Editoria: Vininha F. Carvalho 21/06/2006
Segurar a porta para quem vem logo atrás? Abaixar-se para juntar papéis que um estranho deixou cair? Agradecer mesmo sem ser obrigado a fazê-lo? Bobagens, gestos anacrônicos, coisas do passado banidas de um mundo agitado e competitivo, em que ouvir um "muito obrigado" tornou-se raridade e o mais provável é levar uma porta na cara e passarem por cima dos papéis caídos no
chão.
Seleções do Readers Digest decidiu verificar se é assim mesmo e promoveu uma pesquisa em 35 grandes cidades do mundo, mobilizando 70 repórteres para submeter duas mil pessoas a três situações capazes de medir o nível de cortesia dos cidadãos:
a) entrar em prédios comerciais logo atrás de uma pessoa, para ver se ela segurava a porta;
b) deixar cair uma pasta cheia de papéis em lugares movimentados, para ver se ajudavam a catá-los do chão;
c) fazer compras de pequeno valor em todos os tipos de estabelecimentos comerciais, para ver se o vendedor agradecia à venda.
Ainda que não chegue a ser uma lição de gentileza e bons modos, o resultado da pesquisa não deixa de surpreender: a maioria dos cidadãos submetidos às situações da pesquisa reagiu com cortesia e solidariedade. Maioria escassa de 55%, é bem verdade, mas que não deixa de ser um alento para quem já não acreditava na capacidade humana de ser cortês com quem divide o espaço urbano.
O resultado detalhado da pesquisa será publicado na próxima edição de Seleções no Brasil e nos demais 60 países em que a revista é editada. Em cada país, uma cidade foi escolhida para cenário da simulação. A representante brasileira, São Paulo, ficou muito bem no resultado mundial: um quarto lugar entre 35 grandes centros urbanos, com um índice de 68%, o que significa que quase dois terços dos paulistanos agradeceram gentilmente
aos repórteres disfarçados de clientes, seguraram a porta dos prédios para que os jornalistas pudessem passar e os ajudaram a recolher pasta e papéis espalhados pelo chão.
Mas a grande campeã no teste de cortesia foi Nova York, nos Estados Unidos, com espantoso índice de 80%, seguida de Zurique, na Suiça, com 77%. A descortesia veio do Oriente: Mumbai, na Índia, ficou em último lugar no teste, com escassos 32%, fazendo companhia, no ranking da descortesia, com cidades como Bucareste (România), Kuala Lumpur (Malásia), Seul (Coréia do Sul) e Moscou (Rússia).
Eis o ranking mundial da cortesia:
Nova York (EUA) - 80%
Zurique (Suíça) - 77%
Toronto (Canadá) - 70%
Berlim (Alemanha) - 68%
São Paulo (Brasil) - 68%
Zagreb (Croácia) - 68%
Auckland (Nova Zelândia) - 67%
Varsóvia (Polônia) - 67%
Cidade do México (México) - 65%
Estocolmo (Suécia) - 63%
Budapeste (Hungria) - 60%
Madri (Espanha) - 60%
Praga (República Checa) - 60%
Viena (Austria) - 60%
Buenos Aires (Argentina) - 57%
Johannesburgo(África do Sul) - 57%
Lisboa (Portugal) - 57%
Londres (Reino Unido) - 57%
Paris (França) - 57%
Amsterdã (Holanda) - 52%
Helsinque (Finlândia) - 48%
Manila (Filipinas) - 48%
Milão (Itália) - 47%
Sydney (Austrália) - 47%
Bangcoc (Tailândia) - 45%
Hong Kong (China) - 45%
Liubliana (Eslovênia) - 45%
Jacarta (Indonésia) - 43%
Taipei (Taiwan) - 43%
Cingapura (Cingapura) - 42%
Moscou (Rússia) - 42%
Seul (Coréia do Sul) - 40%
Kuala Lumpur (Malásia) - 37%
Bucareste (Romênia) - 35%
Mumbai (Índia) - 32%