Quando o turismo vira sinônimo de desrespeito ao cidadão

Editoria: Vininha F. Carvalho 26/05/2008

O turismo, é o setor econômico, que cada dia mais depende da pratica da cidadania para sobreviver. A preocupação com o meio ambiente despertou o interesse de muitas pessoas conscientes, que reconhecem os recursos naturais como um bem finito e passivo de cuidados.

A industrialização e a urbanização, trouxeram para a sociedade a poluição ambiental, que desencadeou uma série de discussões, para impedir que isto propiciasse a destruição do patrimônio natural.

O grande perigo atual, é ver no turismo o remédio para todos os males que afligem os municípios e, desenvolve-lo sem um planejamento, permitindo que ocorra a "poluição social" .

A responsabilidade sobre a manutenção da qualidade dos destinos turísticos é de todos, mas , principalmente das prefeituras , através da Secretaria de Turismo.

O turismo responsável, é aquele capaz de respeitar as características da comunidade, sem transformar o local em satélite desgarrado da sociedade regional, permitindo que ocorra o vandalismo e a promoção de fatos que ultrapassem os limites da liberdade.

O mercado está exigindo cada vez mais das agências de viagem uma atitude ética, não só de dar conforto ao cliente, mas também de proporcionar ao turista uma proximidade com a população anfitriã. Embora seja o turismo um gerador de empregos e dinheiro novo, deve haver um comprometimento do turista com o local e um respeito mútuo entre as pessoas.

Diversos problemas, como a prostituição , o desrespeito ao patrimônio cultural e natural nascem desta falta de relação afetiva maior com o núcleo receptor. A OMT-Organização Mundial do Turismo lançou um código mundial de ética do turismo, que foi apresentado no Brasil durante o terceiro Fórum Internacional para Parlamentares e Administrações Locais, realizado no Rio de Janeiro.

A preparação deste código teve início na assembléia geral da OMT, em Istambul em 1997 e foi aprovado por unanimidade, em Santiago do Chile em 1999.Trata-se de um projeto participativo, já que recebeu durante a sua feitura contribuições, de mais de 70 países,entidades de turismo e organizações não governamentais.

O código tem dez artigos e contempla a contribuição do turismo para compreensão da preservação dos valores morais da sociedade, sendo o turismo considerado um instrumento de desenvolvimento individual e coletivo. Este foi um primeiro passo normatizador para a preparação dos turistas e do habitante local que irá recebê-lo.

O cidadão precisa se conscientizar e atuar como um verdadeiro defensor do patrimônio de sua cidade , reconhecendo os benefícios econômicos, sociais e culturais. O turismo, como prevê o código, é muito mais do que lotar as cidades de turistas. È um instrumento institucional de auto-educação, de tolerância mútua e de aprendizagem das diferenças entre povos e culturas.

Considerando que os turistas, de acordo com o artigo 13 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, devem ter acesso aos locais turísticos e culturais, ressalta-se que defender a cidadania é um dever constitucional.

Por meros desejos políticos, são admitidas pessoas, carentes de conhecimento técnico, permitindo que o turismo se transforme numa verdadeira "poluição social " e, não uma solução para a crise econômica. É preciso que reflitamos sempre sobre o papel do turismo, como forma de amadurecimento do indivíduo, que deverá ser capaz de respeitar a outra comunidade, com seus valores culturais e morais. È a construção do turismo, pela cidadania, é a ética no turismo. O turismo precisa escrever uma história coerente, na qual a cultura local deve ser muito valorizada e respeitada.

Resta-nos saber se haverá tempo de disseminar os conceitos de turismo responsável e sustentável na cidade de Guaratinguetá (SP) , região do Vale do Paraíba, que sediou no período de 22 a 25 de maio , os Jogos Universitários de Comunicação e Artes (JUCA), sendo palco de um total desrespeito aos munícipes, que além de terem que enfrentar uma infinidade de problemas, com o dinheiro oriundo do pagamento de seu imposto terão ainda que arcar com o prejuízo nas escolas municipais, que serviram de alojamento, sem oferecer o mínimo de infra - estrutura aos visitantes. Sendo assim , conclui-se que não houve respeito com nenhuma das partes , praticando um tipo de turismo condenável sobre todos os aspectos.

Fonte: Vininha F. Carvalho - Del Valle Editoria