Editoria: Vininha F. Carvalho 22/05/2006
Fiar o algodão é fonte de renda para centenas de famílias de Minas Gerais. No Vale do Urucuia, noroeste do Estado, o ofício envolve mulheres que trabalham na agricultura familiar e reforçam o orçamento doméstico com a venda de mantas, estolas, tapetes e outros produtos.
No dia 27 de maio, 150 fiandeiras do Vale do Urucuia vão se reunir em Sagarana, distrito de Arinos, em um mutirão cultural. No encontro, que acontece uma vez por ano, mulheres entre 30 e 70 anos comandam as rocas e entoam canções típicas da região, cercada de atrativos como o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, Parque Estadual Serra das Araras e Rio Urucuia.
O evento já foi incorporado ao calendário cultural do município e faz parte do Projeto de Desenvolvimento Integrado do Vale do Urucuia, apoiado pelo Sebrae Minas, Fundação Banco do Brasil, Ministério da Integração Nacional, Agência de Desenvolvimento do Vale do Urucuia, ONG Funacultura e Artesanato Solidário.
O objetivo é redesenhar a realidade econômica de dez cidades da região, cuja renda familiar é menor que meio salário mínimo. Segundo as metas estabelecidas no início do projeto, o incremento das atividades deverá, até o final do ano de 2006, possibilitar que cada família ganhe, pelo menos, um salário mínimo por mês.
Para melhorar a renda da população, o Sebrae Minas está apoiando projetos simultâneos em vários setores da região. As atividades escolhidas foram exatamente as de maior potencial, ou seja, que já estão inseridas no cotidiano de grande parte da população local e utilizam recursos naturais da região.
"Esperamos que, em dezembro de 2007, cada família esteja ganhando, pelo menos, um salário mínimo e meio", antecipa a gerente de Desenvolvimento do Sebrae Minas, Marise Brandão.
Outro motivo para que o projeto contemple mais de uma atividade, integrando-as, é a constatação de que muitos dos produtores já atuam em mais de um dos setores eleitos: mandiocultura, apicultura, frutos do cerrado, turismo e artesanato.
Porém, para receber turistas será necessário incrementar a infra-estrutura. Uma das estratégias a serem adotadas, segundo Marise Brandão, é transformar casas em hospedarias. "Será necessário ainda fazer a sinalização dos pontos turísticos e capacitar as famílias para a prestação de serviços", completa.
Artesanato do Urucuia:
Além das peças feitas do buriti, na região são produzidos tecidos e mantas, cru e coloridos, com fibras extraídas de outros frutos do cerrado, como, por exemplo, da casca da manga. Os tecidos são tingidos com corantes naturais, como os da serragem da madeira, casca de cebola, folha de eucalipto, entre outros. No município de Uruana funciona uma tinturaria comunitária, com capacidade para tingir 300 quilos de linha por mês.
Para melhorar os produtos, profissionalizar a atividade e ampliar mercados para o setor artesanal, serão oferecidos treinamentos nas áreas de design, cooperação, empreendedorismo e gestão. Os artesãos também receberão apoio para participar em rodadas de negócios nacionais e internacionais.
Marise Xavier destaca que alguns produtos da região já têm público cativo, como as "caixinhas de Buriti". "São peças bonitas e com grande aceitação. Alguns artesãos têm grandes empresas como clientes, mas trabalham sem padronização, ritmo regular de produção e sem um estoque mínimo. Precisamos capacitá-los para aumentar a produção e o volume comercializado", detalha.