Editoria: Vininha F. Carvalho 20/10/2005
Os hotéis da capital paulista pagam os melhores salários no segmento nacional. O dado foi confirmado por pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, entre agosto e setembro deste ano. Encomendado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), o estudo traçou um quadro sobre os salários pagos em 275 empreendimentos de 24 operadoras.
Em 11 regiões (capital e interior de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, capital e interior do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, interior do Rio Grande do Sul, interior do Paraná, Vitória e região Nordeste), foram pesquisados 140 cargos em hotéis de quatro categorias: luxo, midscale, econômica e resorts. Além disso, incluiu cargos corporativos (profissionais que não ficam no hotel, mas nas sedes administrativas), como diretores.
"Não existia nenhuma pesquisa no Brasil sobre isso, apenas dados informais que não bastavam para orientar o segmento", aponta Abel Alves de Castro Junior, diretor executivo do Fohb.
Na ordem dos salários mais altos, está Brasília e interior de São Paulo, e os salários menores são pagos no Nordeste. A surpresa, segundo o diretor, foi com os dados da região Sul. No cargo de recepcionista bilíngüe pleno, por exemplo, o salário médio em São Paulo está 16% acima da média nacional. O pior resultado foi encontrado no Nordeste, cuja remuneração média para esse cargo fica 27% abaixo da média nacional. Neste mesmo cargo, a média em Porto Alegre é de 19% a menos que a média nacional e 30% abaixo da remuneração média na capital paulista. Em Curitiba a média está 3% abaixo do geral.
"A expectativa não era que a região Sul tivesse um valor como São Paulo, mas que acompanhasse a média nacional", diz. "Os dados podem estar ligados ao custo de vida, mas somente este fator não explicaria o resultado". Conforme Castro, as pessoas que estão em cargos operacionais na região Nordeste muitas vezes migraram de outras áreas para a hoteleira: daí a baixa especialização que se reflete nos salários. "Não há uma grande oferta de profissionais especializados, diferente na região Sudeste e do que se imaginava da região Sul".
Os salários gerenciais dos resorts se comparam aos salários de hotéis de luxo. "Resorts têm operações complexas, se comparados aos hotéis econômicos, que muitas vezes não têm restaurante", exemplifica. "Além disso, no Brasil, a maioria desses estabelecimentos é de luxo; não temos o que se pode chamar de resort econômico".
Dos hotéis pesquisados, 12% são da região Nordeste, sendo 24 hotéis urbanos e 12 resorts. "Os resorts elevam a média da região nos níveis gerenciais, mas puxam para baixo nos cargos operacionais", aponta.
Apesar de os salários corporativos serem maiores que os operacionais, a consultoria aponta que hotelaria tem folha inferior a setores como comércio e indústria. "Um diretor de marketing de hotelaria ganha menos do que um diretor de marketing de indústria", compara Castro. Também dentro de uma mesma operadora os salários variam conforme a localização geográfica.