O Grupo Onze promove exposição enfocando o meio ambiente

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/02/2008

O Grupo Onze, que foi criado em 11 de novembro de 1997, reúne onze artistas, Ana Maria Nogueira, Beth Faria, Catherine Kafiris, Cristina Libardi, Helena Muller, Margarida Gregori, Maria Luiza Mello, Neuza Mattos, Rosane Gauss, Suely Cauduro e Thereza Duarte que procura por meio do fazer artístico refletir e questionar o mundo contemporâneo.

Para comemorar os dez anos de existência, completados em novembro último, o grupo decidiu discutir a problemática e as relações do meio ambiente e do ecossistema e daí surgiu a presente exposição Transgressões em Gaia. Durante o processo de criação da exposição os trabalhos das artistas foram acompanhados pelo curador Waldo Bravo. O texto de apresentação da exposição e dos trabalhos é de Daisy Peccinini, historiadora, crítica de arte da ABCA-AICA e ex-curadora do MAC-USP.

A discussão sobre o meio ambiente e a sobrevivência do planeta terra e de tudo que nele habita é um dos assuntos mais discutidos hoje seja no âmbito político, econômico, social e cultural. Os países mais desenvolvidos do mundo (G-8) vêm se reunindo para chegar a um acordo de como contornar o processo eminente de destruição da vida na terra, em decorrência do modelo de progresso que os países mais ricos adotaram no passado e que não é possível aos países em desenvolvimento fazer o mesmo.

Essa discussão e os interesses econômicos em torno dela, tem levado a diversos impasses entre os países mais ricos e os em processo de desenvolvimento, haja visto os Estados Unidos não terem assinado o Tratado de Kyoto, sobre a questão da emissão dos gases lançados na atmosfera pelas indústrias dos países, e os EUA contribuem com mais de 25% dessa emissão.

Há dois anos o alerta sobre a questão ambiental ganhou visibilidade no mundo inteiro, depois que o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, lançou o documentário Uma Verdade Inconveniente que mostra, por meio de estatísticas e estudos científicos, como se encontra a situação da devastação no meio ambiente em todo mundo.

O Grupo Onze se debruçou durante um ano sobre estas questões e, por meio das múltiplas possibilidades do universo plástico-visual, procurou refletir e questionar o assunto. Para o curador Waldo Bravo "Com essa discussão, das questões relacionadas ao meio ambiente, o público terá a oportunidade de refletir sobre o tema, dessa vez, através de uma visão inovadora e provocativa, por meio da qual essas artistas contemporâneas expressam a sua visão poética e oferecem sua contribuição para o futuro do nosso planeta".

As onze obras, em formato de instalações e painéis fotográficos, traduzem a complexa expressão que estas artistas têm acerca da terra e dos que nela habitam. Segundo Daisy Peccinini "As abordagens das participantes da exposição são múltiplas, diferenciadas entre si; operam mediante obras no espaço, que materializam pensamentos sensíveis; articulando fragmentos do sentir do aqui e agora. Nesse processo, é perceptível cada uma operar segundo uma poésis própria e singular, com diferentes meios como aquarela, colagem, xérox, vídeo, terra, pedras, placas de MDF, etc".

Para o crítico de arte e poeta Ferreira Gullar toda obra de arte busca a renovação estética, seja tematicamente, seja estilisticamente. "O novo na arte não tem que ser sempre um escândalo ou uma ruptura; poder ser - e na maioria das vezes é - o resultado de sutil exploração e aprofundamento temático e estilístico". Nos últimos dez anos o Grupo Onze vem se pautando por esse viés temático e estilístico e a exposição Transgressões em Gaia é mais um resultado dessa procura.



Relação das obras, artista, técnica e material usado:

- "Carregadoras, Carregadores 1 e Carregadores 2", Ana Maria Nogueira. Figuras superpostas e xerocopiadas em papel vegetal com intervenções de asfalto, látex e poeira.

- "Último tempo, meu diário", Beth Faria. Aquarela sobre papel.

- "Amazônia/Patagônia: Inter-Transgressões", Catherine Kafiris. Imagem digital em lona vinilica aplicada sobre chapa acrílica com espelhos laterais.

- "Ônus?! Ainda haverá tempo???", Cristina Libardi. Montagem de massa de bagaço de cana em caixa de acrílico.

- "Extinção", Helena Muller. 11 aquários de vidro com peixe e água.

- "Pise a terra com cuidado", Margarida Gregori. Areia, aparelho de TV e DVD.

- "Rio Submerso", Maria Luiza Mello. Montagem com 48 folhas xerox em papel.

- "Lixo Humano", Neuza Mattos. 5 lixeiras para reciclagem.

- "Vazios", Rosane Gauss. Chapas de MDF e refletor.

- "Equilíbrio e desequilíbrio", Suely Cauduro. Instalação com terra e pedras.

- "2090 - Arqueologia de objetos extintos", Thereza Duarte. Objetos em metal, plástico, vidro e acrílico montados em caixa de vidro.

Serviço:

Abertura: 12 de fevereiro, às 19h30, para convidados.

Para o público a partir de 13 de fevereiro - até 12 de março de 2008; de segunda a sexta, das 10h às 19h e sábado, das 9h às 13h. Domingo fechado para visitação. Entrada franca.

Edifício Villa-Lobos Cultural (Em frente ao Shopping Villa-Lobos)
Av. das Nações Unidas, 4.777 - Butantã - Fone: (11) 3225-0716

Fonte: Amilton Pinheiro