O desafio de tornar o turismo seguro e responsável

Editoria: Vininha F. Carvalho 02/07/2007

Como fundadora e presidente de uma ong que tem como missão “educar para o turismo e o lazer seguro e responsável”, comemoro a publicação de 11 das 21 normas de turismo de aventura desenvolvidas dentro do Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura.

Deflagrado em dezembro de 2003, o Projeto é uma iniciativa do Ministério do Turismo, que tem como entidade executora o Instituto de Hospitalidade e como parceira a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, por meio do seu Comitê Brasileiro de Turismo – CB54 e do qual, como organização não-governamental, participamos ativamente.

A instalação do Projeto já se configura como uma conquista. A publicação das 11 normas também. Mas o que nos deixa mais à vontade para comemorações é mesmo o fato de que as normas ABNT, diferentemente das leis apresentadas por nossos representantes no legislativo, são elaboradas de forma voluntária, por consenso de consumidores, fornecedores e neutros, abrangendo a sociedade como um todo.

Vale notar ainda que a normalização segue padrões e processos pré-estabelecidos, facilitando sua elaboração, oferecendo soluções e criando parâmetros aceitos internacionalmente. Dessa forma, a normalização estabelece a redução da variedade no fornecimento dos mesmos produtos e serviços, proporcionando meios mais eficientes na troca de informação entre o fornecedor e o cliente e melhorando a confiabilidade das relações comerciais.

O Ministério do Turismo, identificando a necessidade de profissionalização do setor e atento ao potencial econômico do turismo no país, definiu o segmento de turismo de aventura como prioritário para o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Certificação em Turismo.

O tema é complexo e abrange diversas modalidades, com níveis de risco e incidência de perigos bastante diferentes, pois envolve pessoas (tanto os clientes ou usuários quanto os prestadores de serviços), equipamentos, procedimentos e as próprias empresas.

Assim, o Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura visa identificar os aspectos críticos da operação responsável e segura do turismo de aventura e subsidiar o desenvolvimento de um conjunto de normas técnicas para as diversas atividades que compõem o setor.

Dentre as já publicadas, destacamos a norma Sistemas de Gestão da Segurança – Requisitos, que permite estabelecer e avaliar a eficácia dos procedimentos, desenvolver uma política e objetivos de segurança, atingir a conformidade em relação a eles e principalmente demonstrá-las a terceiros.

Junto com a norma de Informações Preliminares a Clientes e a norma de Condutores – Competência de Pessoal, criamos o cenário básico para a melhoria da qualidade de nosso produto turístico.

O restante do conjunto de normas proposto está relacionado aos procedimentos, competências de pessoal e equipamentos específicos das seguintes atividades: turismo eqüestre, cicloturismo, caminhada, arvorismo, técnicas verticais, turismo com veículos fora de estrada, canionismo, e espeleoturismo, cachoeirismo, rafting e bungee jump.

Estamos assistindo ao início do processo de profissionalização do turismo de aventura no país que, pretende-se, será estendido para todos os outros segmentos turísticos, permitindo que seja finalmente estabelecido um padrão que permitirá ao consumidor identificar a empresa ou profissional responsável.

Resta ainda superar um grande desafio: disseminar a existência dessas 21 normas para o grande público. O fornecedor do serviço turístico precisa reconhecer a exigência do consumidor para promover mudanças. Não podemos aguardar que acidentes fatais aconteçam para identificar necessidades e exigir o fim do amadorismo e informalidade do setor.



Autoria: Sílvia Basile é arquiteta, fundadora e presidente da Associação Férias Vivas

Fonte: Accesso Assessoria de Comunicação