Um caminho para o Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 12/01/2007

O Brasil, ao longo de sua história, tem criado e nutrido grandes contradições. A existência de dezenas de milhões de desempregados, de pessoas pobres e de miseráveis vivendo em um País rico é a maior de todas elas.

Nesse contexto, a desigualdade entre as regiões do País se apresenta como fator a potencializar esse fosso social que, pelo visto, não tem perspectiva de mudança diante da ausência de um Projeto Nacional que contemple essa questão por mais estratégica e vital que se apresente.

Governos se sucedem e não se estabelece um plano que vise à ocupação do espaço territorial para dar homogeneidade à distribuição demográfica no País.

Carecemos de uma nova divisão territorial das regiões e a divisão de vários estados brasileiros que possa contemplar as necessidades estratégicas, sem a preocupação e o apego a aspectos meramente históricos, de interesses políticos regionais e os naturais como clima, relevo e vegetação dentre outros.

Uma política que leve a presença do Estado às regiões mais longínquas do nosso território e que possa assegurar a soberania nacional, a garantia à preservação do meio ambiente; que impulsione o desenvolvimento integrado e auto-sustentado do País, e assista ao brasileiro que vive distante e isolado na imensidão do nosso território; que combata o crime de tráfico de drogas, de armas e de pessoas, o crime contra o meio ambiente, contra o trabalho escravo, contra a grilagem, o contrabando e o descaminho de nossa rica biodiversidade para o exterior.

Enfim, precisamos tornar efetiva a posse do Brasil pelos brasileiros, garantindo a soberania, o império da lei e da justiça, promovendo o desenvolvimento e a diminuição das desigualdades pelas oportunidades que poderão ser criadas.


Embora atrasados em 200 anos, devemos criar a nossa New Frontier, a fronteira nova, em direção ao Norte e Centro-Oeste do País, a exemplo do que fizeram os americanos em direção ao Oeste, com uma fundamental diferença: sem a dizimação dos indígenas e do meio ambiente.

Mas foi o avanço para o Centro-Oeste e a resolução de litígios diplomáticos com o México e com a França que levaram os Estados Unidos, já após a Primeira Grande Guerra Mundial, a ser a Nação mais poderosa do Planeta, consolidando esta posição após a dissolução da União Soviética com a simbólica e festiva queda do Muro de Berlim.

Por isso que o Brasil ressente-se pela ausência de patriotas como José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, que ampliou e consolidou as nossas fronteiras, assim como Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon, que trabalhou a sua integração, ambos no final do século XIX e início do século passado, com métodos diplomáticos e pacifistas.


Se o Brasil que temos e o Brasil que somos é sempre debitado ou creditado à conta da nossa formação histórica, não significa que estejamos condenados a suportar eternamente o peso da nossa origem. Precisamos de atitudes diferentes, pois não somos mais aquela escória de degredados que aqui chegou para iniciar não uma colonização, mas a exploração de nossos recursos naturais para atender ao mercado externo, diferentemente da americana que se deu por emigrantes europeus perseguidas por suas idéias, por convicções políticas e religiosas, e cujos resultados obtidos pelo esforço empreendido se voltaram para o mercado interno: era o início da acumulação de riquezas, de poupança interna que gerou o seu desenvolvimento.


O Brasil já tem massa crítica suficiente para empreender essa tarefa, mas dependemos da ascensão ao poder de um segmento político que tenha essa consciência e a determinação para empreendê-la.

Afinal, a nossa consciência republicana já estabeleceu que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com desenvolvimento nacional que possa erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais, constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil.


Portanto, o “sonho brasileiro” poderá ser realizado.

Autoria: Senador Almeida Lima - PMDB- SE

Fonte: Senador Almeida Lima - PMDB- SE