Turismo eqüestre arrisca as primeiras marchas no Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 24/03/2006

O turismo a cavalo no Brasil desponta: não a galope, mas já arriscando os primeiros trotes. Não se trata da meia dúzia de cavalos que um hotel-fazenda mantém para entreter os hóspedes. O turismo eqüestre propõe passeios organizados e maiores, com animais de qualidade, guias treinados e mais atenção àquele que está em cima do bicho.

Esse filão já tem mercado em 50 países. Só na América do Sul, cinco países organizam profissionalmente cavalgadas. E o Brasil agora também começa a querer fazer parte dessa "tropa".

Em 2006, três anos após a implantação do Caravana Brasil, projeto que divulga o país como produto turístico no mercado internacional, a Embratur trará operadores estrangeiros para conhecer a infra-estrutura do turismo eqüestre no Brasil.

"Embora não seja um segmento prioritário, é como o golfe e pesca esportiva. Ou seja, um turismo qualificado, que traz um visitante que fica mais dias e gasta mais", diz Jurema Monteiro, gerente de apoio da Embratur.

Uma das primeiras iniciativas do setor no país foi a Cavalgadas Brasil, operadora criada em novembro de 2005.

A empresa montou dez roteiros para cavalgada no Brasil. São eles: Pantanal, na região de Aquidauana (MS), ilha de Marajó (PA), Itacaré (BA), nos arredores do Parque Nacional de Itatiaia (divisa entre Rio e o sul de Minas), Serra da Bocaina, Lages e Bombinhas (SC), Aparados da Serra (RS), Itu e Dourado, ambas em São Paulo.

Os operadores desse tipo de turismo têm duas barreiras para ultrapassar. Uma delas é desvencilhar a cavalgada do hipismo, ou seja, de que é preciso gastar para uma fortuna para ter o hábito de andar a cavalo. "A cavalgada é para quem pode viajar, mas não é para milionário. Por cerca de R$ 200 por dia, o turista tem pousada, refeições, cavalo, guia e seguro", diz Paulo Junqueira Arantes, 54, sócio da Cavalgada Brasil.

A segunda é criar diferentes tipos de cavalgada, que vão além da voltinha em torno da fazenda com bichos calmos e lentos --perfeita e necessária para quem está começando, mas entediante para quem já tem certo currículo.

Os estrangeiros, em geral, gostam de passeios maiores, com até dez dias, sobretudo no Pantanal. Os brasileiros se contentam com os de um dia. E, em ambos os casos, para quem gosta de cavalgar, a hospedagem não é o item que mais importa, mas sim a segurança e a qualidade da travessia e a paisagem avistada.

E esta última temos de sobra, dignas de cinema: como as que servem de cenário em "O Segredo de Brokeback Mountain", de Ang Lee, que concorre ao Oscar deste ano de melhor filme. Não temos a cavalgada no topo das montanhas escarpadas, circundadas de pinheiros salpicados de neve no Canadá (set do filme), mas o Brasil pode se gabar por seus percursos também de tirar o fôlego, como nas terras altas da Mantiqueira.

Cavalgar é conhecer cada um desses lugares de maneira única, com a visão de 1,5 m a 2 m acima do que os nossos olhos humanos proporcionam, atingindo lugares de acesso quase impossível aos nossos pés ou aos veículos por nós inventados, num passeio silencioso e de qualidade rara, que não ataca a mata nem espanta a fauna.

Fonte: Folha de S. Paulo

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