Gás metano: mocinho ou bandido?

Editoria: Vininha F. Carvalho 17/01/2008

Ele é o terceiro da lista dos gases responsáveis pelo aquecimento global de acordo com estimativa da EPA (United States Environmental Protection Agency).

O gás metano (CH4) é responsável por 23% do efeito estufa observado desde a era pré-industrial até hoje, perdendo apenas para o gás carbônico (CO2) responsável por 70% do total.

Apesar da quantidade do metano presente na atmosfera ser menor que o carbono, seu potencial de aquecimento é 60 vezes maior que os outros gases, devido sua alta capacidade de absorção de calor.

O metano é produzido pela decomposição de matéria orgânica expelido nos aterros sanitários, nas plantações de arroz, criação de bovinos, mineração e operações com gás e petróleo. No caso do lixo que é depositado em aterros, sofre um processo de decomposição anaeróbia (sem oxigênio) e emite o metano.

“Se capturado, o metano pode ser usado como usados como fonte alternativa energética (pelo sistema termelétrico), podendo ser canalizado para pequenas usinas onde servirá para acionar motores de combustão ligados a geradores de energia”, diz Luiz Fernando Lucho do Valle, engenheiro e presidente da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis.

Segundo do Valle, 60% da emissão mundial de carbono são provenientes das atividades humanas e o restante provém de fontes naturais. A principal forma de reduzir as emissões de metano gerado pelos aterros envolve a coleta e queima ou utilização do gás, “mas isso não anula a urgência de diminuir a emissão do metano que vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos”, conclui.

A perda do metano na atmosfera colabora para o efeito estufa, pois seu contato com o oxigênio do ar produz uma queima incompleta que gera o também nocivo monóxido de carbono.

Entre dezembro de 2001 e abril de 2004, foi realizada uma ampla pesquisa sobre o potencial para produção de energia e redução da poluição com o uso do biogás gerado por aterros sanitários e lixões no país.

O trabalho foi encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente e conduzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). O estudo mostrou que o Brasil poderia gerar, até 2015, 440 MW de energia, por exemplo, usando um gás que hoje é lançado na atmosfera.

“Estamos na eminência de um novo apagão e o uso de energias alternativas além de contribuir com o meio ambiente, diminui os lixões a céu aberto espalhados nas cidades brasileiras”, afirma o engenheiro.





Fonte: Visar Planejamento