Empresas realizam estudo inédito sobre destino de resíduos sólidos

Editoria: Vininha F. Carvalho 13/01/2006

Para reutilizar os resíduos da indústria, 28 empresas do segmento de papel e celulose estão estudando alternativas e trocando experiência sobre projetos que devem gerar renda e evitar prejuízos para o meio ambiente. Atualmente, as sobras da indústria vão para aterros, prática totalmente aceita pelos órgãos ambientais, mas que não é a melhor opção.

Para que os aterros não sejam mais a única alternativa, o setor estuda soluções ambientalmente mais adequadas e economicamente viáveis para resolver o problema. A idéia é criar um projeto em conjunto com as várias indústrias de papel e celulose de santa Catarina para começar a produção de materiais com os resíduos gerados pelo segmento.

O Sinpesc - Sindicato das Indústrias de Celulose e Papel de Santa Catarina está promovendo encontros entre empresas dos três estados do Sul para trocar experiências e conhecer as diferentes alternativas utilizadas nos três estados.

“A troca de experiências é muito importante para encontramos soluções. A destinação de resíduos é um problema comum em vários estados, e não só em Santa Catarina”, explica o presidente do Sinpesc, Flávio José Martins.

O engenheiro químico e coordenador técnico do Sinpesc, José Eliseu Kurpiel, diz que os empresários estão muito preocupados com o assunto.

“Já faz algum tempo que estudamos a questão dos resíduos sólidos. O que queremos agora é procurar soluções comuns que fiquem disponíveis para todo o segmento”, argumenta.

Para Kurpiel, este é um projeto inovador, que vai mudar a cultura de que o aterro é a única solução para as sobras da indústria.

“Podemos agregar valor a tudo que está indo para o lixo. A produção de energia é uma das alternativas para isso, e energia é um produto muito valorizado no mercado”, avalia.

A madeira é o ciclo inicial de uma indústria que é a principal geradora de riquezas em Santa Catarina. A indústria de base florestal conta com 5.280 estabelecimentos e emprega quase 85 mil trabalhadores, segundo pesquisa da Fiesc. O Estado é o primeiro exportador de móveis do País, o segundo em madeira e o terceiro em exportação de papel.


Resíduos podem gerar energia elétrica :

A Valpasa, empresa de papel de Santa Catarina com unidade em Tangará, já estuda a possibilidade de produzir energia a partir da queima dos resíduos que será usada no processo produtivo dentro da própria indústria. Luiz Moser, engenheiro sanitarista e ambiental, diz que a atividade consiste em um projeto de energia renovável, que visa à construção e a operação de uma usina de geração de energia de 2MW utilizando resíduos industriais como combustível.

“Todas as sobras serão queimadas em um incinerador. O vapor vai gerar calor suficiente para acionar uma turbina. Desta maneira, vamos produzir energia elétrica”, explica Moser. “Hoje usamos na caldeira, cavacos – restos de madeira - e ainda somos obrigados a mandar os resíduos plásticos para os aterros”, finaliza.


Madeira ecológica:

Algumas indústrias catarinenses usam como matéria-prima papel reciclado, recolhido por catadores. Antes de transformar o material, ele passa por um processo químico, para separar as diferentes composições, como o plástico, por exemplo.

Atualmente, as sobras de plástico vão parar em aterros. O projeto de reciclagem dos resíduos prevê o aproveitamento deste material. A principal alternativa apontada pelos empresários é a fabricação de madeira ecológica – produzida com restos de plásticos – e usada na produção de forros, grades e embalagens.

Kurpiel explica que os empresários catarinenses conheceram o processo em uma das reuniões organizadas pelo Sinpesc. “Há uma empresa do Rio Grande do Sul que desenvolveu esta tecnologia. Esta empresa esteve conosco em maio deste ano onde apresentou a referida tecnologia, com aplicação em uma escala industrial em Belo Horizonte e outra em fase de início de operação no Rio de Janeiro”, finaliza o engenheiro. A idéia agora é usar esta tecnologia aqui no Estado.

Com os resíduos também podem ser produzidas mangueiras para a construção civil, carretéis para cabos elétricos, tubetes para bobinas de papel, lajotas para pavimentação e peças menores produzidas através do processo de injeção.


Reciclagem de Papel :

Quando as indústrias usam o papel reciclado como matéria-prima, colaboram com as famílias que vivem com este tipo de trabalho e despertam a consciência ecológica da população. A reciclagem diminui a necessidade de cortar árvores, mesmo as de florestas replantadas, como de pinus, por exemplo.

Assim, as árvores podem ser usadas para o aumento das áreas verdes, absorvendo poluentes da atmosfera e liberando o oxigênio pelo processo de fotossíntese, contribuindo favoravelmente para a estabilização e redução do efeito estufa.




Fonte: Carbono Brasil