira Carina Ulsen, do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo, da Poli, que integra a equipe de pesquisadores.

Vantagens:

Segundo Ulsen, a tecnologia desenvolvida permite que usinas de reciclagem simplifiquem a produção de matéria-prima para bases e sub-bases de pavimentação. Atualmente, a reciclagem de RCD passa necessariamente pela britagem (quebra do material em pedaços pequenos, com no máximo 63 milímetros de diâmetro).

“Isso encarece o processo, pois o britador representa mais da metade do investimento total da montagem de uma usina de reciclagem”, diz. O novo método reduz os investimentos iniciais e simplifica a operação das centrais de reciclagem, o que tornará viável um maior número de centrais de reciclagem públicas ou privadas.

A tecnologia está baseada nos resultados de uma pesquisa do grupo com amostras representativas de resíduos coletados em três cidades: Macaé, Maceió e São Paulo, de onde foram coletadas 20 toneladas de resíduos.

“Constatamos que cerca da metade dos resíduos das amostras tinha tamanho inferior a 63 milímetros, o que possibilitaria sua aplicação diretamente na confecção de pavimentos, dispensando a etapa da britagem”, explica Ulsen.

Descobria-se aí uma forma extremamente simples de transformar os resíduos em agregados. Bastava fazer a separação manual do material indesejável ao processo, peneirar o resto em bitola de 60mm, e fazer uma nova remoção manual dos contaminantes (madeira, papel, cerâmica) remanescentes na fração abaixo de 63mm, para poder comercializar o agregado para pavimentação.” Já a parcela mais grosseira, retida na peneira, poderia ser comercializada para rachão em obras pesadas.

Segundo Sérgio Ângulo, outro integrante da equipe de pesquisadores que hoje atua no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), essa tecnologia pode ser aplicada em ambientes urbanos e adotada por administrações municipais, cooperativas ou empreendimentos privados, já que os custos iniciais e a complexidade de operação são muito menores.

“Nossa expectativa é que essa tecnologia amplie o número de usinas e aumente a margem de lucro dos negócios na área”, afirma ele, acrescentando que a ampliação desse mercado ajudaria a evitar a deposição ilegal dos resíduos RCD. “Além da redução do impacto ambiental, haveria também uma economia nos gastos das prefeituras com a gestão dos resíduos.”

A nova tecnologia também tem a vantagem de reduzir o consumo de energia elétrica (60 a 80%) em relação ao sistema de reciclagem tradicional com britagem. Também torna possível a implantação das usinas nas proximidades do mercado consumidor, o que representa menores distâncias de transporte.“Hoje o transporte do RCD corresponde a dois terços do preço final do agregado”, diz Ângulo. Esse sistema também reduz significativamente a emissão de material particulado e principalmente de ruídos da operação de britagem.




Fonte: Acadêmica Agência de Comunicação