Roteiros do Sabor Brasileiro registra diversidade do Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 29/11/2005

No Necos Bar, de seu Nequinho e Raquel, em Lençóis, entrada da Chapada Diamantina na Bahia, o visitante pode conhecer delícias da cozinha do garimpo como o Godó de Banana, uma mistura de banana dágua ou nanica com carne seca. No extremo sul, em Gramado, Rio de Grande do Sul, ele vai saborear as receitas dos imigrantes alemães com direito a visitar propriedades rurais da região. Toda a diversidade cultural do País está registrada nas 320 páginas do Roteiros do Sabor Brasileiro - Turismo Gastronômico, lançado na segunda-feira (21/11), no Rio de Janeiro.

O autor do livro, Chico Júnior, se define como jornalista, cozinheiro e viajante. Do resultado desta vivência, ele concebeu a idéia de fazer este livro inédito que reúne personagens, conta estórias dos lugares, do processo de fabricação de inúmeros produtos, dando dicas que vão muito além dos melhores restaurantes de cada cidade ou região. O turista tem a chance de saber quais são as propriedades que recebem visitas e onde pode ver de perto fabricação de queijos, de cachaça ou plantio de especiarias.

"Não é um guia de viagem que tem apenas serviço. Não é o caso da minha obra. Vejo o livro como um potencial de informações variadas para mostrar como a nossa cultura e tradições culturais são diversificadas", diz ele. O autor conta que mesmo depois de tantos anos de experiência na área, ainda ficou surpreso, com os vinhos do Vale do São Francisco, a perícia das doceiras de Pelotas, RS, e a cozinha do Norte do País que misturou a herança negra, indígena e portuguesa e que ainda hoje registra pouquíssimas influências externas.

Eles destaca os pratos à base de lagosta que ele encontrou em Icapuí. "Esta pequenina cidade do Ceará tem um projeto sofisticado de manejo para manter a qualidade e a quantidade das lagostas", diz.

O projeto que levou dois anos para ser concluído entre pesquisas e redação, foi totalmente patrocinado pelo Sebrae. No lançamento do livro, o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barboza, chamou a atenção dos presentes para a importância dessa iniciativa. "A criatividade, a arte e o sabor registrados representam o que este País tem de mais rico que é o povo brasileiro. Nosso propósito ao promover a gastronomia é o de fortalecer os pequenos negócios. O turismo gastronômico é importante e deve ser adotado pelas agências de turismo", defendeu.

O livro que aborda a gatronomia de 16 destinos turísticos brasileiros e ganhou uma tiragem inicial de 3 mil exemplares já deu frutos. O diretor-superintendente do Sebrae no Rio de Janeiro, Sérgio Malta, anunciou o projeto de registrar as peculiaridades do Estado. "A preservação do patrimônio cultural e o estímulo na descoberta de novas rotas para o turismo passa pela gastronomia".

No coquetel de lançamento, os participantes puderam apreciar uma pequena amostra de símbolos gastronômicos de vários lugares do País como o bolo de rolo de Pernambuco, queijo do Serro, de Minas, bolinho de estudante da Bahia. Os convidados faziam fila para provar os sabores inusitados.

Dois personagens do livro foram especialmente convidados. Dona Maria do Carmo dos Santos, considerada como a que melhor prepara o Tacacá em Belém estava atarefada e surpresa com a quantidade de pessoas interessadas em provar esta mistura que inclui goma de mandioca, camarão e jambu, uma planta que adormece os lábios. "Escutei tantos elogios e ainda estou orgulhosa demais por ver o meu nome no livro. Nunca pensei que isso pudesse acontecer", diz ela que vende sua iguaria nas ruas de Belém, no Pará.

Já Luiz Alberto Barbosa ficou responsável pelo sururu no leite de coco. O único prato tipicamente alagoano, avisa ele, representa bem esta mobilidade brasileira. Carioca de Vila Isabel ele se mudou para Maceió há 16 anos onde administra o restaurante Canto da Boca. "A riqueza e a diversidade dos produtos brasileiros dão à imaginação a chance de voar sem limites", resume.



Fonte: Agência Sebrae de Notícias