Obra literária aborda a história do ambientalismo no Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 22/05/2006

Em um texto que revela uma retrospectiva das questões ambientais
desde o dia em que a tripulação de conquistadores portugueses
deslumbram-se com a beleza e a exuberância da costa brasileira até os dias atuais, o livro "Brasil, amor à primeira vista, Viagem Ambiental no Brasil do Século XVI ao XXI", é um "quase-romance", de leitura fácil e agradável.

Um convite verdadeiro e irresistível ao engajamento do cidadão comum à questão ambiental em toda a sua rica complexidade, de incomum importância como referência aos estudiosos do meio ambiente.

Segundo o ambientalista Fábio Feldmann, que assina o prefácio, "O
livro de Sandra Marcondes oferece ao leitor brasileiro uma
oportunidade única de uma viagem aos problemas ambientais brasileiros pela ótica de uma ambientalista que desde o primeiro momento declara seu amor ao Brasil".

A advogada ambientalista Sandra Marcondes explora, nessa viagem pelos mais e quinhentos anos de uso da terra, do solo e dos demais recursos naturais pelos europeus e seus descendentes, toda a história da colonização depredatória do Brasil e suas heranças culturais e econômicas: "Trata-se de um levantamento histórico de questões ambientais desde quando Cabral olhou para o Brasil pela primeira vez, sobre a primeira árvore derrubada, sobre pessoas que defenderam o meio ambiente brasileiro etc", entusiasma-se Sandra.

A autora percorre os inúmeros ciclos econômicos, identifica
ambientalistas, leis, instituições e medidas de cunho ambiental desde o Brasil Colonial. Mostra semelhanças, por exemplo, entre artigos de leis do Século XVI e a Lei de Crimes Ambientais de 1998 e identifica fatos que aconteciam no início da colonização e ainda persistem no Século XXI. Organizados por décadas, apresenta também os principais registros da história das leis ambientais brasileiras e a descrição de como evoluíram muitos dos conceitos que hoje vigoram na área ambiental.

"É interessante como já no Brasil colônia, existia a
preocupação com as questões ambientais, já que a legislação ambiental portuguesa vigorava aqui também", explica a advogada ambientalista.

São abordados também, temas como o impacto das culturas agrícolas
tradicionais dos séculos XVI ao XVIII, a extração do pau-brasil, a cana-de-açúcar, a mineração, a borracha e a pecuária extensiva na conformação atual de nosso meio ambiente e nos problemas que hoje enfrentamos.

As contribuições dos colonizadores e viajantes ingleses, alemães, dinamarqueses, franceses, holandeses e tantos outros, à
formação cultural do brasileiro e de sua relação com a natureza. Ela lembra ainda que as associações em defesa do meio ambiente começaram a surgir apenas no início do século XX.

O texto é também recheado de curiosidades sobre importantes e
destacadas personalidades da história do Brasil, de Joaquim Nabuco a Chico Mendes e Tom Jobim, passando por Carlos Chagas, Marechal Rondon, Monteiro Lobato, Euclides da Cunha e muitos outros.

"No século XVI já havia um artigo que falava de proibição de caça de alguns animais; no começo do século XX, havia preocupação com
desmatamento... enfim, a conscientização existe há tempos", adianta a advogada que conta estas e outras curiosidades no livro.

Segundo a autora, a mata atlântica é vista como uma mina de ouro para os empresários europeus, que desembarcam no Brasil visando o lucro e nunca pensam no mal que podem fazer ao planeta. Sandra afirma que o pulmão do mundo está diminuindo a cada minuto e, para termos soluções sustentáveis de desenvolvimento, precisamos entender a questão ambiental em toda a sua complexidade.

Para a advogada, aliás, a conscientização de cada indivíduo e a
educação ambiental são pontos fundamentais para a preservação do meio ambiente: "sei que é um trabalho de formiga, mas cada um deve ter consciência do seu papel para a questão da preservação e isso só acontece com a educação ambiental", alerta. E completa: "Não precisa ser ambientalista para exercer uma cidadania ambiental. Mas é claro que ONGs são fundamentais nesse processo, já que se trata de iniciativa da sociedade civil e, hoje, é ingenuidade achar que só o governo vai resolver nossos problemas, é preciso existir uma atuação em conjunto", alerta Sandra.

O livro levou quase três anos para ser escrito e contou com uma
criteriosa pesquisa que começou em 1999.



Sobre a autora:

Sandra Marcondes Trabalha com direito ambiental desde 1999, quando se interessou por estas questões numa viagem em que passou por Cubatão/Sp. Como colaboradora do Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas, responsabilizou-se por parte do conteúdo do site da
entidade, para oferecer aos interessados informações sobre este tema complexo. É advogada com especialização em Direito Ambiental e Direito Tributário, gestora ambiental, mestranda em sistema Integrado de Gestão, aprovada para registro como auditora ambiental pela "Environmental Auditor Registration Association (EARA)". Diretora jurídica do departamento de Direito Ambiental da Marcondes Advogados Associados. Integrou a equipe do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.