Cheque: como e quando usar?

Editoria: Vininha F. Carvalho 03/02/2006

Num mundo tão moderno, onde cada loja tem a sua “maquininha” que a interliga com a rede bancária de forma rápida e segura, os cartões, tanto o de débito quanto o de crédito, tem sido os preferidos na hora do consumidor pagar suas compras. Mas, mesmo assim, um tanto quanto esquecido e até fora de moda, o velho talão de cheques ainda é o responsável por uma boa partes das dívidas assumidas pelos brasileiros.

Essa modalidade de pagamento surgiu quando as instituições bancárias notaram que muitas pessoas deixavam de consumir por não ter o dinheiro suficiente para a compra à vista. Nesse sentido, o cheque foi um precursor do cartão de crédito, pois com ele, qualquer um pôde adquirir produtos que não faziam parte do seu poder de compra, parcelando e pré-datando as folhas.

Aliás, é interessante lembrar que o cheque pré-datado não existe legalmente. No momento em que se coloca uma data posterior à data da compra para o desconto do cheque, há um acordo informal com o comerciante para que ele respeite a data determinada. Mas isso não quer dizer também que o comerciante pode apresentá-lo antes. Caso isso ocorra e cause prejuízos, cabe inicialmente uma negociação com o próprio vendedor e posteriormente, caso não haja acordo, denúncia a um órgão competente.

Por não trazer a mesma garantia de recebimento de um cartão de crédito, por exemplo, muitos lojistas o dispensam. Atualmente, nenhum estabelecimento comercial é obrigado por lei a aceitá-lo, porém deve colocar em local bem visível o aviso de “Não aceitamos cheques”, a fim de alertar os compradores.

O lojista também tem a obrigação de alertar o consumidor com cartazes do tipo “Não aceitamos cheques de terceiros” ou “Cheques, somente com apresentação de RG” no caso de algum tipo de restrição quanto a sua aceitação.

Conversando com usuários de cheques, pode-se perceber quando se é útil ou não sacar do talão. Ele é bastante utilizado para compras com pagamento pré-datado ou parcelado a fim de escapar dos altos juros e encargos do cartão de crédito, mas perde em preferência para o cartão de débito em compras menores (supermercados, postos de gasolina, etc). Também há facilidade de se controlar gastos, já que no próprio talão há espaços para anotações de valores e datas de compensação. Ao contrário do cartão de crédito, um cheque não apresenta o famigerado “pagamento mínimo”, uma verdadeira tentação para quem está com o orçamento um pouco apertado. Apelar para esse artifício faz com que os juros formem dívidas enormes junto às operadoras.

Transformado numa verdadeira febre e tendo o seu uso alavancado pelo marketing dos bancos, o cheque especial, se bem utilizado, pode ajudar no controle das despesas. Com juros de cerca de 8 % ao mês (menos que os cerca de 12 % dos cartões de créditos), ele serve como última alternativa num momento de necessidade de crédito e é oportuno quando o saldo da sua conta corrente vai ficar negativo por um curto período. No máximo, uma semana.

Para períodos maiores, convêm pesquisar os juros de empresas de Crédito Pessoal, menos prejudiciais ao seu bolso. Vale a pena também ficar atento aos comunicados do seu banco, já que os valores dos juros costumam mudar com uma certa frequência. Se utilizando de vários artifícios, os bancos procuram cada vez mais manter o cliente dependente de sua rede de “benefícios”... e cair nessa armadilha é muito fácil. Basta um pequeno descuido no planejamento financeiro.

Atitudes simples também evitam prejuízos. Nunca ande com cheque (s) assinado (s) na carteira e procure sempre cruzar os cheques, a fim de evitar o saque na boca do caixa do banco por parte de alguém mal intencionado.


Autoria: Cláudio Boriola

Cláudio Boriola Consultor Financeiro, Conferencista, Especialista em Economia Doméstica e Direitos do Consumidor. Fundador e Presidente da Boriola Consultoria empresa criada há mais de doze anos. Autor do livro Paz, Saúde e Crédito - Editora Mundial, batizado por Paulo Henrique Amorim como "A bíblia dos endividados", e do Projeto para inclusão da disciplina "Educação Financeira nas Escolas".

Fonte: Cláudio Boriola