Greenpeace pede a Lula postura firme a favor do Protocolo de Kyoto

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/07/2005

Os movimentos ambientalistas esperam que o Brasil assuma posição de liderança nas discussões sobre mudanças climáticas – um dos temas prioritários da reunião do G8, que acontece até sexta-feira (8/7) em Gleneagles, na Escócia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa como convidado do encontro entre líderes dos sete países mais ricos do mundo e da Rússia.

"O Brasil é o quarto maior emissor do mundo de gases causadores do efeito estufa graças aos nossos altos índices de desmatamento. Isto faz com que o país tenha uma grande responsabilidade pela solução da questão de mudanças climáticas no planeta", avalia Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil.

"Uma grande preocupação que temos é que esta reunião não fique no discurso vazio. A população está cansada de ouvir discurso e quer ver ações concretas, com prazos, metas e recursos definidos", resume.

Na última sexta-feira, o Greenpeace enviou carta ao presidente Lula solicitando que se junte às autoridades do G8 para incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa e pressionar os Estados Unidos para que implementem medidas de combate às mudanças climáticas (os EUA recusam-se a assinar o Protocolo de Kyoto único acordo mundial que torna obrigatório a adoção de políticas e metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa).

Segundo Furtado, outras organizações internacionais também estariam encaminhando solicitações semelhantes ao presidente.

A indústria, a produção de energia e o transporte queimam grandes quantidades de petróleo, carvão mineral e gás natural gerando anualmente bilhões de toneladas de gás carbônico, que são lançadas à atmosfera, alterando o seu equilíbrio.

As alterações na composição química da atmosfera se manifestam no mundo todo em fenômenos como secas, enchentes, maior intensidade de ciclones tropicais com aumento dos riscos para a vida, propriedade e ecossistemas, maior incidência de doenças como a malária, febre amarela e cólera, perda da biodiversidade, queda na produção de grãos e conseqüente redução na segurança alimentar, etc...

Na avaliação dos ambientalistas, é essencial que os países do G8 assumam sua responsabilidade no aquecimento global do planeta, estabelecendo metas adicionais para redução de emissões de gases causadores do efeito estufa e apoiando os países em desenvolvimento na busca por soluções.

"O G8 pode apoiar com recursos e com tecnologia, até que os países em desenvolvimento deixem de ser parte do problema e se juntem ao grupo que é parte das soluções, até que a gente consiga gerar empregos, proteger o meio ambiente e garantir o futuro das gerações que estão por vir", acredita Furtado.

"A presença do presidente Lula é muito importante, para cobrar dos países ricos que façam a lição de casa e financiem os países em desenvolvimento a encontrar soluções para o problema", afirma, destacando o potencial brasileiro para geração de energias renováveis.

Furtado acredita, inclusive, que o Brasil poderá liderar a discussão sobre soluções para o problema de mudanças climáticas entre os países em desenvolvimento, também participam como convidados, na reunião ampliada sobre Mudanças Climáticas, China, Índia, México e África do Sul. Mas os ambientalistas também esperam que Lula apresente soluções para a questão do desmatamento.

"Esperamos que o Brasil assuma a responsabilidade de lidar com a questão do desmatamento na Amazônia, que afeta o país e contribui para o problema de mudança climática no mundo. É fundamental que o presidente Lula chegue à reunião do G8 podendo garantir que não vamos mais ter índices vergonhosos", enfatiza o diretor do Greenpeace.

Fonte: Agência Brasil