Certificação atesta qualidade e segurança do turismo de aventura

Editoria: Vininha F. Carvalho 25/06/2007

Descer um paredão de pedra pendurado a uma corda, chegar a uma caverna e nadar em um lago cristalino. Depois, caminhar em trilhas por montanhas por algumas horas. Os adeptos do turismo de aventura buscam belos visuais, experiências únicas e alguma adrenalina. Mas, mesmo os mais audaciosos querem riscos controlados.

"O turismo de aventura é uma atividade que envolve riscos. Se tudo for feito da maneira correta, eles são mínimos", alerta o coordenador de qualificação da Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (Abeta), Álvaro Barros.

A entidade, em parceria com o Sebrae e o Ministério do Turismo, começa agora a levar a campo o programa "Aventura Segura", criado para formular regras e certificar as empresas do segmento.

"Estamos finalizando a preparação da assistência técnica para, em julho, iniciar os trabalhos nas empresas", conta Barros.

Com as normas Técnicas ABNT NBR 15331 - Sistemas de Gestão da Segurança (para empresas) e ABNT NBR 15285 - Competências Mínimas para Condutores (para profissionais) prontas, os empreendimentos irão começar a adequação.

Até o fim de 2008, devem estar certificadas as 225 empresas de 15 destinos turísticos que terão o incentivo do programa para melhorar a qualidade e a segurança em seus serviços. "Será um pontapé inicial para que o mercado comece a se motivar para a certificação.

Com as normas formuladas, qualquer um pode aplicá-las por conta própria ou com a ajuda de consultorias, para receber o certificado do Inmetro", explica coordenador de qualificação da Abeta.

Os destinos foram definidos com base na demanda nacional e internacional, no número de empresas, no efeito demonstrativo que podem ter para o setor, no nível de mobilização empresarial, na presença de parques nacionais e estaduais, entre outros critérios. O programa irá beneficiar 64 municípios.

Segundo Barros, apesar da possível necessidade de investimento para adequação por parte das empresas a receptividade tem sido boa.

"Todos enxergam os benefícios do processo. Hoje os bons empresários são prejudicados por aqueles que não oferecem serviços de qualidade", destaca.

Depois de experimentar uma "febre" no mercado por volta da década de 90, o turismo de aventura tem amargado estagnação nos últimos anos. "Os empreendimentos se proliferaram enquanto a demanda não acompanhou esse movimento. Assim, a concorrência ficou predatória", conta Álvaro. Segundo ele, os clientes passaram a buscar os preços mais baixos e a qualidade dos serviços caiu.

Hoje a estimativa é que mais de três mil empresas atuam em mais de 200 roteiros de aventura e sejam responsáveis por uma média de 15 mil empregos ao ano. O País oferece praticamente todas as modalidades, com exceção, é claro, de atividades na neve. O Ministério do Turismo identificou atividades de aventura em 48 dos 87 circuitos turísticos brasileiros.

Para o coordenador de projetos de turismo do Sebrae Nacional, Dival Schmidt, o segmento irá aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional. "O turismo de aventura faz com que o visitante ignore distâncias e outras inconveniências e se sinta motivado a conhecer um destino. Ele cria diferencial", avalia.

Sem o empecilho do fator insegurança, o País tem condições de avançar no setor. "A falta de certeza impedia muito a expansão do setor, já nos manteve fora das agendas de agências internacionais", acredita.

A situação das prestadoras de serviço em turismo de aventura hoje é bastante diversa. "Temos de tudo, desde empresas sérias e responsáveis até os informais que oferecem produtos terríveis", avalia Álvaro Barros.

A idéia é que, com a certificação, fique mais fácil para o turista diferenciar bons e maus profissionais. Com segurança garantida, brasileiros e estrangeiros poderão criar coragem para pendurar-se a cordas, fazer caminhadas e descer rios sem correr grandes riscos.

Os destinos beneficiados pelo programa Aventura Segura são:

Na Região Sul, a Grande Florianópolis (SC), Foz do Iguaçu (PR) e as Serras Gaúchas (RS e SC). No Sudeste, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RJ), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ), Brotas (SP), Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (SP) e Serra do Cipó (MG). No Centro-Oeste, Bonito e Serra da Bodoquena (MS) e Chapada dos Veadeiros (GO). Na Região Nordeste, Fortaleza Metropolitana (CE), Chapada Diamantina (BA), Recife Metropolitana e Agreste (PE) e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA). Na Região Norte, Manaus (AM).



Fonte: Sebrae