Reciclagem de plástico ajuda a reduzir impacto ambiental

Editoria: Vininha F. Carvalho 03/02/2006

Pesquisa mostra que, apesar de o plástico ser um material difícil de ser reciclado, por conter uma série de contaminantes, há vários processos possíveis de reaproveitamento para esse material.

A utilização de plástico em embalagens de produtos, principalmente, de alimentos, aumentou muito no final do século passado, o que gerou grandes preocupações por parte da sociedade, à medida que a não-reutilização do produto após o consumo pode causar sérios danos ao meio ambiente.

Além disso, a reciclagem do plástico não é tão simples, como mostra estudo realizado por Flávio Forlin e José de Assis Faria, ambos do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Unicamp.

Segundo os pesquisadores, em artigo publicado, na revista Polímeros, a produção de plásticos no ano de 1999, no Brasil, alcançou 3,4 milhões de toneladas.Em 1998, aproximadamente 31% da produção de resina foi destinada para a produção de embalagens plásticas, transformando este setor no mercado mais importante para materiais plásticos no Brasil?, afirmam no artigo.

No entanto, Forlin e Faria explicam que o plástico é um material difícil de se reciclar em função de uma série de fatores. O primeiro deles é a presença de contaminantes como, por exemplo, aço, alumínio, vidro, papel/cartão, tintas e vernizes, que são utilizados nos processos de laminação e conversão de materiais plásticos, bem como os resíduos de alimentos remanescentes na embalagem após o consumo.

Além disso, eles afirmam que "a incompatibilidade de natureza química de determinadas resinas que compõem os diferentes materiais plásticos representa um sério problema na reciclagem". Por isso, quanto mais uniforme for a composição da embalagem plástica, maior será o seu valor de reciclagem, conseqüência da redução das etapas e dos recursos tecnológicos despendidos no processo.

Nesse sentido, os pesquisadores explicam que os resíduos plásticos provenientes do processo de produção industrial são mais uniformes, o que faz com que eles tenham maior valor agregado de reciclagem em relação aos materiais plásticos utilizados em embalagens de alimentos.

Dessa forma, Forlin e Faria ressaltam que as rotas potenciais ou com viabilidade econômica disponíveis para a reciclagem de materiais plásticos podem envolver: a transformação mecânica em novos materiais ou produtos; a recuperação de resinas; a reutilização de embalagens; a transformação energética; e, a degradação ambiental.

A transformação mecânica consiste em submeter o material a processos mecânicos, que moldam o plástico em uma forma diferente da original. O problema desse tipo de processo é que ele requer, segundo os pesquisadores, um fornecimento contínuo de material reciclável, tecnologias apropriadas para os diferentes produtos e um valor de comercialização para os novos produtos que compense os investimentos.

A recuperação de resinas é conhecida como reciclagem química e consiste na reutilização de material plástico na fabricação de novas embalagens de alimentos. Nesse processo, é necessário muito cuidado para que não haja contaminação dos produtos por resíduos. Já a reutilização das embalagens compreende sua recuperação integral após o consumo, para o mesmo fim.

O sistema está associado à embalagem de vidro, onde a retornabilidade (especialmente de garrafas) é tradicionalmente uma rota muito utilizada, observam no artigo. Segundo eles, esse processo tem uma grande viabilidade prática de uso: a embalagem retornável reduz o consumo de matérias-primas virgens e diminui o impacto ambiental.

A reciclagem energética é outra opção viável que se baseia na combustão ou pirólise do material plástico, com conseqüente recuperação da energia liberada. As vantagens desse tipo de reciclagem são, de acordo com Forlin e Faria: reduzir o volume de materiais de embalagem pós-consumo lançados sem destinação racional no meio ambiente ou em aterros sanitários e reduzir a utilização de outras fontes de matérias-primas não renováveis, tradicionalmente utilizadas para obtenção de energia, como é o caso do óleo combustível extraído do refino do petróleo ou a queima de madeira.

No entanto, há necessidade de equipamentos e estrutura adequada, assim como o controle e monitoramento das emissões gasosas, dos resíduos sólidos e das frações decompostas na degradação térmica.

Por último, os conceitos de degradabilidade ambiental devem ser levados em consideração no desenvolvimento de novos materiais e de embalagens plásticas, no intuito de acelerar o processo de decomposição do plástico, como, por exemplo, a incorporação de elementos na estrutura da embalagem que promovam processos de fotodegradação.

E não é só isso. Para os pesquisadores, programas integrados de fomento à reciclagem devem considerar incentivos aos sistemas de coleta seletiva, isenção de tarifas e impostos na comercialização de produtos reciclados e sanções legais aos agentes ou ações que comprometam o sistema, sob o ponto de vista social, técnico e sanitário-ambiental.

Fonte: Agência Notisa