Educação, conscientização e mobilização para salvar a água.

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/07/2005

Existe um verso de uma canção popular que, com certeza, em algum momento da nossa infância já cantamos ou ouvimos alguém cantar. Diz assim: "fui à fonte do tororó beber água e não achei..." Sem saber, estávamos fazendo uma previsão de uma realidade não muito distante de nós. Um grande fantasma que, infelizmente, ainda não assusta muitas pessoas.

No ano passado vivemos um período crítico de racionamento de energia por causa dos baixos níveis dos reservatórios das usinas. A campanha do governo destacou somente a economia de energia, quando deveria ser também enfatizada a economia de água. Afinal é a água que, principalmente, gera energia no Brasil. Não adianta nada apagar a luz e deixar a torneira aberta.

Ainda assim continuamos vendo as pessoas lavando seus carros com mangueira, "varrendo" as calçadas com água, tomando banho demorado, escovando os dentes e fazendo barba com a torneira aberta... O brasileiro ainda insiste em desperdiçar água.

A água, sua produção, preservação, proteção e uso racional são temas ambientais dos mais importantes nos dias de hoje. Precisam ser discutidos em todos os níveis da sociedade, por pessoas de todas as idades. Mobilização social. Esta é a chave para a solução do desperdício. Mobilizar pessoas, grupos, organizações, segmentos da população para que saiam da estagnação e criem – através da educação e conscientização – um ideal coletivo de uso racional da água.

A Rede CTA-JMA desempenha um papel fundamental nesta mobilização com um conceito novo: o das commodities ambientais. Recentemente, em Niterói, participei do Curso de Commodities Ambientais realizado, também, pelo Projeto CTA (Parceria Comunidade-Comunicação-CTA*). Esta nova forma de ver a cadeia de produção ainda está sendo discutida, mas já se percebe que ele passa justamente por esta mobilização social.

As commodities ambientais são as mercadorias que são originadas de recursos naturais em condições sustentáveis e constituem os insumos vitais para a indústria e a agricultura. A água talvez seja a principal delas. Sem a água não há vida, não há cadeia produtiva. Por isso o ideal de produção sustentável passa pela educação e conscientização de toda a sociedade, para que ela passe a tratar a água como uma "commodity ambiental".

Amyra El Khalili diz no seu texto O potencial do novo Mercado de Commodities Ambientais que "a água pode ser tratada como uma commodity ambiental ... se houver a participação da sociedade na manutenção, destinação, administração e principalmente na comercialização, de acordo com leis claramente estabelecidas."

Para atingirmos este nível, a sociedade precisa ser mobilizada. Paralelamente a este trabalho de disseminação e envolvimento com o conceito de commodities ambientais, deve-se também realizar ações mais "básicas", mais simples de serem entendidas por grande parte da população. Desta maneira pode se chegar a uma assimilação mais rápida de conceitos, temas, idéias e propostas.

É aí que entram as ações pontuais de educação (palestras, jogos, peças teatrais etc) visando as crianças, pois nada melhor que começar um projeto educacional por elas. Criando uma sensibilização desde cedo, no futuro teremos uma geração de adultos muito mais conscientes dos problemas ambientais e, quem sabe, resolvendo-os de vez. E além do mais as crianças têm um alto poder de convencimento perante os adultos.

Outro público importante a ser conscientizado e educado (cursos, palestras, treinamento etc) é o proprietário rural que é responsável pela água em sua propriedade. Responsável pela quantidade e qualidade da água que entra e sai de suas terras. Poluindo ou diminuindo a quantidade ele estará não só se prejudicando – podendo sofrer perdas e redução da produtividade – mas também a todos que se utilizam da água no decorrer de seu caminho, chegando até mesmo às cidades.

Voltando a Amyra e seu texto O potencial do novo Mercado de Commodities Ambientais, ela diz que "o desenvolvimento desse novo mercado tem como objetivo conscientizar... sobre a importância de criar condições para uma economia justa, socialmente digna e politicamente participativa e integrada." Se todas as pessoas preocupadas com a vida do planeta e dos homens se mobilizarem, rapidamente atingiremos este objetivo. Basta sair do imobilismo.


Autoria: Marco Túlio Motta - Formado em Comunicação Social, tem experiência no planejamento, desenvolvimento e execução de projetos e ações de marketing, voltados para a área de varejo, indústria e meio ambiente.

Fonte: Marco Túlio Motta