Projeto de restauração de patrimônio para jovens é implantado em cidades brasileiras

Editoria: Vininha F. Carvalho 06/08/2007

Convênios firmados com cidades como Parati (RJ), Sobral (CE), São Luiz de Paraitinga (SP), Iguape (SP) e Iperó (SP), dentre outras, permitem que jovens habilitados com mão-de-obra especializada em restauro patrimonial, pelo Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios (POEAO), em Santana de Parnaíba, levem o conhecimento e prática a jovens nessas outras cidades.

Segundo um dos coordenadores do projeto Júlio Barros, as cidades históricas aproveitam para atender ao jovem que precisa de oportunidade para entrar no mercado de trabalho e restaurar seu patrimônio com qualidade.

“As cidades de médio e pequeno porte têm que buscar alternativas para manter seu patrimônio histórico e o sucesso do Oficina Escola se deve ao fato dele ser viável economicamente e ter um grande alcance social”, ressalta Júlio Barros.

Ao fechar convênio com as prefeituras, jovens chamados “multiplicadores” saem de Santana de Parnaíba e seguem para as cidades para dar início aos cursos para capacitar outros tantos jovens carentes locais na área de construção, com especialização em restauro.

“Em Iperó, os jovens restauraram a igreja de São Jorge, localizada em bairro afastado do centro da cidade, incluindo a reconstrução da sacristia, além de vitrais e janelas”, conta Turinã Alves Inácio, outro coordenador do projeto.

Com o convênio feito com a prefeitura de Iperó, a cidade ganhou também a restauração do prédio Pernoite, que já alojou funcionários da rede ferroviária no início do século.

Outra cidade do interior do Estado de São Paulo que aderiu ao Projeto Oficina Escola foi São Luiz do Paraitinga, que mantém 92 prédios tombados como patrimônio histórico e muitos jovens em situação de risco pessoal e social.

“Os jovens, inclusive alguns em sistema de liberdade assistida, aprendem uma profissão e as formas de preservação e restauração do patrimônio de sua cidade, o que se torna uma das melhores ferramentas para combater a violência, tão crescente em nosso País”, diz Júlio Barros.

Um dos imóveis tombados é a capela Nossa Senhora das Mercês, construção de 1814, reinaugurada em setembro de 2004, após trabalho de restauração do grupo de jovens do projeto.

O POEAO chegou a Santana de Parnaíba em 1999, por um convênio firmado entre a prefeitura municipal, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e o SENAI/MG. Até hoje, mais de 400 jovens já foram beneficiados pelo projeto, que oferece oficinas de pintor/restaurador; pedreiro/restaurador; marcenaria e carpintaria; conservação de acervos gráficos; conservação de bens imóveis; oficina de entalhe (arte de escrever em madeira) e metal.

Atualmente, o projeto está na sua sexta turma, e os jovens aprendizes recebem vale-transporte, vale-alimentação, bolsa-auxílio e seguro de vida, além de uniformes e itens de segurança obrigatórios, como óculos e capacetes. No final do curso, os alunos são certificados pelo SENAI, que possibilita o encaminhamento para o mercado de trabalho.



Centro Histórico

Graças às técnicas de restauração desenvolvidas pelo POEAO, Santana de Parnaíba preserva seu patrimônio histórico. Um dos exemplos é a Igreja Matriz de Sant’Anna, Centro Histórico de Santana de Parnaíba, na qual os jovens têm recuperado a pintura original, com recuperação das cores das paredes e do Sacrário, onde está guardada a eucaristia consagrada.

Os jovens restauradores mantêm também o casario antigo da cidade e locais como o Museu Casa do Anhangüera; Igreja Matriz; Casa da Cultura e imóveis particulares. Com suas construções coloniais, a cidade concentra um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos preservados do Estado, com 209 edificações dos séculos 17, 18 e 19. Seu Centro Histórico, o mais antigo e próximo da capital, foi tombado em 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).

O Museu Casa do Anhangüera, um importante exemplar de casa bandeirista urbana típica do século XVII, mantém, até hoje, seu estilo original. No local, já foi feita a manutenção da rede elétrica, que ganhou um novo projeto. Também está em andamento o trabalho de pintura interna e externa da edificação.

A construção, em taipa de pilão e taipa de mão, provavelmente serviu de residência para o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como Anhangüera. Foi transformado no "Museu Histórico e Pedagógico Casa do Anhangüera" durante a semana comemorativa da criação da Vila, em 14 de novembro de 1962, possuindo grande valor arquitetônico e histórico. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em outubro de 1958, o imóvel foi é também protegido pelo CONDEPHAAT desde maio de 1982.


Imóveis particulares

Além de preservar os monumentos antigos da cidade, o Projeto Oficina Escola é responsável, também, pela restauração e manutenção de todo o casario que compõe o entorno do Centro Histórico. Para isso, o POEAO mantém uma equipe somente para executar essas obras, composta por 50 aprendizes. Eles já fizeram a limpeza e reconstituição da fachada de mais de 209 imóveis e é um trabalho permanente.



Fonte: Ricardo Viveiros – Oficina de Comunicação