Artista plástica transforma esqueletização de folhas em negócio

Editoria: Vininha F. Carvalho 09/10/2006

Na fazenda Santo Antônio do Brumado, em Moji-Mirim, interior de São Paulo, a artista plástica Cida Barros está desenvolvendo uma das técnicas mais difíceis no tratamento das folhas, a esqueletização.

O processo, que ocorre espontaneamente na natureza, pela ação de larvas e insetos, que extraem da planta toda a clorofila, deixando aparentes as estruturas vasculares da folha, é feito artesanalmente por Cida e mais sete jovens artesãos, filhos, mulheres e parentes dos funcionários da fazenda.

A esqueletização data de centenas de anos. Consta que já era praticada na China na Dinastia Ming (século 14) e há relatos da época Vitoriana (século 19), quando os phantom bouquets serviram para impressionar a nobreza inglesa.

A fazenda Santo Antônio é um criadouro de peixes brasileiros e abriga mais de 14 mil espécies de árvores. Cida, tradutora de profissão, há um ano conheceu no interior de São Paulo a técnica e decidiu implementá-la na fazenda. Criou a Skeleton Leaves, que produz tecidos com as folhas esqueletizadas.

A empresa está comercializando até o próximo domingo (8), na Fiaflora Expogarden 2006 - Feira Internacional de Paisagismo e Floricultura, em São Paulo. A Skeleton Leaves é uma das 40 pequenas empresas que participam do evento com o apoio do Sebrae em São Paulo.

Cida explica que a colheita das folhas é feita no dia anterior à produção. São usadas principalmente folhas que caem das árvores. As folhas são cozidas em alta temperatura. Depois, passam por várias lavagens até que a clorofila tenha sido removida. Em seguida, são colocadas para secar em grandes varais.

Entre as folhas mais usadas estão magnólia, mangueira, abacateiro, graviola, eritrina, murici, figueira, seringueira. O resultado é pura celulose. As folhas tornam-se flexíveis e moldáveis, algumas se assemelham a rendas de finíssima trama, outras a organza de seda, algumas lembram o papel-arroz. Cida utiliza corantes têxteis, mas está pesquisando os corantes naturais. "Sabemos que o corante natural perde a cor mais rápido, por isso, estamos fazendo vários testes".

A empresa comercializa os tecidos para decoração e revestimentos, em embalagens, luminárias, móveis, paredes, para aplicação em scrapbooking, entre outros. Além disso, os artesãos confeccionam flores para decoração, chapéus e realizam eventos tendo como decoração as folhas esqueletizadas.

Por enquanto, segundo Cida Barros, a produção é pequena e vendida principalmente para a capital paulista. "Estamos em fase de ampliação e busca de representantes em outras regiões. Já entregamos algumas peças para Fortaleza e Belém do Pará", conta.

Fonte: Sebrae